Parada LGBTQ+ no Recife abre com chuva, brega e arte drag

Organizado pelo Fórum LGBT de Pernambuco, evento teve policiamento reforçado e alteração no trânsito

por Vitória Silva dom, 17/09/2023 - 12:51
Júlio Santos/LeiaJá 22ª edição da Parada da Diversidade de Pernambuco Júlio Santos/LeiaJá

Apesar do dia ter começado com tempo nublado e pancadas de chuva no Recife, neste domingo (17), o público não se intimidou e lotou a área externa do Parque Dona Lindu, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da capital, para a 22ª edição da Parada da Diversidade de Pernambuco. A expectativa do Fórum LGBT de Pernambuco, que organiza o evento, é de que 800 mil pessoas compareçam à parada, mas a chuva pode alterar os planos da organização. A última edição reuniu cerca de 500 mil apoiadores.

Vendedores ambulantes e público chegaram por volta das 8h, para a concentração, que começou a ganhar mais volume a partir das 9h30.

O set do DJ Lucas Estevão foi o primeiro a aquecer o palco, que também recebeu as performances drags de Mirella Calypso, Lilian Fontinelly, Marcelly Trentine e Zafira Nibool. Levando a representatividade LGBTQIA+ ao brega, o cantor Victor Moury fez uma apresentação curta com seu balé.

Uma das atrações mais aclamadas do ”esquenta” do evento foi a atriz e cantora Sharlene Esse, a primeira “dama trans” do teatro pernambucano e performer há mais de 40 anos.

A coordenadora do Fórum LGBT e idealizadora do evento, Chopely Santos, detalhou o processo de montagem da parada e a captação de recursos. “A gente começa a desenhar a parada em março, quando acaba o carnaval. Já temos 22 anos de estrada, a parada é patrimônio imaterial e cultural da cidade, e tudo isso ajuda o andamento. O negócio realmente é ir atrás dos investimentos. Quando a gestão era simultânea, claro que o diálogo fluía mais rápido e agora foi preciso iniciar um novo diálogo, um novo relacionamento, que acontece através da vice-governadora Priscila Krause, que se mostrou muito aberta, e também com o secretário Daniel Coelho, que sempre nos acompanhou”, disse a ativista.

A Parada da Diversidade pernambucana é financiada de modo integralmente público, diferente das paradas de Belo Horizonte e da cidade de São Paulo, que recebem patrocínio quase que inteiramente privado. Entre as dificuldades para colocar a edição no ar, estão a logística e também a segurança.

"As dificuldades sempre giram em torno da logística. É colocar na rua uma parada que é organizada pelo movimento social, não pelo empresariado, como acontece em São Paulo. A gente falta recursos e precisa de 100% do apoio da prefeitura e do Governo do Estado e tudo isso é uma articulação política que as 23 organizações do Fórum LGBT fazem para que a festa aconteça em setembro", completou Chopely.

Segurança e policiamento

Este ano, organizações tradicionais da luta LGBTQIA+ de Pernambuco, como o Instituto Papai, a ONG Leões do Norte – que fundou a parada em 2002 – e o Clube Metrópole, decidiram não levar seus trios à 22ª edição do evento. Os representantes se queixaram da segurança nas últimas edições e pediram que o Fórum se posicionasse com mais firmeza ao fazer exigências ao Governo Raquel Lyra. Nas edições passadas, o fim do evento foi marcado por episódios de violência, tensão e arrastões.

Para tentar amenizar o problema, o Governo de Pernambuco se reuniu com as lideranças, junto às forças de segurança, para esquematizar o plano de acompanhamento da parada. Na sexta-feira (15), o Corpo de Bombeiros, a PM, a CTTU e a Diretoria Executiva de Controle Urbano do Recife (Dircon) realizaram vistoria no Parque Dona Lindu, para mapear a distribuição de efetivo e pontos estratégicos.

“A gente reforçou muito o pedido de segurança. Esse ano a gente conseguiu coisas bem além do ano passado, temos os postos e caminhões da Polícia Militar em cada trio. Tivemos um diálogo muito bom com a Secretaria de Defesa Social para proteger nosso público. Mas, como em todo grande evento em Pernambuco, a gente vai encontrar pessoas do bem e do mal. A questão não é a Parada da Diversidade”, acrescentou Chopely Santos.

Operação da PMPE

A PMPE está presente da Parada da Diversidade de Pernambuco com as equipes do Batalhão de Radiopatrulha, Cavalaria, BPTran, CIPMoto e do Serviço de Inteligência, além do Grupamento Tático Aéreo (GTA), da SDS. O efetivo vai trabalhar em parceria com o Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, SAMU, Prefeitura do Recife e outros órgãos.

O trabalho da PMPE será coordenado por dois postos de comando, sendo um no Parque Dona Lindu e o outro na altura da Padaria Boa Viagem. Os 12 trios elétricos programados pela organização do evento terão acompanhamento a pé de patrulhas, que contarão também com apoio de quatro plataformas elevadas, instaladas no Acaiaca, Hotel Gran Mercuri, Pracinha de Boa Viagem e Hotel Atlante Plaza. A faixa de areia também contará com a presença de policiais fazendo o acompanhamento. Os corredores de acesso como a Avenida Conselheiro Aguiar e Domingos Ferreira, assim como as paradas de ônibus, terão a presença de viaturas em movimento.

A PMPE recomenda que os participantes do evento, ao notarem alguma movimentação estranha aos objetivos da Parada, procurem os policiais mais próximos.

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