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Nesta quarta-feira (16), em Brasília, a Polícia Federal (PF) deve interrogar o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido como "hacker da Vaza Jato". A informação é do blog de Andréia Sadi, do G1, e cita também que o depoimento foi agendado para às 13h, na sede da instituição. Delgatti foi preso no começo de agosto em São Paulo e deve ser transferido para a capital federal.  

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A defesa de Walter ainda está avaliando se ele responderá às perguntas da PF, mas existe a expectativa e que, sob depoimento, o preso apresente elementos que sustentem uma delação premiada sobre a participação dele em possíveis crimes do Governo Bolsonaro e de seus aliados. 

O hacker é investigado por participar da invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça para a inclusão de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e membro da Suprema Corte. O documento falso teria sido feito pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), aliada do hacker. 

Em junho, ele disse à PF que teve um encontro com Zambelli em setembro de 2022, às vésperas da eleição, em um posto de gasolina. Segundo o hacker, ela pediu que ele invadisse a urna eletrônica ou qualquer sistema da Justiça brasileira. 

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A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quarta-feira (2), o hacker Walter Delgatti Neto, investigado por invadir contas no Telegram e vazar mensagens de procuradores da antiga Operação Lava Jato, em 2019, e por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) este ano. No decorrer das investigações, foi constatado que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi assessorada pelo hacker, que atuou nas mídias da parlamentar. Pela associação, Zambelli teve seus endereços investigados através de mandados de busca e apreensão, também nesta quarta. 

A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Oficialmente, a Polícia Federal divulgou que há cinco mandados de busca e apreensão (três no DF, dois no SP) e um mandado de prisão preventiva. A defesa de Delgatti confirmou a prisão, mas não deu mais detalhes. Ele também havia sido detido no fim de junho, para prestar depoimento sobre a invasão ao CNJ. 

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Nas redes sociais, o ministro Flávio Dino (PSB) havia adiantado a nova fase de buscas da PF. “Em prosseguimento às ações em defesa da Constituição e da ordem jurídica, a Polícia Federal está cumprindo mandados judiciais relativos a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, no contexto dos ataques às instituições”, escreveu. 

Na ação, a PF tenta obter mais informações sobre a inserção de alvarás de soltura e mandados de prisão falsos no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões. Os documentos forjados incluíam um mandado de prisão falso contra o ministro da Corte Alexandre de Moraes. No ofício, havia inclusive a frase "faz o L", um dos slogans da campanha eleitoral mais recente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

"Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes", diz material da Polícia Federal. 

O ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro presta depoimento na tarde desta segunda-feira (17) à 10ª Vara Federal de Brasília, no âmbito da Operação Spoofing, que investiga a invasão dos celulares de autoridades por hackers, em julho de 2019. A audiência na 10ª Vara, que estava inicialmente prevista para o início do mês, foi remarcada para esta tarde, de acordo com a Justiça Federal do Distrito Federal. Além de Moro, também será ouvida nesta segunda (17) a ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB).

A Spoofing resultou na prisão de seis hackers, suspeitos de invasão aos celulares de Sergio Moro e de autoridades do Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR). Em 2020, Moro já havia falado à Justiça sobre a invasão de celulares. Na ocasião, ele explicou que não influenciou a atuação da Polícia Federal na investigação sobre as invasões às contas de Telegram de autoridades quando ainda era parte do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), como ministro da Justiça.

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Já D’Ávila, depõe após ter sido citada pelo hacker Walter Delgatti Neto como elo entre ele o jornalista Glenn Greenwald, do site Intercept, que divulgou os primeiros diálogos e tornou o caso mais visível na mídia. O processo ficou conhecido como ‘Vaza Jato’ e influenciou a opinião pública da época, sobretudo quanto ao julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora já absolvido.

A parlamentar também depôs em 2020. Na época, ela afirmou que apenas sugeriu ao hacker que procurasse o jornalista e que foi orientada por um advogado. A ex-deputada também disse que Delgatti deu a entender que agia sozinho.

 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou nesta sexta-feira (12) recurso contra a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O MPF entende que a competência da 13ª Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná deve ser mantida para processar quatro ações penais em curso contra o ex-presidente – os casos "Triplex de Guarujá", "Sítio de Atibaia", "Sede do Instituto Lula" e "Doações ao Instituto Lula".

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Para a PGR, com base na jurisprudência do Supremo, e com vistas a preservar a estabilidade processual e a segurança jurídica, devem ser mantidas as condenações e continuados os processos.

No recurso, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo requer que, caso o relator não reconsidere sua decisão monocrática, o agravo regimental seja julgado por órgão colegiado, a fim de manter a competência da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Caso a Corte não entenda desse modo, a PGR solicita que a decisão passe a ter efeitos daqui para a frente, preservando todos os atos processuais instrutórios e decisórios já praticados pela subseção judiciária de Curitiba.

Como consequência, só seriam remetidas a outra vara as duas ações ainda não sentenciadas. Por fim, na hipótese de não acolhimento de nenhum dos pedidos, a PGR requisita que os processos sejam enviados à Seção Judiciária de São Paulo, na medida em que os casos em questão abrangem fatos e valores relativos a imóveis e instituto sediados naquele estado.

O recurso destaca que a Suprema Corte estabeleceu, de forma gradativa ao longo dos anos, as balizas a serem observadas pelas instâncias ordinárias quanto à competência nos casos da Operação Lava Jato.

O MPF lembra que o oferecimento das denúncias contra o ex-presidente da República remonta aos anos de 2016 e 2017. Naquele momento, prevalecia o entendimento adotado pelo STF no julgamento da questão de ordem no Inquérito 4.130, segundo o qual “a prevenção do saudoso ministro Teori Zavascki no âmbito do Supremo Tribunal Federal, assim como a da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba, no contexto da ‘Operação Lava Jato’, seria restrita aos fatos relacionados a ilícitos praticados apenas em detrimento da Petrobras S/A”.

Em votação realizada nesta terça-feira (9), a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu que será mantida a defesa do ex-presidente Lula o acesso ao material apreendido na Operação Spoofing que atingiu hackers que teriam invadido celulares de autoridades, entre elas o ex-juiz e ex-ministro da justiça, Sérgio Moro. 

As conversas registradas entre Moro e procuradores da Lava-Jato, podem comprometer a condenação que levou Lula à prisão. A defesa do ex-presidente entende que Moro agiu de forma criminosa e deve agora usar as mensagens para pedir anulação das sentenças. 

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“Ademais, como se viu, a pequena amostra do material coligido até agora já se afigura apta a evidenciar, ao menos em tese, uma parceria indevida entre o órgão julgador e a acusação, além de trazer a lume tratativas internacionais, que ensejará, a presença de inúmeras autoridades estrangeiras em solo brasileiro, as quais, segundo consta, intervieram em investigações aparentemente à revelia dos trâmites legais, de modo especial naquelas referentes à Odebrecht, objeto específico desta reclamação, com possível prejuízo ao reclamante", disse o Ministro Lewandowski. Seguiram ele os ministros Nunes Marques e Cármen Lúcia, Edson Fachin divergiu e ainda resta por último o voto do ministro Gilmar Mendes. 

Após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski acatar o pedido da defesa do ex-presidente Lula (PT), parte das mensagens trocadas entre o ex-juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato foram encaminhadas ao petista. São 50 páginas com mensagens atribuídas à Moro e ao ex-coordenador da Lava Jato

As trocas de mensagens confirmam que houve uso abusivo das delações premiadas, divulgação estratégica de dados sigilosos e parceria indevida entre o Ministério Público Federal (MPF) e o magistrado. Nas conversas, o então juiz chega a cobrar manifestações em processos e sugerir fontes aos procuradores para conversarem sobre investigações envolvendo o filho do ex-presidente.

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"Então. Seguinte. Fonte me informou que a pessoa do contato estaria incomodado por ter sido ela solicitada a lavratura de minutas de escrituras para transferências de propriedade de um dos filhos do ex Presidente. Aparentemente a pessoa estaria disposta a prestar a informação. Estou então repassando. A fonte é seria", escreveu Moro para Dallagnol.

O ex-coordenador da Lava-Jato responde: "Obrigado! Faremos contato.  Liguei e ele arriou. Disse que não tem nada a falar etc... quando dei uma pressionada, desligou na minha cara... Estou pensando em fazer uma intimação oficial até, com base em notícia apócrifa".

Moro também pede opiniões ao Deltan sobre se posicionar sobre algumas notas publicadas pelo PT em 2016. "O que acha dessas notas malucas do diretório nacional do PT? Deveriamos rebater oficialmente? Ou pela ajufe?", pergunta o magistrado.

