Depoimento de João Vaccari na CPI da Petrobras será dia 23

Tesoureiro do PT é suspeito de mediar a negociação de propinas entre as empresas que prestam serviços a Petrobras e a legenda

por Giselly Santos ter, 31/03/2015 - 10:13
Roosewelt Pinheiro/ABr Vaccari teria recebido algo entre 150 e 200 milhões de dólares, dinheiro que seria destinado ao PT Roosewelt Pinheiro/ABr

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), marcou para o dia 23 de abril o depoimento do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Vaccari está sendo processado por lavagem de dinheiro pelo Ministério Público Federal e é apontado por delatores do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras como arrecadador de propinas de empresas contratadas pela estatal. A data foi acertada pelo relator da CPI e pelo presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB). 

Luiz Sérgio também anunciou que o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, será ouvido no dia 16 de abril. O BNDES financiou a criação da empresa Setebrasil, formada para construir sondas de perfuração do pré-sal.

Segundo o ex-gerente de Tecnologia da empresa, Pedro Barusco, Vaccari teria recebido algo entre 150 e 200 milhões de dólares, dinheiro que seria destinado ao PT. Vaccari nega qualquer envolvimento, assim como o PT.

Nos depoimentos que prestou à Justiça Federal, Barusco disse que metade da propina recebida das empresas era destinada a ele e a Renato Duque, ex-diretor da Petrobras ao qual ele era subordinado, e a outra metade ficava com Vaccari.

Barusco apresentou à Polícia Federal planilhas que ele identificou como sendo de propinas pagas. Em planilhas relativas a propinas pagas pelos estaleiros Jurong e Kepel Fels, Vaccari é identificado com a sigla “Moch”, que segundo ele significa “mochila” – já que Barusco viu Vaccari com mochilas diversas vezes. De acordo com os depoimentos de Barusco, Vaccari teria recebido do estaleiro Kepel Fels 4,5 milhões de dólares até março de 2013.

O ex-gerente de Serviços da Petrobras saiu da estatal em 2011 para ser diretor da empresa Setebrasil, criada para construir sondas de perfuração do pré-sal. Segundo ele, o esquema de pagamento de propinas continuou nos mais de 20 contratos entre a Petrobras e a Setebrasil, que contratou estaleiros para a construção das sondas. 

Ainda de acordo com os depoimentos de Barusco, havia um acordo de pagamento de propina de 1% para os contratos entre a Setebrasil e os estaleiros – percentual reduzido depois para 0,9%. Essa combinação teria sido feita entre Barusco, João Vaccari Neto e os estaleiros. Essa propina seria distribuída da seguinte maneira: 2/3 para Vaccari e 1/3 para a “Casa” – ou seja, para os diretores da Setebrasil: Barusco, João Carlos de Medeiros Ferraz (presidente da Setebrasil) e Eduardo Musa (diretor de Participações). A propina destinada a Vaccari teria origem, segundo ele, nos contratos firmados entre a Setebrasil e os estaleiros Atlântico Sul, Enseada do Paraguaçu, Rio grande e Kepel Fels.

Em depoimento à CPI, Barusco disse que propina paga a Vaccari em 2010 foi destinada à campanha presidencial. Ele se referia à quantia de 300 mil dólares que teria sido paga a Vaccari pelo empresário Júlio Faerman, representante da empresa holandesa SBM Offshore, como “reforço” de campanha eleitora.

Vaccari também foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef, outro delator do esquema, como destinatário de propinas de empresas contratadas pela Petrobras. Vaccari, por meio de seus advogados, negou todas as acusações. O PT, por meio de nota oficial, nega que qualquer recurso ilegal tenha sido repassada ao partido.

*Com informações da Agência Câmara

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