Líderes do PT em PE dizem que a Justiça se aliou ao PSDB

O presidente da legenda no estado, Bruno Ribeiro, questionou a lisura da Justiça Federal diante das ações contra o ex-presidente Lula nesta sexta-feira

por Giselly Santos sex, 04/03/2016 - 18:00

Com o ex-presidente Lula no foco da 24ª fase da Operação Lava Jato, líderes do PT em Pernambuco afirmaram, na tarde desta sexta-feira (4), que a Justiça Federal confirmou durante a Atheleia - como foi intitulada a nova etapa das investigações no esquema de corrupção na Petrobras - a aliança feita entre ela e os partidos de oposição, principalmente o PSDB. Para a legenda no Estado, a Polícia Federal (PF) agiu “como uma milícia” e com seletividade diante dos nomes citados por delatores na Lava Jato. 

“Sem dúvida [há um uso político da Lava Jato]. Isto foi confessado hoje. Vínhamos denunciando a seletividade, inquéritos para uns e arquivamentos para outros. Hoje sim vimos um indício claro da relação deste juiz [Sérgio Moro] com a oposição. Ele hoje confessou isso. Um cidadão só conduzido coercitivamente quando ele se recusa a cumprir um convite para ir depor. Lula não foi convocado nem intimado. Lula foi objeto de uma operação arquitetada e planejada para expor a sua história, o nosso partido e a luta da esquerda”, declarou o presidente da legenda em Pernambuco, Bruno Ribeiro, em coletiva a imprensa.

Sob a ótica do dirigente, a Polícia Federal deixou hoje o país em luto e a “violência” praticada contra Lula atinge toda a sociedade. “É lamentável ver que parte da PF funcionou ali como uma milícia. Um agente do estado não pode agir para defender apenas regalias. Este País está vivendo um tempo absurdo, um homem com a trajetória admirável como Lula está sendo submetido a esta busca por uma agulha no palheiro”, observou.

Durante um pronunciamento à imprensa mais cedo, Lula disse que iria percorrer o país para se defender das acusações direcionadas a ele. O presidente estadual afirmou que convidará o petista para iniciar a peregrinação por Pernambuco. "Ele começou por aqui e chegou à Presidência da República. Agora nada mais justo que venha primeiro para cá, sua terra", disse. 

Mantendo a mesma tese de Ribeiro, o presidente da Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE), Carlos Veras (PT), a nova fase da Lava Jato é uma tentativa de desqualificar o governo de Lula. “Tentam criminalizar o presidente Lula e todos os trabalhadores, com o intuito de mostrar que um trabalhador não tem a capacidade de gerir o País. Este ataque está acontecendo ao conjunto dos nossos trabalhadores e da sociedade”, ponderou. “Vamos reagir a qualquer tentativa de golpe. Um golpe contra todos os processos que levaram Lula a ser presidente da República. Vamos fazer uma vigília permanente. Vamos às ruas”, convocou.

Líder do Movimento Sem Terra (MST) no Estado, Jayme Amorim disse que neste momento as críticas dos aliados em torno do governo do PT cessam e o desejo de defender a manutenção da democracia se sobressai. “Existem críticas ao governo? Claro, todos sabem que sim. Mas estamos lutando pela democracia brasileira. Vamos colocar todo o nosso exército na rua, o golpe não passará. Querem transformar este País num estado de guerra. Pois se a burguesia quer ter guerra vai ter. É nossa responsabilidade ir para ruas defender. Se Lula diz que não tem apartamento ele não tem. Qual é o problema de estar usando o sítio do Bitar?”, indagou citando o sítio de Atibaia, usado por Lula para descansar e que está sendo investigado pela Polícia Federal.

No rol dos partidos aliados, o presidente do PCdoB em Pernambuco, Alanir Cardoso, também participou da coletiva e condenou a “arbitrariedade da Justiça” diante do ex-presidente. “Uma arbitrariedade sem limite levar para depor coercitivamente. É uma quebra da legalidade e da liberdade democrática. Precisamos resistir a isto. Sempre sustentamos a defesa da liberdade e da democracia. Assistimos hoje o inconformismo daqueles que perderam a eleição, por isso vivemos em uma guerra permanente”, frisou.

Além da do PT, da CUT, do MST e do PCdoB, a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape) também participaram da coletiva. Os movimentos e os partidos integram a Frente Brasil Popular e finalizam o dia desta sexta-feira com uma vigília em frente ao Monumento Tortura Nunca Mais, localizado na Rua da Aurora, área central do Recife. A vice-presidente do PT em Pernambuco, deputada Teresa Leitão; o ex-prefeito do Recife, João Paulo; a vereadora Marília Arraes e o vice-líder do governo na Câmara, Silvio Costa (PTdoB) também participaram da coletiva. 

O ex-presidente Lula é acusado de ser o principal beneficiário dos esquemas de corrupção nos contratos da Petrobras. Nesta sexta-feira, a PF realizou mandados de busca e apreensão no apartamento do petista em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

COMENTÁRIOS dos leitores