"Na minha opinião e de nossa assessoria de comunicação, não, porque não tem repercutido e daremos mais visibilidade ao que não tem credibilidade", responde Dallagnol.

As conversas demonstram que o então coordenador da Lava-Jato temia pela nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil no governo Dilma, o que lhe daria foro privilegiado e dificultaria as investigações contra o petista. 

"Temos receio da nomeação de Lula sair na segunda e não podermos mais levantar o sigilo. Como a diligência está executada, pense só no relatório e já há relatório preliminar, seria conveniente sair a decisão hoje, ainda que a secretaria operacionalize na segunda. Se levantar hoje, avise por favor porque entendemos que seria o caso de dar publicidade logo nesse caso", disse o procurador.

Moro respondeu Dallagnol dizendo que temia se expor. "Bem já despachei para levantar. Mas não vou liberar chave por aqui para não me expor. Fica a responsabilidade de vcs. Meu receio são novas polêmicas agora e que isto tb reverta negativamente. Mas pode ser que nao".

Os primeiros conteúdos dessas conversas se tornaram públicos em 2019, com a Vaza Jato, serie de reportagens publicada pelo The Intercept. As conversas confirmam o jogo combinado entre Moro e o Ministério Público. As mensagens foram obtidas ilegalmente após um ataque de hackers que invadiram o aplicativo de mensagens de Moro e dos procuradores envolvidos na operação.

Por Natalia Viana, Andrew Fishman, Maryam Saleh, Agência Pública/The Intercept Brasil

Não era para menos. Naquela terça-feira, uma delegação de pelo menos 17 americanos apareceu na capital paranaense para conversar com membros do MPF e advogados de empresários que estavam sob investigação no Brasil. Entre eles estavam procuradores americanos ligados ao Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês) e agentes do FBI, o serviço de investigações subordinado a ele. Todas as tratativas ocorreram na sede do MPF em Curitiba. Em quatro dias intensos de trabalho, receberam explicações detalhadas sobre delatores como Alberto Youssef e Nestor Cerveró e mantiveram reuniões com advogados de 16 delatores que haviam assinado acordos entre o final de 2014 e meados de 2015 em troca de prisão domiciliar, incluindo doleiros e ex-diretores da Petrobras.

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Mas nem tudo foram flores para a equipe de Deltan Dallagnol. No final do dia 6 de outubro, às 23h16, ele foi chamado ao Telegram pelo diretor da Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) da Procuradoria-Geral da República (PGR), Vladimir Aras: “Delta, MSG DO MJ”.

A mensagem era grave. O Ministério da Justiça acabara de tomar conhecimento da visita dos americanos pelo Itamaraty – quando eles já estavam em Curitiba.

Segundo um acordo bilateral, atos de colaboração em matéria judicial entre Brasil e Estados Unidos – tais como pedir evidências como registros bancários, realizar buscas e apreensões, entrevistar suspeitos ou réus e pedir extradições – normalmente são feitos por meio de um pedido formal de colaboração conhecido como MLAT, que estipula que o Ministério da Justiça deve ser o ponto de contato com o Departamento de Justiça americano. O procedimento é estabelecido pelo Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal, tratado bilateral assinado em 1997.

Naquela época, o ministério era chefiado pelo ministro José Eduardo Cardozo, sob a presidência de Dilma Rousseff (PT).

A mediação é feita pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, o DRCI, então chefiado pelo delegado da Polícia Federal (PF) Ricardo Saadi. Era dele a interpelação que dizia que o governo não fora informado da visita dos procuradores e agentes americanos. No final, o encontro ocorreu à revelia do Executivo, em tratativas diretas entre os americanos e os procuradores de Curitiba.

O email enviado por Saadi dizia o seguinte: “Fomos informados hoje pelo Ministério de Relações Exteriores (MRE) sobre possível vinda de autoridades americanas para o Brasil para conversar com autoridades brasileiras e/ou realizar investigações no âmbito da Operação Lava Jato. Considerando que, até a presente data, este DRCI não tinha qualquer conhecimento dessa possibilidade, pergunto: 1. O MPF tem conhecimento sobre eventual vinda de autoridades norte-americanas para o Brasil para conversar com autoridades brasileiras e/ou para praticar atos de investigação ? 2. Em caso positivo, qual o período que ficariam em solo nacional ? 3. Foi feito algum contato oficial nesse sentido ? 4. Quais seriam as atividades desenvolvidas pelos norte-americanos em solo nacional ? 5. O MPF teria nome/função das autoridades americanas que viriam ? 6. Outras informações que entender relevantes”.

O recado foi compartilhado no chat “FTS-MPF”, onde membros da Lava Jato coordenavam ações com outros procuradores.

Especialistas ouvidos pela Agência Pública e The Intercept Brasil afirmam que quaisquer diligências – atos de investigação que vão gerar um processo e provas criminais – em solo nacional teriam que ser oficializadas por meio de um MLAT. Procurado pela reportagem, procurador Vladimir Aras respondeu, por nota, que “as reuniões prévias e o intercâmbio de informações no curso da investigação compreendem a etapa chamada ‘pré-MLAT’. O MP e a Polícia não estão obrigados a revelar ou a reportar esses contatos a qualquer autoridade do Poder Executivo”.

Mas os diálogos demonstram que, como a cooperação internacional não é regulamentada por lei nacional que estabeleça procedimentos padrões, os membros da Lava Jato exploraram zonas cinzentas que permitiram aos americanos avançar suas investigações, escondendo esse fato do governo federal – em especial, durante a época em que Dilma Rousseff ainda era presidente. Os contatos geraram questionamentos dentro da PGR e são ainda mais sensíveis por terem como alvo a empresa de economia mista Petrobras.

Em um chat de 13 de fevereiro de 2015, Deltan Dallagnol demonstra desconfiança em relação ao DRCI – e ao governo Dilma.

Questionado por Vladimir Aras sobre se estaria “tudo tranquilo” com o delegado federal Isalino Antonio Giacomet Junior, que era assessor do DRCI, Dallagnol responde: “Tranquilo, obrigado, embora eu não goste da ideia do executivo olhando nossos pedidos e sabendo o que há. Ainda bem que é o Saadi e não o Tuminha lá”, diz, referindo-se ao ex-delegado Romeu Tuma Júnior.

Em setembro de 2019, a força-tarefa da Lava Jato afirmou ao site The Intercept Brasil e ao UOL que “diversas autoridades estrangeiras de variados países vieram ao Brasil para a realização de diligências investigatórias, algumas ostensivas, outras sigilosas, conforme interesse dessas autoridades. Sendo um caso ou outro, todas as missões de autoridades estrangeiras no País são precedidas de pedido formal de cooperação e de sua autorização”. A primeira visita americana a Curitiba, porém, ocorreu sem nem mesmo o conhecimento do MJ. Durante quatro dias, os americanos foram apresentados a advogados de delatores e já começaram negociações de colaboração com a Justiça dos EUA. Depois, a força-tarefa orientou os americanos a convencer os colaboradores a ir aos EUA para depor, a fim de não ficarem sujeitos às limitações da lei brasileira. Se isso não fosse possível, eles ofereceriam sugestões sobre interpretações “mais flexíveis” das decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). E a força-tarefa ainda se comprometeu a “pressionar” os investigados a colaborar com os EUA. Além disso, a agenda da visita não foi divulgada para a imprensa brasileira a pedido dos americanos, segundos revelam os diálogos.

Procurada pela Pública, a força-tarefa Lava Jato afirmou, por nota, que “a necessidade de formalização da diligência ocorre quando ela tem cunho probatório (“diligências investigatórias”), destinando-se, por exemplo, a colher depoimentos formais que são enviados via canais oficiais. A informação não engloba, certamente, contatos e conversas entre autoridades, que podem se dar informalmente, por telefone ou pessoalmente”. Afirmou também que “Eventuais reuniões com autoridades alienígenas – e foram dezenas, algumas presenciais e outas virtuais com diversos países -, não necessitam de qualquer formalização via DRCI, mas apenas autorização interna dos respectivos órgãos interessados”. O posicionamento completo da força-tarefa está reproduzido no final desta reportagem, a pedido da assessoria de imprensa.

Escondendo os americanos

Só depois da meia-noite, já no dia 7 de outubro de 2015, Aras recebeu uma resposta de Deltan Dallagnol. Ele não quis dar detalhes ao MJ, sugerindo a Aras que, em vez disso, “eles consultem o DOJ, porque eles pediram que mantenhamos confidencial”. Ou seja: preferiu proteger o relacionamento com os americanos a dar explicações ao governo brasileiro.

