EUA condenam ataque a embaixada cubana em Washington

A embaixadora cubana nos Estados Unidos, Lianys Torres Rivera, disse nesta segunda na rede X que foi dado acesso às autoridades americanas 'para coletar amostras dos coquetéis molotov'

ter, 26/09/2023 - 06:55
Yamil Lage O ministro cubano Bruno Rodríguez fala durante entrevista coletiva em 13 de setembro de 2023, em Havana Yamil Lage

Os Estados Unidos condenaram "duramente" nesta segunda-feira (25) o ataque contra a embaixada de Cuba em Washington e se comprometeram a realizar "uma investigação apropriada" sobre o ocorrido.

"O ódio lançou na noite de ontem, outra vez, um ataque terrorista contra nossa Embaixada em Washington, em um ato de violência e de impotência que poderia custar vidas valiosas", escreveu o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, em seu perfil na rede social X (antigo Twitter).

O chanceler Bruno Rodríguez havia informado durante a noite de domingo nessa mesma rede social que a embaixada de Cuba tinha sido alvo de um "ataque terrorista de um indivíduo que lançou dois coquetéis molotov", mas esclareceu que os funcionários da legação diplomática não ficaram feridos.

O governo do presidente americano Joe Biden, que mantém uma relação tensa com Cuba, "condena duramente o ataque reportado", afirmou, nesta segunda-feira (25), Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, em um comunicado.

"Os ataques contra instalações diplomáticas são inaceitáveis", disse.

Sullivan detalhou que o governo americano está "em contato com funcionários da embaixada cubana e autoridades encarregadas do cumprimento da lei para garantir uma investigação apropriada e oportuna", bem como para oferecer "apoio para futuros esforços de segurança".

A embaixadora cubana nos Estados Unidos, Lianys Torres Rivera, disse nesta segunda na rede X que foi dado acesso às autoridades americanas "para coletar amostras dos coquetéis molotov".

Washington reconhece que a segurança das embaixadas faz parte de suas "obrigações segundo as Convenções de Viena" e "está comprometido com a segurança das instalações diplomáticas e dos diplomatas que trabalham nelas", declarou aos jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

- 'Segundo ataque' -

O chanceler Rodríguez reiterou que se trata do "segundo ataque violento contra a sede diplomática em Washington", acrescentou o chanceler, em uma referência a outro incidente ocorrido em abril de 2020, quando um homem atirou contra a embaixada de Cuba na capital americana.

O México solidarizou-se com Cuba ao pedir "uma investigação aprofundada e que os responsáveis sejam levados à Justiça", segundo um comunicado de seu Ministério das Relações Exteriores.

O ataque de domingo aconteceu poucas horas após o retorno do presidente Miguel Díaz-Canel a Havana. O chefe de Estado passou a semana em Nova York, onde participou da Assembleia Geral das Nações Unidas e de outras atividades com simpatizantes de Cuba nos Estados Unidos.

Em Nova York também foram organizadas manifestações de cubanos que moram nos Estados Unidos contra a presença de Díaz-Canel na Assembleia da ONU.

"Os grupos anticubanos recorrem ao terrorismo ao sentirem impunidade, algo sobre o qual #Cuba tem alertado as autoridades americanas reiteradamente", afirmou Rodríguez na rede X.

Após a agressão de abril de 2020, as autoridades americanas prenderam Alexander Alazo, de 42 anos e morador do Texas, acusado de "ataque com intenção de matar".

- Tensões -

Contudo, "após três anos, o responsável ainda espera julgamento e o governo dos Estados Unidos se recusou a qualificar o ato como terrorismo", disse a chancelaria cubana em um comunicado nesta segunda.

Ao chegar à Casa Branca em janeiro de 2021, o presidente americano prometeu revisar a política para Cuba, mas mudou de opinião após as manifestações antigovernamentais de julho daquele mesmo ano na ilha, que terminaram com uma morte e dezenas de feridos, e depois das quais centenas de manifestantes continuam presos.

Antes de deixar o poder em 2021, seu antecessor Donald Trump recolocou Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo e depois a incluíram em outro grupo de nações que não respeitam a liberdade religiosa.

Atualmente, uma normalização dos laços com a ilha comunista - sob embargo americano desde 1962 - não parece estar na agenda de Biden, apesar de algumas medidas no âmbito migratório e da suspensão de certas restrições de viagens e para o envio de remessas.

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