Alegação é fraca, avalia Barbosa sobre o impeachment

Ex-presidente do STF, o ministro aposentado disse que chega a sentir "um mal estar" com o fundamento utilizado para embasar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff

por Giselly Santos sex, 22/04/2016 - 12:06

Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro aposentado Joaquim Barbosa afirmou, nesta sexta-feira (22), que a justificativa do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) “é fraca e causa desconforto”.  Segundo o magistrado, quebrar regras do orçamento é normal no país e a solução ideal para a crise política instaurada com o impedimento da presidente é uma nova eleição. 

“Sinto um mal estar com esse fundamento. A alegação é fraca e causa desconforto. Descumprimento de regra orçamentária é regra de todos os governos da Nação. Não é por outro motivo que os Estados estão quebrados”, argumentou Barbosa, ao participar da abertura do Simpósio das Unimeds, em Florianópolis. A informação foi divulgada por um portal catarinense. 

“Não estou dizendo que ela não descumpriu as regras orçamentárias. O que estou querendo dizer é que é desproporcional tirar uma presidente sobre esse fundamento num país como o nosso. Vão aparecer dúvidas sobre a justeza dessa discussão. Mais do que isso, essa dúvida se transformará em ódio entre parcelas da população”, acrescentou o ex-presidente do STF. 

Para reverter os imbróglios políticos, Joaquim Barbosa sugeriu a realização de um novo processo eleitoral para que a população resolva a crise no setor. “Organizem eleições, deixem que o povo resolva. Deem ao povo a oportunidade de encontrar a solução. A solução que propus é uma transição conduzida pela própria presidente. Mas ela já perdeu o timing”, cravou. 

Esta é a primeira vez que Joaquim Barbosa fala abertamente sobre o impeachment de Dilma. Analisando a votação pela admissibilidade do processo, que aconteceu no último domingo (17), o ministro aposentado disse que “o Brasil assistiu no domingo aquele espetáculo, no mínimo, bizarro” e observou que os senadores devem, por serem mais experientes, não repetir a cena. 

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