Dallagnol ainda sugeriu que Aras evitasse entregar o nome dos investigadores americanos: “Caso Vc entenda que deve abrir, posso te mandar a lista, mas sugiro reflexão, porque isso pode gerar ruídos com os americanos”. Em resposta, Aras diz que o ministério sabia da visita porque “algo já tinha saído na imprensa”, mas “o tempo fechou”. E conclui: “Vou desanuviar”.

Ao mesmo tempo, do lado americano, o chefe da divisão que cuidava de corrupção internacional no DOJ, Patrick Stokes, também procurou evitar os holofotes sobre a visita.

Num diálogo com o então procurador Marcelo Miller sobre a viagem a Curitiba, ele disse: “Nós tornamos a investigação pública nos Estados Unidos, então nossa pessoa de imprensa vai simplesmente confirmar o fato mas não vai comentar sobre a investigação ou a nossa presença no Brasil. Como eu mencionei, o FBI vai confirmar sua presença no Brasil mas não vai comentar sobre a razão ou a investigação”.

Em resposta, às 9 da manhã, Aras descreve: “O Executivo está “indignado”. E zomba: “Tem gente com medo de cair na grade americana. Já prevejo viagens internacionais de fim de ano sendo canceladas”.

Os diálogos foram reproduzidos com a exata grafia em que foram recebidos pelo The Intercept Brasil, incluindo erros ortográficos. As mensagens sem nome do autor são do celular do ex-procurador Marcelo Miller, segundo apurou a reportagem.

A razão da preocupação é a FCPA – Foreign Corrupt Practices Act, ou Práticas de Corrupção no Exterior –, uma lei americana que, desde 1988, permite ao DOJ investigar e punir, nos Estados Unidos, atos de corrupção que envolvam autoridades estrangeiras praticados por empresas e pessoas estrangeiras, mesmo que não tenham ocorrido em solo americano – basta que tenha havido transferência de dinheiro por algum banco americano, que se vendam ações de empresas envolvidas na bolsa nos EUA, ou até mesmo que a propina tenha sido paga em dólares.

Com base nessa lei, a divisão de FCPA do DOJ – a mesma que entre 2014 e 2016 foi chefiada por Stokes – investigou e puniu com multas bilionárias empresas brasileiras alvos da Lava Jato, entre elas a Petrobras e a Odebrecht.

Para evitar publicidade da visita do DOJ em outubro de 2015, Dallagnol mandou a assessoria de imprensa do MPF seguir a orientação de sigilo dos americanos, conforme revela o diálogo abaixo.

“Eles podem usar essa info contra nos pelo tamanho da delegação”, escreveu Dallagnol

No dia 7 de outubro de 2015, o debate sobre como deveriam responder ao Ministério da Justiça continuou às 8 da noite. Lendo um rascunho de email proposto por Aras, Dallagnol pede mais uma vez que se escondam do governo os nomes dos americanos que estavam no Brasil. “Eu tiraria a lista anexa e diria para consultarem os americanos, para evitar ruídos e porque me parece uma ‘cobrança indevida’, mas Vc que sabe. Eles podem também usar essa info contra nos pelo tamanho da delegação. Não é suficiente informar os órgãos de origem? Isso é bom pq não inclui SEC”. Aras argumenta que não vê problema em enviar os nomes, mas acaba cedendo ao procurador.

No mesmo email, enviado para o então chefe do DRCI, eles decidem amenizar o conteúdo da visita e dizer que ela se limita a “reuniões de trabalho”, como “apresentação de linhas investigativas adotadas pelo MPF e pela PF e pelos norte-americanos no caso Lava Jato”, e não “diligências de investigação no Brasil, o que seria irregular”.

Documentos oficiais do Itamaraty obtidos pelo The Intercept contradizem a versão defendida por Dallagnol na resposta ao Ministério da Justiça. Segundo esses documentos o DOJ pediu vistos para pelo menos dois de seus procuradores – Derek Ettinger e Lorinda Laryea – detalhando que eles planejavam viajar a Curitiba “para reuniões com autoridades brasileiras a respeito da investigação da Petrobras” e com advogados dos delatores da Lava Jato. “O objetivo das reuniões é levantar evidências adicionais sobre o caso e conversar com os advogados sobre a cooperação de seus clientes com a investigação em curso nos EUA”.

Então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo afirma que foi surpreendido pela informação da presença americana em Curitiba. “Eu fui avisado pela PF de que havia uma equipe norte-americana em Curitiba estabelecendo um diálogo com autoridades, e a PF me perguntou se isso havia sido autorizado por nós. Eu não tinha a menor ciência disso.” A seguir, o ministro procurou o Itamaraty e o então procurador-geral da República Rodrigo Janot, perguntando se ele tinha ciência disso. “Ele disse que não tinha, ficou de ver do que se tratava… Ele me retornou dizendo que era uma atividade exclusivamente não funcional. Era uma situação de contatos fora de qualquer situação oficial, que tinha alguma finalidade acadêmica”, relembra. “Eu voltei a falar com a PF, a PF falou: ‘Olha, tá parecendo um pouco nebulosa essa atuação’. Nós fizemos uma interpelação para saber o que tava acontecendo, mas eu nunca tive uma resposta conclusiva sobre isso.”

“Pela legislação, quem representa a autoridade brasileira para fins de cooperação internacional é o MJ. E nós temos exatamente para isso um departamento, que é o DRCI”, detalha o ex-ministro, que afirma que já havia alertado a PGR sobre documentos que haviam sido trazidos ilegalmente da Suíça por membros da Lava Jato.

Apresentando os delatores para o DOJ

A delegação, liderada por Stokes, incluía alguns dos procuradores que se tornariam estrelas da luta anticorrupção internacional nos Estados Unidos.

O próprio Stokes deixou a chefia da seção de FCPA, no Departamento de Justiça, em 2016, para se tornar advogado de defesa de empresas que são investigadas pela mesma divisão que ele comandava. Hoje, é sócio no rico escritório Gibson, Dunn & Crutcher’s – que atende a Petrobras nos Estados Unidos – uma posição cujo salário chegou a R$ 3,2 milhões em 2017.

Além dele, estavam presentes dois procuradores-chave nos casos da Petrobras e Odebrecht, Christopher Cestaro e Lorinda Laryea. Ambos continuam atuando na divisão de FCPA do DOJ. Em 2017, Cestaro foi nomeado chefe-assistente da divisão e, em julho do ano passado, tornou-se o chefe de FCPA, comandando todas as investigações de corrupção internacional contra empresas americanas e estrangeiras.

Do lado do FBI, George “Ren” McEachern liderou até dezembro de 2017 a Unidade de Corrupção Internacional do FBI em Washington, com mais de 40 agentes, supervisionando todas as investigações de corrupção ligadas à Lava Jato. A agente Leslie Backschies, que também esteve na comitiva, era supervisora da Divisão de Operações Internacionais do FBI no continente e acompanhou de perto todas as investigações no Brasil. Ela atualmente ocupa o antigo cargo de “Ren” e supervisiona os três esquadrões do FBI dedicados a investigar corrupção pelo mundo afora.

Na terça-feira, dia 6, Dallagnol recebeu os agentes americanos com uma apresentação geral sobre as investigações, que durou uma hora.

A seguir e ao longo da quarta-feira, cada procurador fez uma exposição sobre cada um de seus investigados. Todos já haviam assinado acordos de delação premiada com a força-tarefa – a maioria após ter passado meses na prisão em Curitiba.

O procurador Paulo Galvão detalhou o caso de Alberto Youssef, talvez o mais importante colaborador da Lava Jato, cuja delação premiada fora homologada em dezembro de 2014. Testemunha-chave na operação, o doleiro já era conhecido por esquemas de corrupção desde 2002, quando atuou no caso Banestado. À Lava Jato, admitiu ter participado, por exemplo, da lavagem e distribuição de dinheiro desviado da Refinaria Abreu e Lima a políticos do PP, PMDB e PT. Sua delação levou a diversas operações da PF e sua pena chegou ao total de 122 anos de prisão, sendo reduzida a três anos pela delação premiada. “A colaboração dele [Youssef] foi estruturante. Foi a espinha dorsal”, declarou seu advogado ao UOL, na época. Desde o mês anterior, circulavam reportagens dizendo que Youssef estava negociando uma delação com os americanos.

A seguir, Galvão detalhou a situação do primeiro delator da Lava Jato, o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, cujo acordo havia sido homologado em 30 de setembro de 2014, após seis meses de prisão. O procurador explicou também os detalhes da investigação sobre Augusto Mendonça Neto, dono da empresa de construção Toyo Setal e primeiro empresário a se tornar delator.

