Políticos afirmam que rótulos ideológicos estão vencidos

Para alguns deputados as doutrinas partidárias são confusas em virtude der existir 32 partidos no Brasil

por Élida Maria qua, 09/10/2013 - 14:47
Divulgação/Assembleia Legislativa de Pernambuco Borges defende a existência das ideologias em virtude de seus valores Divulgação/Assembleia Legislativa de Pernambuco

A falta de identificação das ideologias partidárias reveladas pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), nesta quarta-feira (9), foi comentada por deputados estaduais por Pernambuco. Elencando justificativas, os políticos apontaram o crescimento dos números de partidos, a falta de lembrança dos eleitores e ainda, o vencimento dos rótulos partidários.

Segundo o deputado estadual Sílvio Costa Filho (PTB), um dos principais problemas da sociedade em relação à identificação das doutrinas partidárias é a quantidade de legendas no Brasil. “Nós identificamos a preocupação do grande número de partido que há no Brasil. Hoje são 32 e vimos que a cada dia a população está mais distante da agenda legislativa nacional, dos estados e dos municípios, ou seja, há uma preocupação porque 72% dos eleitores que votaram em 2010, não lembram mais em quem votaram. Então, você não pode ter uma representação forte”, argumentou.

O petebista citou ainda o fato das pessoas escolherem atualmente seus candidatos muito mais pela pessoa de que pelo partido. Fora isso, o deputado criticou o comportamento das siglas no país. “Infelizmente os partidos políticos no Brasil discutem muito mais a próxima eleição no lugar de estar discutindo permanentemente educação, saúde e segurança. Quando tivermos partidos que debatam os temas e ouçam a sociedade, a população vai passar a dar mais credibilidade aos partidos”, disparou Costa.

Para o líder da oposição na Assembleia Legislativa, deputado Daniel Coelho (PSDB), é necessário que haja uma identificação nos partidos para que a população saiba definir suas ideias, fato não existente em virtude da polarização das legendas. “Vimos que partidos tidos como de esquerda assumiram o governo e esse debate de esquerda e de direita é um debate vencido no país”, avalia.

Assim como Sílvio Costa, o tucano relembra o número de siglas partidárias como outro fator complicador para distinção. “Temos 32 partidos e essa salada é a grande dificuldade. A maioria tem origem de esquerda, mas na prática isso faz com que as pessoas fiquem confusas”, opinou.

Diferente dos dois parlamentares, o líder do governo na Casa Joaquim Nabuco, deputado Waldemar Borges (PSB), defende a existência da ideologia, porém, ligada a valores. “Eu acho que ideologia continua existindo, porque isso é um conjunto de valores que se tem, como por exemplo, ter na democracia um valor universal, ter na elevação e universalização da qualidade dos serviços públicos a prestação dos serviços, ter na postura de respeito da coisa pública outro valor”, justificou.

Mesmo afirmando a existência das ideologias, Borges explica que as doutrinas não representam rótulos, como nos tempos da Ditadura Militar. “A ideologia não pode ser reduzido a estes rótulos, isso é meio simplista. Agora, o conjunto de valores determinam a colocação ideológica de um partido ou de um grupo. As ideologias existem, mas não mas naquele sistema que é a favor ou é contra a ditadura, este é um valor da etapa histórica do pais que foi vencido pela reformação da democracia”, pontuou o socialista.

IPMN- Na pesquisa do IPMN os maiores percentuais dos participantes foram para as pessoas que não responderam ou não sabia identificar a ideologia dos partidos. A mostra apurou informações de 626 pessoas no Recife, entre os dias 26 e 27 de setembro.

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