Candidaturas de mulheres em 2018: 35% podem ser laranjas

Dado é de uma pesquisa divulgada pela BBC News Brasil. Levantamento traz o PROS como o partido que mais utilizou falsas candidaturas femininas no pleito do ano passado

qui, 14/03/2019 - 14:36
Fábio Pozzebom/Agência Brasil A pesquisa aponta que 35% de todas as candidaturas femininas para a Câmara de Deputados no ano passado não chegaram a alcançar 320 votos Fábio Pozzebom/Agência Brasil

Duas professoras, de universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido, elaboraram uma pesquisa inédita que revela a quantidade de candidaturas laranjas que cada partido lançou para a Câmara dos Deputados nas eleições brasileiras de 2018.

O material, divulgado pela BBC News Brasil, foi preparado por Malu Gatto, da University College Longon, e Kristin Wyllie, da James Madison University. Ele detalha o uso de candidaturas laranjas para burlar a lei de cotas femininas e a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de exigir que seja destinado 30% dos recursos do fundo de campanha para candidaturas de mulheres.

De acordo com as duas pesquisadoras, essas laranjas são pessoas que entram na disputa não com a real intenção de ganhar, mas com o objetivo de servir a outros tipos de interesses dos partidos, como repassar dinheiro a candidatos homens. A pesquisa aponta que 35% de todas as candidaturas femininas para a Câmara de Deputados no ano passado não chegaram a alcançar 320 votos.

Os números apontam que o PSL, legenda do presidente Jair Bolsonaro, tem 16% de possíveis candidatas laranjas. Já o PT, partido do ex-presidente Lula, tem 11%. Mas há partidos com porcentagens bem maiores, como é o caso do PROS, que há 40% de candidaturas femininas suspeitas.

Entre os critérios adotados pelas pesquisadoras para uma candidatura ser classificada como laranja, está receber menos de 1% dos votos obtidos pelo candidato eleito menos votado no Estado.

As estudiosas pontuaram que, na maioria dos casos, as laranjas são mulheres filiadas aos partidos que concordam em ter o nome registrado na eleição e sabem que a candidatura não é real. Ou seja, elas estão cientes de que não haverá qualquer empenho da legenda ou recursos para que sejam eleitas.

Os partidos que encabeçam a lista dos que mais utilizaram possíveis candidaturas femininas como laranja são o PSC, com 37%; o PODE, com 35%; o PTB, com 34% e o PCdoB, com 31%. Já o Novo é a legenda com menor percentual, com apenas 2% de candidaturas suspeitas.

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