Os procuradores Roberson Pozzobon e Antonio Carlos Welter fizeram apresentações sobre o passado de Pedro Barusco, ex-gerente de serviços na Petrobras que assinara acordo de delação em novembro do ano anterior.

Outros delatores que tiveram seus casos detalhados aos americanos foram Hamylton Padilha, lobista da Petrobras que atuava na área de aluguel de sondas para perfuração de poços; Ricardo Pessoa, ex-presidente da Construtora ETC Engenharia; e Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa.

O programa daquele dia previa, ainda, discussões sobre “quaisquer” negociações em andamento com possíveis colaboradores.

Depois de ser “brifada” sobre vários alvos da Lava Jato, a delegação americana passou dois dias negociando com advogados de delatores-chave. Cada um deles teve meia hora para apresentar seus casos e conversar sobre os termos da colaboração com as autoridades americanas.

Muitos desses contatos foram bem-sucedidos. No ano seguinte, uma nova delegação voltou a Curitiba e ao Rio de Janeiro – dessa vez com um MLAT assinado – para ouvir cinco alvos da Lava Jato. Outros delatores negociariam acordos para depor diretamente nos EUA.

“Devemos cumprir pedidos passivos sempre que possível, mas sem cair em armadilhas”

Em 9 de outubro, dia em que a missão do DOJ deixou Curitiba, Aras, que estava em férias na Alemanha, mudou o tom da conversa com Dallagnol, mostrando-se muito mais preocupado com as investigações conduzidas em solo brasileiro. Isso porque, segundo Aras, os procuradores do DOJ poderiam usar as informações contra cidadãos ou empresas brasileiras.

A preocupação demonstra como o chefe da Lava Jato em Curitiba explorou uma zona cinzenta, fazendo soar alarmes na própria PGR.

Em uma longa mensagem às 20h56, ele diz: “Delta, como já conversamos, essa investigação dos americanos realmente me preocupa. Fiquei tranquilo quando vc garantiu que esse grupo de americanos não fez investigações em Curitiba quando esteve aí. Você sabe que eles têm poucas limitações para uso de provas lá. Mesmo as obtendo de maneira menos formal no exterior, eles podem usá-las válida e te em alguns casos. Daí o meu receio inicial, já que o MPF e a SCI não podem permitir isso sob pena de gerar decisões contrárias ao auxílio direto e à autonomia do MPF nas medidas de cooperação internacional passiva e ativa. Como te disse na segunda, o MRE mencionou até a possibilidade de ‘abalo nas relações bilaterais’”, escreveu.

“Claro que devemos cumprir pedidos passivos sempre que possível, mas sem cair em armadilhas”, prossegue, pedindo mais uma vez que o assunto seja coordenado com ele para evitar “baixas de guerra”: “Vamos tocando esse assunto de forma coordenada: SCI/FT/GT. Obrigado pelos informes. Manterei vc também ciente. Que todos sejam responsabilizados pelo que fizeram, de preferência sem ‘casualties of war’. Abs.”

Força-tarefa sugeriu a americanos meios “mais flexíveis” de questionar brasileiros no Brasil e nos EUA

Na semana seguinte à missão em Curitiba, no dia 13 de outubro de 2015, os membros da força-tarefa da Lava Jato seguiam satisfeitos com a visita dos americanos, e o procurador Orlando Martello combinava com Dallagnol um email de agradecimento. Os americanos tinham pressa: queriam tomar depoimentos de delatores brasileiros já em novembro de 2015.

O rascunho do email que seria mandado para Stokes foi enviado a Dallagnol às 11:47:36. Martello brinca que pode ameaçar os investigados brasileiros de entregá-los aos americanos. “Foi muito interessante e útil para nós trabalhar com vocês e sua equipe na semana passada. Pudemos entender melhor os procedimentos nos EUA, assim como aprender sobre sua expertise em acordos. Com esse conhecimento, agora nós temos mais uma maneira de convencer empresas e indivíduos a revelar fatos: ameaçar informar ‘as autoridades Americanas’ sobre corrupção e delitos internacionais… (risos)”, escreveu Martello, em inglês.

Em tom mais sério, o procurador explica no email que há “dificuldades” e “questões legais” na tomada de depoimentos por uma autoridade estrangeira no Brasil. O maior empecilho seria um entendimento do STF de que todas as diligências no Brasil devem ser presididas por autoridades brasileiras; assim, os americanos poderiam apenas enviar perguntas a serem feitas por procuradores brasileiros. Mas os integrantes da força-tarefa tinham outras sugestões para evitar isso.

“Vamos diretamente ao ponto. Para as entrevistas que você e sua equipe planejaram conduzir aqui no Brasil em novembro, elas terão que ser conduzidas por autoridades brasileiras (por procuradores federais ou pela polícia federal). Eu não tinha ciência deste fato, mas Vladimir Aras me lembrou sobre esse entendimento da nossa Corte Suprema. Isso significa que as autoridades brasileiras têm que ‘presidir’, estar a cargo, para conduzir as entrevistas. As autoridades dos EUA podem acompanhar todas as entrevistas e podem fazer perguntas através das autoridades brasileiras. Isso pode ser feito em inglês (se o réus/colaborador e o procurador falarem inglês) ou em português com a ajuda de um tradutor. Nessas entrevistas, as autoridades brasileiras não precisam tomar notas ou registrar o que dizem os réus, mas no final das entrevistas nós anotamos um pequeno resumo do que aconteceu durante as entrevistas (um relatório sobre o ato e não sobre o conteúdo das entrevistas). Em paralelo, os agentes do FBI e quaisquer outras autoridades dos EUA podem tomar notas livremente”. Ele conclui: “Esse procedimento pode tomar muito tempo!”.

A seguir, Martello detalha quatro opções para conduzir as entrevistas de maneiras “mais flexíveis”. Primeiro, eles poderiam ouvir os colaboradores da Lava Jato nos Estados Unidos – o que é, para ele (e para Stokes), a melhor ideia, embora parte deles pudesse não aceitar ir voluntariamente para os EUA. E então sugere: “Nós podemos pressioná-los um pouco para ir para os EUA, em especial aqueles que não têm problemas financeiros, dizendo que essa é uma boa oportunidade, porque, embora seja provável que autoridades dos EUA venham para o Brasil para conduzir as entrevistas, as coisas podem mudar no futuro”. Assim seria possível evitar as limitações impostas pela decisão do STF e novas decisões que poderiam se seguir.

Ele prossegue: “Então podemos sugerir que é melhor garantir a imunidade deles o mais rápido possível”.

A segunda opção seria fazer as entrevistas no Brasil, conduzidas pelos procuradores brasileiros, e “permitir perguntas diretas pelas autoridades americanas”. “Assim, as autoridades brasileiras conduziriam/presidiriam o procedimento, mas nós o tornaríamos mais flexível”, complementou.

Martello, porém, anota: “Eu pessoalmente não acho que esta é a melhor opção porque haverá alguns advogados, como os da Odebrecht, que vão ficar sabendo deste procedimento (advogados falam uns com os outros, especialmente neste caso!) e vão reclamar”.

A terceira opção seria fazer as oitivas por videoconferência – desse modo, tecnicamente a sessão seria conduzida nos EUA e os americanos poderiam fazer as perguntas e nenhuma lei seria ferida. A opção permitiria que os depoentes permanecessem em solo brasileiro, mas fossem questionados diretamente pelas autoridades estrangeiras.

Há, ainda, uma quarta opção, sugerida por Stokes, que Martello não recomenda: realizar as entrevistas na embaixada americana, portanto em solo americano. “Eu tenho medo que a Corte Suprema Brasileira possa entender esse procedimento como uma maneira de contornar sua decisão e decidir contra nós.”

O rascunho do email entusiasmou o chefe da Lava Jato: “Ta tão lindo que se eu tivesse ai te dava umas 8 lambidas kkkkk”, escreveu Dallagnol, ao que Martello retrucou: “Da próxima vez faço pior então”.

De fato, a recomendação da Lava Jato foi seguida à risca pelos americanos. Pouco depois, os procuradores do DOJ já estavam tratando diretamente com advogados dos empresários brasileiros a sua ida para os EUA.

“EUA estão com faca e queijo na mão”

A possibilidade de os delatores colaborarem com os americanos a partir do Brasil foi assunto de diversas trocas de mensagem entre Aras e membros da força-tarefa. Nelas, se nota a constante preocupação do ex-diretor da SCI e uma tensão com Dallagnol.

