Vaza Jato: procuradores queriam interferir na Venezuela
A ideia teria partido, segundo as mensagens publicadas, do então juiz Sérgio Moro
Nova reportagem publicada neste domingo (7) pelo site The Intercept sugere que procuradores da Lava Jato teriam se articulado para vazar informações de uma delação da Odebrecht – que estava sob sigilo de justiça – para a oposição venezuelana. A ideia teria partido, segundo as mensagens publicadas, do então juiz Sérgio Moro.
As mensagens vazadas do Telegram, de agosto de 2017, mostram que o objetivo dos procuradores era enfraquecer o já combalido governo de Nicolás Maduro.
Sérgio Moro: “Talvez seja o caso de tornar pública a delação dá Odebrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?” (sic)
Deltan Dallagnol: “Naõ dá para tornar público simplesmente porque violaria acordo, mas dá pra enviar informação espontãnea [à Venezuela] e isso torna provável que em algum lugar no caminho alguém possa tornar público” (sic)
Segundo o The Intercept, a Lava Jato tinha poucos interlocutores na Venezuela, então teria recorrido à ex-procuradora-geral Luísa Ortega Díaz, destituída de seu cargo por ser vista como uma ameaça a governo Maduro. Moro teria enviado a mensagem a Deltan (acima) sugerindo a abertura das informações da Odebrecht no mesmo dia em que a Assembleia Constituinte venezuelana aprovou o afastamento de Ortega.
De acordo com as conversas vazadas pela reportagem, alguns procuradores chegaram a alertar para os eventuais riscos da atitude.
Paulo Galvão: “Vejam que uma guerra civil lá é possível e qq ação nossa pode levar a mais convulsão social e mais mortes” (sic)
Athayde Ribeiro Costa: “Imagina se ajuizamos e o maluco manda prender todos os brasieliros no territorio venezuelano”
As preocupações teriam sido amenizadas pelo procurado Deltan Dallagnol, um dia depois
Deltan: “PG, quanto ao risco, é algo que cabe aos cidadãos venezuelanos ponderarem. Eles têm o direito de se insurgir.” (sic)
Os procuradores teriam então decidido abrir as delações para a oposição venezuelana. Tanto que semanas depois, Ortega Díaz divulgou vídeos das delações em seu site.