Mãe pede atenção de plano de saúde para retornar ao Recife

A família do bebê Pedro Antônio aponta que o plano de saúde Hapvida se nega a custear o retorno para o Recife por UTI aérea, única forma recomendada pela equipe médica

ter, 13/12/2022 - 20:34
Arquivo pessoal O bebê Pedro Antônio, de 10 meses Arquivo pessoal

O bebê Pedro Antônio, de 11 meses de idade, foi para Fortaleza (CE) ainda na barriga da mãe, que é recifense, por ter vários problemas de saúde detectados durante a gestação. Karmile Silva, de 40 anos, teve que ir para a capital do Ceará em janeiro deste ano às pressas para cuidar da saúde do filho. No entanto, a criança e a família precisam voltar para Recife em UTI aérea, mas o plano de saúde não quer custear, segundo relatos da mãe, que usou as redes sociais para fazer um apelo e pedir atenção da empresa.

Ao LeiaJá, Karmile Silva relatou que o plano de saúde do bebê, Hapvida, detectou a gravidade do parto e a necessidade do tratamento de Pedro Antônio com especialistas antes dele nascer, e custeou a viagem e hospedagem para ela e o marido, Geraldo Nogueira, de 39 anos, irem para Fortaleza cuidar de Pedro Antônio. Para Karmile, a grande questão é que a família precisa voltar para Recife, cidade onde residem e têm os seus respectivos empregos, depois de ter passado oito meses na UTI, ter passado por quatro cirurgias e todo o parto e internamento do bebê na enfermaria. 

Ainda de acordo com a mãe, Pedro Antônio já está liberado pela equipe médica do Hapvida de Fortaleza para viajar, mas só permite a viagem dele de UTI aérea, e não terrestre, que dura 14 horas de viagem, pois ele não aguentaria, mas o plano de saúde não quer autorizar o transporte aéreo. “No dia 20 de janeiro eu vim para Fortaleza, já vai fazer um ano. Eu pedi a mudança de endereço [de Fortaleza para Recife] porque ele ainda faz o uso do Bipap, que é uma ventilação mecânica para ajudar na respiração, e precisa de aparelho. Além disso, o Bipap não vai no avião normal, então, ele tem que ir de UTI aérea e o Hapvida não se pronuncia, não me dá uma resposta”, revelou Karmile. 

Ela também afirmou ter solicitado ao plano de saúde uma resposta documentada, mas se negaram. “A resposta só foi dada verbalmente, não quiseram me dar formalmente. O diretor não queria aceitar a minha solicitação [da UTI aérea], inclusive, eu tive que fazer a assistente social assinar a solicitação porque ele não quis assinar, aí a assistente social assinou porque eu disse que alguém da instituição teria que assinar”, apontou. 

Ela detalhou, ainda, que se Pedro Antônio tivesse condições de viajar 14 horas de UTI, já estaria no Recife, mas a saúde dele não aguenta. “Até os médicos daqui já deram um laudo dizendo que não é recomendado que ele vá de UTI terrestre, só recomendam aérea”.

A família do pequeno Pedro Antônio só pede respeito. “Viemos fazer o tratamento, mas não tem condições desse menino viajar por 14 horas. Todo mundo vê isso, até os médicos não assinam para ele ir de transporte terrestre de jeito nenhum. Eu acho que o plano tem que se pronunciar. Não é questão de médicos, é questão de plano de saúde e eles não se pronunciam. Já colocamos na Justiça, mas estamos aguardando. É muito tempo aqui, muito desgaste. A questão financeira também pesa bastante”, apontou.

Karmile relatou à reportagem todo o processo que a levou à Fortaleza e que, inclusive, não teve nenhum problema com o Hapvida. “Fiz todo o meu pré-natal no Recife. No início de janeiro, numa consulta, a médica disse que o caso era grave e não tinha atendimento no Recife e eu teria que viajar urgentemente para Fortaleza. O Hapvida comprou minhas passagens e mandou. Eles alegaram que só seriam 60 dias de tratamento, mas meu filho teve complicações. Foi UTI, muita complicação, pegou várias bactérias, ficou entubado por quatro meses. Ele morreu e viveu várias vezes. Foram várias paradas e graças a Deus hoje ele tá muito bem, faz uso do Bipap porque é traqueostomizado”, disse. “Preciso ir para casa de UTI aérea onde vou ter mais segurança, mas infelizmente o Hapvida se nega a disponibilizar esse recurso”, reforçou, na publicação que pede atenção do plano de saúde. 

 

Rede de apoio

Recife, além de ser a cidade que os pais de Pedro Antônio residem e trabalham, é onde eles têm a rede de apoio da família, que permitirá com que eles voltem a trabalhar normalmente para que possam manter os custos do tratamento. “Precisamos retornar, trabalhar. A gente tem vida. Não podemos ficar aqui. Ele tá na enfermaria aqui e vai ficar no hospital no Recife, mas não tem problema, pelo menos a gente tem a família como apoio. A gente só quer o básico, apenas isso”, salientou. 

Para ficar em Fortaleza cuidando do filho, Karmile conseguiu tirar várias licenças no trabalho, que se encerra no dia 30 deste mês. “Depois disso, não sei como vou fazer se ainda estivermos aqui porque eu não posso mais tirar licença para cuidar dele. Já tirei todas. O meu esposo também trabalha no Recife, mas a empresa tem uma filial aqui em Fortaleza e o chefe permitiu que ele trabalhasse daqui enquanto o filho estivesse na UTI, mas saiu da UTI em outubro e precisamos voltar”. 

A reportagem do LeiaJá entrou em contato com o plano de saúde e aguarda resposta. 

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