Em 30 de novembro de 2015, às 21:09:52, Dallagnol avisa a Aras que os americanos já “estão ouvindo colaboradores”. Aras reage com surpresa e Deltan responde: “Não temos controle sobre as oitivas porque são uns 10 colaboradores que já estão em tratativas de acordos, ou acordos feitos. EUA estão com faca e queijo na mão para ouvirem”.

Aras pergunta se os colaboradores estão sendo ouvidos nos Estados Unidos. “Onde estão ouvindo? Informaram ao DRCI?” Dallagnol responde que, por serem nos EUA, as oitivas ocorreriam “à revelia do DRCI”. E prossegue, referindo-se à visita dos americanos no mês anterior: “Nós estamos com pressa, porque o DOJ já veio e teve encontro formal com os advogados dos colaboradores, e a partir daí os advogados vão resolver a situação dos clientes lá… Isso atende o que os americanos precisam e não dependerão mais de nós. A partir daí, perderemos força para negociar divisão do dinheiro que recuperarem. Daí nossa pressa”.

“Mas eles só conseguirão isso se colaborarmos, não? Eles não têm provas. Ou têm?”, retruca Vladimir.

Em resposta, Dallagnol diz que os americanos “conseguem sim” provas, através dos processos – todos foram publicados online através do sistema eletrônico do TRF4, cujas senhas de acesso eram e ainda são enviadas todas as semanas para centenas de jornalistas do país pelas assessorias do MPF e da Justiça Federal do Paraná.

“Eles podem pegar e usar tudo que está na web”, argumenta Dallagnol. Aras pergunta: “Quando eles farão pedido formal de oitivas?”.

“Não precisam fazer. Ouvirão nos EUA os que estão soltos e podem viajar.”

A resposta surpreende Aras: “Os advogados concordaram? Eles vão viajar sem salvo-conduto????? Loucura”.

O assunto causa alarme na PGR, e Aras vai conversar com o então procurador-geral Rodrigo Janot, que recebera uma ligação de Deltan. “Estou refletindo sobre uma posição”, escreve Aras.

“Os americanos prometeram salvo conduto”, responde Dallagnol.

“Prometer não adianta. Tem de ser no papel”, retruca Aras.

Em 17 de dezembro de 2015, Aras reitera seu desgosto com aquele arranjo entre a Justiça americana e colaboradores da Lava Jato, quando discute com Dallagnol um pedido dos EUA para uma oitiva com Hamylton Padilha, que se tornara delator em julho de 2015.

Aras explica qual seria o caminho legal a ser seguido pelas autoridades americanas.

“O ideal seria eles pedirem isso via DRCI: – execução pelo MPF (mera notificação) – transferência voluntária do colaborador aos EUA para depor – emissão de “safe passage” para o colaborador antes da viagem – tomada do depoimento nos EUA – retorno do colaborador ao Brasil”. “Safe Passage” seria um salvo-conduto, uma garantia que os brasileiros não seriam presos ao irem dar depoimento em solo americano.

Dallagnol argumenta que o delator em questão não está preso, e Aras explica que isso não importa: “A pessoa a ser transferida com salvo-conduto não precisa estar presa. Pode ser vítima, perito, testemunha, acusado/suspeito”.

Dallagnol admite, então, que a força-tarefa pode ter errado ao não avaliar as consequências da parceria com os americanos durante a visita secreta a Curitiba. “Quando estavam aqui, e não tínhamos ainda restrições, mas estávamos operando no automático, sem conhecimento da dimensão das consequências e pensando em aplicar o tratado diretamente (o que ainda não está fora de cogitação, estamos todos refletindo, creio), dissemos que não haveria problema em os colaboradores, que pudessem, ir aos EUA para prestar as declarações.”

Se de fato, porém, a ideia de Deltan não era garantir vantagens aos americanos e driblar o governo brasileiro, já era tarde demais.

Um marco no relacionamento entre a Lava Jato e o DOJ foi a primeira visita oficial aos Estados Unidos, em 9 e 10 de fevereiro de 2015, dos procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima, Marcelo Miller e Deltan Dallagnol, que acompanhavam o então procurador-geral da República Rodrigo Janot e o próprio Aras em visita cuja existência chegou a ser noticiada na imprensa brasileira.

Eles se reuniram com o DOJ, representantes da Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês), da Receita Federal americana (IRS, na sigla em inglês), do FBI e do Departamento de Segurança Interna (DHS). Foi a partir dessa visita que os procuradores passaram a discutir a vinda da comitiva a Curitiba.

Aquela missão tinha três objetivos, segundo um relatório feito pelos procuradores de Curitiba e compartilhado nos chats: agilizar o intercâmbio de informações nos casos da Lava Jato, conseguir a prioridade de execução nos pedidos de cooperação internacional já encaminhados e “criar e manter um ambiente favorável à colaboração de investigados, buscando-se o compromisso das autoridades alienígenas na não persecução daqueles que firmaram acordos com o Ministério Público Federal”. A ideia era conseguir um acordo com o DOJ de que nenhum dos delatores da Lava Jato seriam investigados nos EUA.

O relatório conclui: “Desses três objetivos, os dois primeiros foram atingidos. O terceiro ainda está sendo objeto de análise pelos Estados Unidos, por necessitar de uma apreciação mais ponderada das evidências, dos acordos e da sua contribuição para as investigações”.

No final, todos os sinais indicam que Dallagnol nunca conseguiu essa concessão dos americanos, o que deixou os delatores à mercê das autoridades americanas, negociando caso a caso.

De acordo com advogados de defesa que trabalharam nesses casos, os acordos com o DOJ são “casuísticos”, ou seja, decididos caso a caso, em negociações individuais. Advogados relataram casos em que houve a emissão de um salvo-conduto para viagens aos EUA e outros em que se chegou a um non-prosecution agreement, um compromisso formal do governo americano de que os delatores não seriam processados. Porém, em outros casos, nenhuma dessas garantias foi dada pelo governo americano ainda.

“Não há nenhum papel nosso concordando, com certeza”

Diante da hesitação dos procuradores brasileiros, os americanos foram rápidos e, a partir de dezembro de 2015, já havia delatores viajando para os Estados Unidos a fim de prestar depoimentos ao DOJ.

As notícias das viagens de Augusto Mendonça e Júlio Camargo, executivos da Toyo Setal, empresa que mantinha contratos com a Petrobras, que relataram terem pagado propina ao PT, causaram nova consternação na PGR, que voltou a pedir explicações à força-tarefa.

Mais uma vez, Dallagnol responde a Aras que não tem nenhum controle sobre as negociações diretas entre a Justiça americana e colaboradores da Lava Jato – mas se esquece de mencionar que as viagens para os EUA foram uma sugestão do seu grupo. “Lembro até que Vc tinha sugerido para preferencialmente as oitivas serem via MLAT, mas preferencialmente, ideia que só veio depois das reuniões deles e, em função disso, não temos mais controle”, escreve.

Aras retruca: “Lembro de quase tudo isso, Delta, menos de ter concordado com a prática de colaboradores receberem alguma espécie de aval do MPF para viajarem aos EUA, como andam dizendo por aí. O ok seria dado em pedidos formais de MLA, após pedidos de transferências de pessoas”.

“Pelo que entendi não há nenhum papel firmado por vcs concordando com tais viagens, ou há? Esse é o ponto da minha preocupação”, pergunta Aras.

Dallagnol responde de madrugada, à 1:04:07 do dia 7 de abril. “nenhum papela nosso concordando, com certeza”. E acrescenta: “O que fizemos foi apresentar e não nos opormos”.

“Melhor assim. Joia.” É a resposta de Aras.

Em 2016, procuradores do DOJ questionaram Cerveró, Costa e Youssef

Em julho de 2016, uma nova comitiva do DOJ veio ao Brasil para tomar depoimentos em Curitiba e no Rio de Janeiro. Dessa vez, a comitiva veio munida de MLAT e aparentemente seguiu as sugestões da equipe de Dallagnol, evitando questionamentos no STF.

O documento com a programação da viagem mostra que participaram da comitiva os advogados Lance Jasper e Carlos Costa Rodrigues, da SEC, e os procuradores do DOJ Kevin Gringas, Hector Bladuell, Davis Last, Gustavo Ruiz e, mais uma vez, Christopher Cestaro, atual chefão de FCPA do governo americano.

Da parte do FBI, vieram duas intérpretes (Tania Cannon e Elaine Nayob) e dois agentes: Becky Nguyen e Mark Schweers – ele já acompanhara a comitiva de outubro de 2015.

