Jungmann: “O PT é um partido irreversivelmente partido”

Para os vereadores da oposição, a entrega de cargos é uma realidade anunciada desde a campanha eleitoral de 2012

por Élida Maria sex, 11/10/2013 - 16:32

A quase certa entrega de cargos do PT ao PSB a nível estadual e municipal em Pernambuco e no Recife, respectivamente, foi avaliada pelos vereadores da oposição nesta sexta-feira (11), após blitz realizada na Via Mangue, Zona Sul do Recife. Os parlamentares criticaram a postura dos petistas e resgataram o desgaste da sigla, desde a campanha eleitoral de 2012.

Segundo o líder da oposição na Câmara de Vereadores do Recife, Raul Jungmann (PPS), a legenda da presidente Dilma Rousseff está totalmente fragmentada. “O PT é um partido irreversivelmente partido. Metade é o PT de Lula, Humberto e João Paulo que quer deixar os cargos e metade é o PT ligado a Eduardo Campos e a João da Costa”, descreveu.

Jungmann acredita na existência de interesses por trás das alianças e ressalta a fragmentação do partido. “Estes (os ligados a João da Costa e a Eduardo Campos) não querem deixar os cargos porque se largarem, eles perdem a influência dentro do partido que é decorrente desta aliança, isso, portanto, não tem final feliz, porque deixando os cargos ou permanecendo, o PT não tem cola que cole seus cacos”, disparou.

Questionado se a entrega dos cargos petistas aos governos socialistas de Eduardo Campos e Geraldo Julio iria desgastar ainda mais a imagem da sigla, o vereador disse que a situação é tão ruim, que não há como piorar. “É difícil desgastar ainda mais um partido que perde as eleições e depois de 30 dias vai para o lado do vencedor que derrotou o seu candidato, que era Humberto Costa. É um partido sem alma, sem valores, é um partido do ultrapragmatismo”, alfinetou o vereador.

Outro ponto destacado por Raul Jungmann se refere à questão da candidatura de Eduardo Campos à presidência da República. “Um partido que vê o seu principal programa que é o Orçamento Participativo, ser desmontado e destruído pelo PSB, e não dá um ‘pio’, o partido que vê o governador se lançar candidato contra a presidente de seu partido que é Dilma e quer permanecer, pelo menos, uma parte deles, aferrada, a boquinha, aos cargos, as indicações, evidentemente que é um partido que vendeu a sua alma. Quem sabe o que eu estou dizendo, sabe que isso não tem remédio”, criticou.

Já a vereadora Priscila Krause (DEM), esperava pelo rompimento desde as eleições municipais de 2012, quando PSB e PT foram concorrentes. “Isso é uma realidade meio que já anunciada desde a campanha, pelo menos num âmbito local. Esse desgaste começou quando você teve um PSB que participou de toda a gestão de 12 anos do governo do PT, e durante três meses negou isso veementemente fazendo um discurso de oposição e vendendo um candidato como se fosse de oposição. A partir daí, você tem um governo que demonstrou que isso era de certa forma, uma farsa, porque este governo que está aí, é um governo de continuidade até então”, argumentou.

A democrata acredita que a situação entre as duas legendas tem piorado principalmente com o desejo de Campos ser presidente. “Com os acontecimentos nacionais de Eduardo Campos querer ser presidente, eu acho que essas coisas afloraram muito mais, e você teve algumas incisões aqui no Estado, mas os rebates você vai ter que ver na prática e não apenas de sair ou não do PT, como por exemplo, no caso de Isaltino (secretário Estadual de Transporte) que saiu para o PSB, mas o grupo dele continua no PT”, analisou.

Com a situação da atual conjuntura política citada por Krause, ela crê numa posição do PT, porém, dispara para a mistura existente. “Eles (os petistas) vão ter que anunciar uma posição. Agora, que essa posição será a real ou não, teremos que observar. O que eu acho na verdade é que no âmbito nacional está de um jeito e no local aparentemente está tudo junto e misturado”, expôs a vereadora.

 

 

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