Vaza Jato: procuradores queriam interferir na Venezuela

A ideia teria partido, segundo as mensagens publicadas, do então juiz Sérgio Moro

dom, 07/07/2019 - 10:22
Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Nova reportagem publicada neste domingo (7) pelo site The Intercept sugere que procuradores da Lava Jato teriam se articulado para vazar informações de  uma delação da Odebrecht – que estava sob sigilo de justiça – para a oposição venezuelana.  A ideia teria partido, segundo as mensagens publicadas, do então juiz Sérgio Moro.

As mensagens vazadas do Telegram, de agosto de 2017, mostram que o objetivo dos procuradores era enfraquecer o já combalido governo de Nicolás Maduro. 

Sérgio Moro: “Talvez seja o caso de tornar pública a delação dá Odebrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?” (sic)

Deltan Dallagnol:  “Naõ dá para tornar público simplesmente porque violaria acordo, mas dá pra enviar informação espontãnea [à Venezuela] e isso torna provável que em algum lugar no caminho alguém possa tornar público” (sic)

Segundo o The Intercept, a Lava Jato tinha poucos interlocutores na Venezuela, então teria recorrido à ex-procuradora-geral Luísa Ortega Díaz, destituída de seu cargo por ser vista como uma ameaça a governo Maduro. Moro teria enviado a mensagem a Deltan (acima) sugerindo a abertura das informações da Odebrecht no mesmo dia em que a Assembleia Constituinte venezuelana aprovou o afastamento de Ortega.

De acordo com as conversas vazadas pela reportagem, alguns procuradores chegaram a alertar para os eventuais riscos da atitude.

Paulo Galvão: “Vejam que uma guerra civil lá é possível e qq ação nossa pode levar a mais convulsão social e mais mortes” (sic)

Athayde Ribeiro Costa: “Imagina se ajuizamos e o maluco manda prender todos os brasieliros no territorio venezuelano”

As preocupações teriam sido amenizadas pelo procurado Deltan Dallagnol, um dia depois

Deltan:  “PG, quanto ao risco, é algo que cabe aos cidadãos venezuelanos ponderarem. Eles têm o direito de se insurgir.” (sic)

Os procuradores teriam então decidido abrir as delações para a oposição venezuelana. Tanto que semanas depois, Ortega Díaz divulgou vídeos das delações em seu site.

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