Entre 13 e 15 de julho, o grupo utilizou a sede da PGR no centro do Rio de Janeiro para ouvir o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa, ao longo de três sessões, totalizando nove horas de questionamentos a cada um. Quatro meses depois, em novembro daquele ano, a Folha de S.Paulo noticiou que Costa havia fechado um acordo para cooperar com o FBI e o DOJ, comprometendo-se a fornecer documentos e prestar depoimentos e entrevistas sempre que convocado.

Estavam presentes nas oitivas no Rio de Janeiro o procurador da Lava Jato fluminense Leonardo Freitas e membros da SEC, além dos advogados dos delatores.

Refinaria de Pasadena na mira

Entre 14 e 21 de julho de 2016, a agenda dos americanos foi na Procuradoria da República em Curitiba – e bastante cheia.

Uma novidade – que não constava nas apresentações iniciais listadas na agenda do encontro de outubro de 2015 – foi o contato com o ex-funcionário da Petrobras Agosthilde Mônaco de Carvalho, ex-assessor de Cerveró que atuou na compra da refinaria de Pasadena, no Texas.

Os agentes do FBI e do DOJ o questionaram durante seis horas. Ele reconhecera o pagamento de propina na compra, em novembro do ano anterior, e em depoimento ao Tribunal de Contas da União foi chamado de “homem bomba”, ao falar sobre a aprovação do Conselho da Petrobras, presidido à época por Dilma Rousseff.

Na semana da visita dos americanos, Dilma já estava afastada do cargo de presidente, no processo de impeachment a que respondia.

Os agentes americanos questionaram também o doleiro Alberto Youssef durante seis horas, assim como seu ex-funcionário Rafael Ângulo Lopez.

No último dia, a comitiva americana reuniu-se durante todo o dia para discutir o caso Odebrecht com a Lava Jato: Dallagnol, Martello, Galvão, Roberto Pozzobon e Marcelo Miller, então na PGR. A reunião começou às 10 da manhã e seguiu até as 17 horas, com direito a uma hora de almoço, segundo o documento.

DOJ vai para cima da Odebrecht

Em dezembro de 2016, pouco antes do Natal, a Odebrecht, junto com sua subsidiária Braskem – uma sociedade com a Petrobras –, fez um acordo com o DOJ no qual ambas concordaram em pagar um mínimo de US$ 3,2 bilhões aos EUA, Suíça e Brasil – total depois reduzido para US$ 2,6 bilhões – pelas práticas de corrupção ocorridas fora dos EUA. Na época, foi o maior acordo global de corrupção internacional. O acordo firmado com os EUA pelas empresas garante que elas têm que colaborar com as autoridades americanas em quaisquer investigações, disponibilizando seus funcionários para questionamentos sempre que chamados.

Advogados de defesa consultados pela reportagem afirmam que houve pelo menos mais duas delegações do DOJ para ouvir empresários da Odebrecht, na sede do MPF em São Paulo, nos anos 2017 e 2018.

As oitivas são precedidas do attorney proffer, uma negociação com advogados que estabelecem quais os pontos que o DOJ quer ouvir. Um depoimento tomado por um attorney proffer não isenta o investigado de futuros questionamentos ou investigações. Geralmente, o que se estabelece é que essas informações não serão usadas criminalmente contra eles – mas podem ser usadas, por exemplo, contra outros cidadãos brasileiros.

Houve também um número não divulgado de viagens de delatores aos EUA, além de negociações e oitivas por internet – todas essas modalidades foram sugeridas pela força-tarefa no email vazado.

Especialistas ouvidos pela reportagem destacaram problemas em cooperar com autoridades americanas sem passar pelas vias oficiais.

Falando em tese, o professor Eduardo Pitrez, da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande, afirmou que “a cooperação judiciária internacional sempre esteve vinculada ao topo do Poder Judiciário, ao STF e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), ou à diplomacia profissional, porque há elementos muito sensíveis, como a soberania nacional, interesses e disputas internacionais e questões de relacionamentos entre Estados que órgãos do sistema de justiça de menor hierarquia não estão preparados para avaliar”.

“A chamada ‘cooperação direta’ gera uma fragmentação. Com essa fragmentação, qualquer juiz, qualquer procurador ou promotor pode estabelecer relacionamento internacional a partir da agenda anticorrupção. A agenda anticorrupção permite, vamos dizer assim, chegar direto à agenda do governo em questões importantes do país, como, por exemplo, uma empresa petrolífera ou as capacidades competitivas das grandes empresas nacionais”, completa.

A professora de direito penal e econômico na Fundação Getulio Vargas, Heloísa Estellita, lembra que falta uma legislação nacional que regulamente a cooperação internacional. “No Brasil, a cooperação internacional não é regulada por lei e, por isso, há muito abuso.” Ela diz que “o estado de direito estabelece regras para as autoridades atuarem, porque elas atuam nos limites em que o povo autoriza sua ação. Fazer cooperação sem base em lei é trair o pacto democrático”. Ela falou em tese e não analisou os diálogos específicos desta reportagem.

Procurado pela reportagem, o então chefe do DRCI, Ricardo Saadi afirmou: “O contato informal e direto entre as autoridades de diferentes países é permitido e previsto em convenções internacionais. Para esse tipo de contato, não há a necessidade de elaboração de pedido baseado no MLAT”. Ele afirmou que seu email tinha como objetivo “disponibilizar o DRCI para proceder eventual pedido de cooperação jurídica internacional para obtenção de provas pelas autoridades”. E disse ainda não se recordar se houve uma resposta formal ao email.

O procurador da República Vladimir Aras defendeu a legalidade da visita e a não necessidade de autorização do Ministério da Justiça. “O Ministério Público Federal esclarece que os tratados de cooperação internacional em matéria penal, conhecidos por ‘Mutual Legal Assistance Treaties’ (MLAT), não são a única via disponível para a cooperação internacional de cunho criminal”, escreveu em nota, mencionando a : “colaboração voluntária” do investigado, cartas rogatórias e troca de informações policiais. “Ademais, o contato direto entre membros do Ministério Público de diferentes países é uma boa prática internacional, recomendada, por exemplo, desde o ano 2000 pelo Conselho da Europa.”

“As reuniões prévias e o intercâmbio de informações no curso da investigação compreendem a etapa chamada ‘pré-MLAT’. O MP e a Polícia não estão obrigados a revelar ou a reportar esses contatos a qualquer autoridade do Poder Executivo”, afirmou. “Pretender que todos os contatos com procuradores estrangeiros sejam intermediados por um só órgão em Brasília seria como submeter o MP a eventuais vicissitudes do Poder Executivo, o que representaria a perda da autonomia que a Constituição Federal conferiu à instituição, inclusive para investigar crimes praticados por altas autoridades republicanas”. Leia a nota completa.

Procurado pelo The Intercept, o Departamento de Justiça americano afirmou que não iria comentar a reportagem.

O que diz o acordo bilateral

O Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal com os Estados Unidos lista situações em que se deve pedir assistência jurídica (MLAT) através de vias oficiais. Entre elas, a tomada de depoimentos de pessoas, o fornecimento de documentos, registros e bens, transferência de pessoas sob custódia para prestar depoimento e execução de pedidos de busca e apreensão, imobilização e confisco de bens. O artigo 10 prevê justamente o tipo de viagem feita por delatores da Lava Jato aos Estados Unidos.

O acordo prevê também que a presença de autoridades do outro país para depoimento ou produção de prova em seu país, inclusive permitindo que “essas pessoas apresentem perguntas a serem feitas à pessoa que dará o testemunho ou apresentará prova”. Mas não estabelece de que forma essas perguntas devem ser apresentadas ou como o testemunho deve ser tomado.

Prevendo questões problemáticas à soberania nacional, o artigo 3o permite ainda que um dos dois países negue um pedido de assistência jurídica se o atendimento “prejudicar a segurança ou interesses essenciais semelhantes do Estado Requerido”. Ou seja, o Brasil poderia ter se negado a ajudar a investigação dos EUA sobre a Petrobras por ser uma empresa estratégica.

Respostas da Lava-Jato

Procurada pela Pública, a força-tarefa da Lava Jato respondeu por email pedindo que seu posicionamento fosse publicado na íntegra. Seguem as perguntas e respostas:

Segundo os diálogos vazados, o DRCI não aprovou a visita de procuradores americanos e agentes do FBI a Curitiba entre 6 e 9 de outubro de 2015 em reuniões com procuradores de Lava Jato e advogados de delatores. Isso não é ilegal, segundo o acordo bilateral que estabelece que todas as diligências devem ser aprovadas via um MLAT?

