Atos endossam divisão direita x esquerda, diz especialista

Na ótica da cientista política Priscila Lapa, as manifestações do último domingo (26) e dessa quinta-feira (30) ‘instigam’ a luta ideológica entre os dois lados

por Giselly Santos sex, 31/05/2019 - 09:35

Em 15 dias o país foi palco de três grandes manifestações, duas contra os cortes do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) nas verbas destinadas às universidades públicas e uma a favor do presidente, colocando em xeque a atuação de deputados e senadores no Congresso Nacional e de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os atos reuniram milhares de pessoas erguendo as bandeiras pró e contra Bolsonaro, o que na avaliação da cientista política Priscila Lapa endossou ainda mais a divisão mostrando “existência de duas grandes narrativas a respeito do país, que divide direita e esquerda”.

Em defesa da educação, os protestos aconteceram nos dias 15 e 30 de maio; já em 26 de maio foi pró-Bolsonaro. Nos dois organizados por estudantes e professores, o primeiro teve um alcance maior e atingiu cerca de 220 cidades, já nessa quinta-feira o balanço é um público menor e atos espalhados por 100 municípios brasileiros.

“Notadamente menores do que as do dia 15 de maio, as manifestações de ontem mostram a disposição de segmentos da sociedade de não arrefecer em sua luta em defesa das universidades públicas, congregando segmentos da sociedade que não estão alinhados com a condução do governo Bolsonaro”, observou a estudiosa.

“Por outro lado, as manifestações de domingo [26] demonstraram a capacidade do presidente Bolsonaro capitalizar para si as insatisfações mais diversas com as instituições e com o sistema político”, completou Priscila Lapa. A mobilização organizada por aliados do presidente ocorreu no último domingo em pouco mais de 150 cidades. No Recife, os organizadores pontuaram a participação de 50 mil pessoas.

Apesar da adesão maciça a favor do presidente, para Priscila nada mudará na popularidade governista. “As manifestações do domingo possivelmente não vão interferir na popularidade do governo ou no aumento da sua avaliação positiva. Elas têm o peso do reforço ao discurso oficial,  mas, ao mesmo tempo, instigam essa luta ideológica entre os lados”, finalizou.

*Fotos Rafael Bandeira e Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

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