Ato reúne milhares no Rio por Marielle e Anderson

Na concentração, em frente à Igreja da Candelária, irmã da vereadora ressaltou que a família nunca teve envolvimento com o tráfico: “Minha irmã não era bandida”

por Mellyna Reis qua, 21/03/2018 - 06:16 Atualizado em: qua, 21/03/2018 - 01:12
Marildo Nercolini Cerimônia reuniu diversas lideranças religiosas, familiares e amigos de Marielle e Anderson Marildo Nercolini

No sétimo dia após o assassinato da vereadora Marielle Franco, centenas de militantes prestaram mais uma homenagem à parlamentar, nesta terça-feira (20), em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio. 

Além de políticos do PSOL e de outros partidos de esquerda, sindicalistas e representantes de movimentos sociais, os familiares de Marielle e Anderson Gomes, motorista que também foi morto na emboscada, participaram da manifestação. 

"Meu marido também representa cada trabalhador, cada pai de família que foi morto nesse estado", disse emocionada, Ágatha Reis, esposa de Anderson. 

A irmã da vereadora, a professora Anielle Silva (foto à direita), chegou acompanhada do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) e criticou duramente as notícias falsas que circularam nas redes sociais nos últimos dias.

"Eu não vou descansar enquanto isso não for resolvido. A Marielle não era bandida, a gente nunca foi financiado pelo tráfico p* nenhuma. A minha mãe é advogada, o meu pai é comerciante e a gente cresceu estudando e ralando", enfatizou Anielle, cuja história de vida da família se deu no Complexo da Maré. 

A homenagem ainda contou com a presença de diversas mulheres negras que tiveram filhos mortos por policiais militares. "É muito difícil pra mim estar aqui hoje. Eu tive um filho assassinado em 2014 por um policial", discursou Ana Paula Oliveira, mãe de Johnatha, assassinado em Manguinhos, na Zona Norte do Rio.

Cerimônia inter-religiosa

Em seguida, os militantes seguiram em marcha pela Avenida Rio Branco em direção à Cinelândia, onde foi celebrada uma cerimônia inter-religiosa. Mais de 20 representantes de diversas religiões celebraram a trajetória da parlamentar, cuja atuação se destacou pela luta em defesa dos direitos humanos, das mulheres negras e favelados. 

Entre os religiosos que marcaram presença, o frei Leonardo Boff, o rabino Nilton Bonder, Iyá Wanda de Omolu, a reverenda Inamar Souza, a pastora luterana Lusmarina Garcia, o teólogo Ronilso Pacheco e representantes da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito. 

Uma das falas mais duras foi a do pastor da Igreja Batista do Caminho, Henrique Vieira. "O sonho ainda está vivo. Vamos lutar por um país em que os negros não morram antes que provem o contrário", criticou o pastor.

O ato ainda teve apresentações culturais como a performance da atriz e poetisa Elisa Lucina, da cantora pernambucana Doralyce, Lellêzinha e o Dream Team do Passinho, e uma orquestra que executou canções de Chico Buarque.

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