Para o intercâmbio de informações entre países, antes da formalização de um pedido formal por meio dos canais oficiais, é altamente recomendável e legal que as autoridades mantenham contatos informais e diretos. A cooperação informal significa que, antes da transmissão de um pedido de cooperação, as autoridades dos países envolvidos devem manter contatos, fazer reuniões, virtuais ou presenciais, discutir estratégias, com o objetivo de intercâmbio de conhecimento sobre as informações a serem pedidas e recebidas. Acordos bilaterais não esgotam as modalidades de cooperação entre países, que podem se dar, inclusive, com base em reciprocidade.

Em setembro de 2019, a força-tarefa da Lava Jato afirmou que “diversas autoridades estrangeiras de variados países vieram ao Brasil para a realização de diligências investigatórias, algumas ostensivas, outras sigilosas, conforme interesse dessas autoridades. Sendo um caso ou outro, todas as missões de autoridades estrangeiras no País são precedidas de pedido formal de cooperação e de sua autorização”. No entanto, os diálogos revelam que a missão de outubro de 2015 não foi precedida de pedido formal de cooperação ou de autorização. Por quê?

Não recebemos os dados sobre as visitas, já bastante antigas, nem a fonte da informação referente à força-tarefa. De todo modo, a necessidade de formalização da diligência ocorre quando ela tem cunho probatório (“diligências investigatórias”), destinando-se, por exemplo, a colher depoimentos formais que são enviados via canais oficiais. A informação não engloba, certamente, contatos e conversas entre autoridades, que podem se dar informalmente, por telefone ou pessoalmente. Se assim interpretada, a informação enviada entre aspas está correta. Foi exatamente esse tipo de contato direto que permitiu de modo exitoso o acesso por autoridades brasileiras a documentos bancários fundamentais para denúncias e bloqueios de milhões de dólares fruto de corrupção, desvios e lavagem de dinheiro. Do mesmo modo, o contato entre autoridades estrangeiras e advogados de colaboradores ou colaboradores é plenamente legal, podendo se dar por diversas vias.

Um documento obtido pela reportagem demonstra que os advogados do DOJ vieram a Curitiba para “levantar evidências” sobre o caso da Petrobras. Isso não a qualificaria como uma “diligência”? O que a Lava Jato classificaria como uma viagem “para a realização de diligências investigatórias”?

Diligências investigatórias constituem a produção de provas como a colheita de depoimentos, a realização de buscas e apreensões, a obtenção de documentos de natureza sigilosa ou a obtenção de atos oficiais de Estado. Não tivemos acesso ao suposto documento mencionado na pergunta, nem para verificar sua fidedignidade. Tratando-se de supostas tratativas de 2015, na época provavelmente já existiam pedidos de cooperação brasileiros pendentes de cumprimento no exterior, assim como o interesse das autoridades brasileiras de que as autoridades estrangeiras iniciassem investigações sobre empresas estrangeiras que haviam potencialmente praticados crimes no Brasil e que seriam de difícil alcance pela jurisdição brasileira, o que depois veio a se concretizar. A referência a “caso Petrobras” engloba todos os subcasos da Lava Jato e o intercâmbio com as autoridades norte-americanas, ao longo dos anos, tem se concentrado bastante no tipo de caso mencionado. Essa cooperação direta entre autoridades é reconhecida como boa prática internacional pela Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, pelo GAFI (Grupo de Ação Financeira Internacional), pelo Banco Mundial e pela AGU (Advocacia-Geral da União), dentre outros organismos.

O DRCI enviou um questionamento no dia 7 de abril, quando os americanos já estavam no Brasil, pedindo mais informações. Por que o DRCI não foi informado da presença da delegação americana?

Eventuais reuniões com autoridades alienígenas – e foram dezenas, algumas presenciais e outras virtuais com diversos países -, não necessitam de qualquer formalização via DRCI, mas apenas autorização interna dos respectivos órgãos interessados. Somente é necessário um pedido de cooperação para a produção e transmissão de documentos que serão utilizados no exterior, ou para a realização de outras diligências de cunho investigatório antes mencionadas. Nesses casos, todas as missões foram precedidas de pedido formal de cooperação. O intercâmbio de informações por meio da cooperação informal é, como dito, um procedimento legítimo e pode ser feito antes, durante e após a formalização de um pedido de cooperação internacional, e não o substitui.

Segundo documentos vazados, a Lava Jato pretendia obter do DOJ um compromisso de não-persecução penal para seus delatores. Isso foi obtido? Em caso negativo, por que a força-tarefa continuou a cooperar com o governo americano apesar da ausência deste compromisso?

Foram feitos todos os ajustes necessários para assegurar a preservação do interesse público, com o objetivo de que os colaboradores brasileiros tivessem seus acordos respeitados, como se verificou de fato até hoje.

A Lava Jato orientou os procuradores americanos a entrevistar seus delatores nos Estados Unidos? Por quê?

As autoridades estrangeiras não precisam de autorização brasileira para ouvir, entrevistar ou fazer acordo premiado com cidadãos brasileiros, colaboradores ou não, em seu território. Isso é mais verdade ainda no caso de empresas que fizeram acordos simultâneos em vários países, cujos empregados também buscavam um acordo de colaboração no exterior. O MPF, no entanto, como várias vezes já externou a colaboradores e seus advogados, sempre buscou que os acordos brasileiros fossem respeitados pelas autoridades dos outros países.

O procurador-chefe da Lava Jato Deltan Dallagnol foi questionado diversas vezes pelo SCI sobre a ida de brasileiros para os Estados Unidos prestar depoimento sem MLAT. O procurador apoiou ou aprovou esse expediente formalmente ou informalmente? Por quê?

Vários colaboradores procuraram diretamente autoridades estrangeiras – e não apenas os EUA – para formalizar diretamente acordos de colaboração. Isso foi – e é – incentivado pelo MPF, pois está dentro do escopo do acordo de colaboração firmado no Brasil, com vista a aumentar a proteção do colaborador no estrangeiro. Essa decisão cabe exclusivamente ao colaborador e seu advogado. O MPF não tem o poder legal de impedir que qualquer investigado procure autoridades no exterior para colaborar na investigação de crimes; assim, não tem qualquer ingerência nesses acordos.

Em algum momento a Lava Jato ou seu diretor evitaram compartilhar com o governo federal detalhes sobre a cooperação com os procuradores americanos? Por quê?

O governo federal é um canal para a cooperação e não a autoridade responsável pelo pedido ou cumprimento da cooperação. Assim, o departamento de cooperação internacional do governo federal foi acionado sempre que foi necessário. Não há, contudo, qualquer tipo de dever ou obrigação no sentido de compartilhar toda a investigação. Aliás, a imprensa divulgou recentemente que a força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro investiga o vazamento de informações de cooperação internacional pelo governo federal pretérito. Riscos desse tipo recomendam que informações sobre investigações, especialmente sigilosas, não sejam compartilhadas com outros órgãos de modo desnecessário.

O juiz Ricardo Leite da 10ª Vara de Justiça Federal de Brasília rejeitou a denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald, apresentada pelo Ministério Público Federal. Na decisão, o magistrado aponta que vai "deixar de receber, por ora, a denúncia contra Glenn". Ricardo tornou réu outras seis pessoas por crimes envolvendo a invasão de celulares de autoridades.

A denúncia foi apresentada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira. Para o procurador, ficou comprovado que Glenn auxiliou, incentivou e orientou o grupo durante o período das invasões hackers. Parte dessas mensagens foi usada pelo site do jornalista, o The Intercept. A série de reportagens, batizada como "Vaza Jato", mostra a orquestração do então juiz Sérgio Moro junto com os procuradores da República e os agentes e delegados da Polícia Federal que trabalharam na operação "Lava Jato".

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Segundo o site do Consultório Jurídico (Conjur), o juiz da 10ª Vara de Justia Federal de Brasília deixa claro que vai "deixar de receber, por ora, a denúncia contra Glenn" considerando a liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes proibindo as autoridades públicas de assim o fazerem. 

Procuradores da Operação Lava Jato esconderam informações da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, ao pedir seu apoio durante investigações sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2016. As mensagens foram divulgadas pela Folha de São Paulo em parceria com o site The Intercept.

 Os diálogos mostram que a força-tarefa sabia que Lula havia mencionado Rosa Weber em telefonemas grampeados e convocado aliados para influenciá-la na decisão de uma ação. Os procuradores temiam vazamentos e que a ministra aceitasse os argumentos da defesa.

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 Weber havia sido sorteada para examinar uma ação da defesa de Lula para suspender as investigações. O argumento era de que havia um conflito entre a Lava Jato e promotores de São Paulo, que também o investigavam.

