Rússia dispara mais de 150 mísseis e provoca 16 mortes

As Forças Armadas russas lançaram primeiro um ataque com drones e depois com mísseis

sex, 29/12/2023 - 09:39
SERGEI CHUZAVKOV Especialistas em bombas trabalham em edifício atingido em Kiev em 29 de dezembro de 2023 SERGEI CHUZAVKOV

A Rússia disparou nesta sexta-feira (29) mais de 150 mísseis e drones contra várias cidades da Ucrânia, incluindo a capital Kiev, e provocou ao menos 16 mortes, em um dos ataques aéreos mais importantes em "muito tempo".

"O inimigo utilizou 158 meios de ataque aéreo contra a Ucrânia durante a noite passada, tanto mísseis de tipos diferentes como drones", indicou a Força Aérea ucraniana no Telegram, onde afirmou ter interceptado 114 desses mísseis e drones.

O governo ucraniano indicou ao menos 16 mortos e dezenas de feridos.

"Esta manhã, 150 mísseis e drones atacaram pacíficas cidades ucranianas. Sabemos que houve 16 mortos e 97 feridos", incluindo duas crianças de 6 e 8 anos, anunciou o procurador-geral ucraniano, Andrii Kostin.

"Há mortos por mísseis russos lançados contra instalações civis e edifícios civis", denunciou Andrii Yermak, chefe do gabinete presidencial ucraniano.

"Hoje, a Rússia utilizou quase todos os tipos de armas de seu arsenal", disse Zelensky na rede X (ex-Twitter).

As Forças Armadas russas lançaram primeiro um ataque com drones e depois com mísseis, disse Yuri Ignat, porta-voz da Força Aérea.

O ataque ocorreu três dias depois de Moscou ter reconhecido que o navio "Novocherkassk" foi danificado na terça-feira, devido a um bombardeio ucraniano em Feodosia, na península anexada da Crimeia.

Esta semana ficou também marcada pelo anúncio do Exército ucraniano de uma retirada para os subúrbios de Marinka, cidade no leste do país, onde o Exército russo afirma ter conquistado.

Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira o desembolso de 250 milhões de dólares (1,2 bilhão de reais na cotação atual) em ajuda militar à Ucrânia, o mais recente pacote de apoio disponível ao governo sem a aprovação do Congresso.

"Fazemos tudo o que podemos para reforçar o nosso escudo aéreo, mas o mundo deve ver que precisamos de mais ajuda e meios para deter este terror", acrescentou Yermak no Telegram.

A embaixadora dos Estados Unidos em Kiev, Bridget Brink, reforçou o pedido, afirmando nesta sexta que a Ucrânia precisa "dos fundos de ajuda neste momento". Nesse sentido, pressionou para que o Congresso americano valide o pacote anunciado pelo Executivo americano.

"A Ucrânia precisa de fundos de ajuda neste momento para continuar lutando pela liberdade e ante tanto horror em 2024", disse Brink na rede social X, poucas horas depois dos bombardeios russos.

Os atentados de sexta-feira ilustram "a horrível realidade" vivida pelos ucranianos, disse no X a coordenadora humanitária da ONU para a Ucrânia, Denise Brown, que denunciou "uma onda de ataques cheios de ódio".

O governo francês condenou, por sua vez, a "estratégia de terror" da Rússia.

- Maternidade atingida -

Durante as primeiras horas de quinta para sexta-feira, os prefeitos de Lviv (oeste) e Kharkiv (nordeste) relataram bombardeios noturnos contra suas cidades.

Os jornalistas da AFP também ouviram fortes explosões no início da manhã em Kiev. Em um bairro do norte da capital ucraniana, um hangar de 3.000 m2 pegou fogo, e houve "muitos feridos", segundo o chefe da administração militar da capital, Sergei Popko.

Segundo o presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, sete pessoas "estão atualmente internadas em um hospital", e uma estação de metro usada como abrigo antiaéreo foi danificada.

Os bombardeios também afetaram as localidades de Dnipro (leste) e Odessa (sul), segundo as autoridades locais.

O Ministério da Saúde indicou que uma maternidade "foi muito danificada" em Dnipro, onde o prefeito relatou mortos e feridos.

Em Odessa, um prédio pegou fogo após ser atingido pelos restos de um drone abatido.

As autoridades locais indicaram que houve um morto e três feridos em Lviv, uma cidade muito distante do "front" e onde os ataques têm sido muito raros nos últimos meses.

Iniciada em junho, a contraofensiva ucraniana fracassou, e o Exército de Kiev não fez avanços territoriais ao longo de 2023, quando não houve mudanças significativas na frente de batalha.

Em uma entrevista ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung, o general alemão Christian Freuding, que supervisiona o apoio à Ucrânia por parte do Exército de seu país, reconheceu que a Rússia demonstrou "uma capacidade de resistência" maior do que a prevista pelos países ocidentais no início da guerra, em fevereiro de 2022.

Segundo Freuding, o Exército russo sofreu perdas "enormes", de cerca de 315 mil soldados mortos ou feridos, conforme uma estimativa dos serviços de Inteligência americanos, divulgada em 12 de dezembro e que este general alemão considerou verdadeira.

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