 As mensagens revelam que o grampo nos telefones do ex-presidente permitiu que a força-tarefa soubesse a movimentação dos advogados e se antecipassem. O conteúdo também apresenta novos indícios da relação próxima entre procuradores e o então juiz Sergio Moro. 

 Em 26 de fevereiro de 2016, quando a ação foi protocolada, a Polícia Federal interceptou duas ligações do advogado Roberto Teixeira, sócio do escritório que defende Lula. Na gravação, Teixeira sugere que o então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, hoje senador, deveria entrar em contato com Rosa Weber.

 O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, enviou a conversa da escuta telefônica para Sergio Moro, destacando os riscos da ação no STF. O atual ministro da Justiça e da Segurança Pública já havia trabalhado como juiz instrutor no gabinete de Rosa Weber durante julgamento do Mensalão em 2012. 

"Até onde tenho presente, ela é pessoa seria. Nao tem tb a tendência de entrar em bola dividida. Mas claro, tudo é possível", escreveu o juiz para Deltan. A grafia está reproduzida conforme consta nos arquivos obtidos pelo Intercept.

 O assunto foi debatido pela força-tarefa ao longo da semana. Os procuradores avaliavam conversar com a ministra, mas não queriam entrar em detalhes. "Um contato lá seria bom, mas teríamos que abrir a existência do diálogo e poderia vazar", escreveu Deltan ao procurador Júlio Noronha sobre as conversas grampeadas de Lula. "O moro pode neutralizar", apontou o procurador Januário Paludo.

Não há registro nas mensagens de que Sergio Moro tenha procurado Rosa Weber. Ele e os procuradores disseram não ter discutido o tema com a ministra, segundo a Folha.

 Em 28 de fevereiro, os procuradores discutiram a elaboração de um documento apontando as diferenças entre as investigações em Curitiba e São Paulo a ser entregue pela Procuradoria-Geral da República a Weber.

 Deltan defendeu que seria difícil contar com o apoio do procurador-geral Rodrigo Janot sem passar informações sobre o andamento da investigação e as ações previstas contra Lula.

 O coordenador da força-tarefa foi a Brasília no dia 29 e discutiu o assunto com o chefe de gabinete de Janot, o procurador Eduardo Pelella. De acordo com as mensagens obtidas pelo Intercept, Pelella levou as informações produzidas pela força-tarefa ao Supremo à tarde e as entregou ao chefe de gabinete da ministra.

 "Boa conversa com o chefe de Gabinete dela. Mas o cara é fechadão", escreveu Pelella a Deltan no Telegram após reunião no tribunal. Pouco depois, Rosa determinou que a defesa de Lula fosse comunicada das informações apresentadas pelos procuradores de Curitiba para que se manifestasse, apontando que iria esperar uma resposta para tomar uma decisão.

 O despacho foi comemorado pela força-tarefa, que ganhava mais tempo para executar ações contra o líder do PT. As buscas e a condução coercitiva de Lula foram realizadas no dia 4 de março. No mesmo dia, Rosa assinou despacho afirmando não ter encontrado indício de ilegalidade na condução das investigações e negou o pedido dos advogados de Lula.

 "Rosa weber mandou lils pastar", afirmou o delegado Márcio Anselmo, tratando Lula pelas iniciais. Duas semanas depois, Moro determinou a interceptação e levantou o sigilo das investigações, o que tornou público os telefonemas de Lula, incluindo a conversa para que procurassem Rosa Weber. 

 A força-tarefa da Lava Jato defendeu o sigilo mantido em 2016 e destacou que a proteção de informações sensíveis em casos criminais complexos é necessária "para atender o interesse público".

 Questionados sobre os motivos para não informar à ministra Rosa Weber sobre as menções a ela nos telefonemas de Lula, os procuradores enviaram apenas uma descrição genérica. "O conhecimento de informações sensíveis só é dado às autoridades que podem ter acesso legal a elas na medida em que isso é necessário para atender o interesse público."

 A força-tarefa salientou também não reconhecer as mensagens vazadas, por serem oriundas de crimes cibernéticos, mas "ainda que fossem lícitos e autênticos, não revelam absolutamente nenhuma ilegalidade."

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, deixou de ter grande importância para o governo e transformou-se em um personagem que o presidente Jair Bolsonaro leva para o jogo. 

Mendes expôs a avaliação ao ser indagado, durante o programa Conversa com Bial comandado pelo jornalista Pedro Bial, se Moro era qualificado para integrar a Corte - como já chegou insinuar Bolsonaro. 

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“Não sou eu um bom juiz disto. O Moro chegou quase como um primeiro ministro. Depois ele virou esse personagem que o Bolsonaro leva para o jogo do Flamengo. Antes, o Bolsonaro precisava dele, agora ele passa a precisar do Bolsonaro”, alfinetou ao fugir do questionamento. 

“Tem muito tempo pela frente. Estamos vivendo um tempo em vertigem. Os dias parecem que são semanas, as semanas meses e os meses anos. Por outro lado, eu acho que o presidente terá uma imensa dificuldade de fazer essa primeira escolha [para o cargo de Ministro do STF] porque ele vai querer dar o seu toque pessoal, como fez com a PGR, mas sabe que isso é muito difícil de se fazer", acrescentou.

Outro aspecto difícil na abertura da próxima vaga no STF, na avaliação de Gilmar Mendes, é porque quem vai ser substituído é o ministro Celso de Mello. 

“É um ícone. É o homem da boa régua, do equilíbrio, da cultura, da história do direito constitucional e das garantias do direito constitucional. Não se pode pegar qualquer sujeito. Um indivíduo que for chamado para ser ministro do Supremo nessa condição terá que refletir ‘será que sou digno dessa cadeira’”, observou. 

Ainda sobre Sergio Moro, durante a entrevista o ministro voltou a falar sobre o processo de suspeição do ex-juiz na condenação que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

"Me parece que é importante debater essa questão tendo em vista que a possibilidade de que a prova ilícita seja relevante sim para efeito de exonerar alguém de responsabilidade. Esse acho que é um debate que a turma deve ter", salientou, levando em consideração as revelações expostas pela chamada Vaza Jato - que são as conversas reveladas pelo site The Intercept Brasil entre Moro e procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Durante a entrevista o ministro foi questionado também sobre a possibilidade de Lula ser solto da prisão em Curitiba. "Não sei. É uma questão que vamos ter que examinar com muito cuidado e a minha percepção de que nos círculos acadêmicos no mundo, há a impressão que há muitos vícios nesse processo do Lula e eu tenho dito que o Lula merece um julgamento justo. Tudo isso que vem se revelando, de fato, deixa suspeita sobre esse caso", disse.

Novas mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil, nesta segunda-feira (14), sugerem que os procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba divulgaram a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o caso do sítio de Atibaia de maneira estratégica. Em maio de 2017, o grupo publicizou a acusação contra o ex-presidente para tentar abafar as críticas que o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, estava recebendo na época. 

Janot estava sendo bombardeado por conta de um áudio vazado sobre a colaboração premiada dos executivos da JBS que envolvia o então presidente Michel Temer (MDB). Suspeitas apontavam que o material tinha sido editado. 

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Carlos Fernando dos Santos Lima, que era procurador da Lava Jato na ocasião, chegou a escrever para os demais colegas que a denúncia contra Lula poderia "criar distração" sobre a eventual edição da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, que gerou grande repercussão naquele momento porque a gravação deixava a entender que Temer estaria articulando uma espécie de compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB). O áudio vazou em 17 de maio e a denúncia contra Lula estava marcada para o dia seguinte, mas chegou a ser adiada pela repercussão. 

Entretanto, quando surgiu a especulação de que o conteúdo havia sido editado, os procuradores, ao conversarem sobre a necessidade de um laudo técnico da Polícia Federal, também trataram de uma forma para abafar as críticas a Janot. 

“Quem sabe não seja hora de soltar a denúncia do Lula. Assim criamos alguma coisa até o laudo”, disse Carlos Fernando no grupo Filhos do Januário 1. “Vamos criar distração e mostrar serviço”, asseverou Deltan Dallagnol. O caso do sítio Atibaia foi apresentado à Justiça no dia seguinte à essa conversa. 

Veja:

Filhos do Januário 1

21 de maio de 2017

Carlos Fernando dos Santos Lima – 20:02:26 – Quem sabe não seja hora de soltar a denúncia do Lula. Assim criamos alguma coisa até o laudo.

Deltan Dallagnol – 21:03:14 – Acho que a hora tá ficando boa tb. Vou checar se tem operação em BSB, que se tiver vai roubar toda a atenção.

Após checar com a equipe de Brasília, Deltan volta a falar no grupo

Dallagnol – 21:39:51 – Nesta semana não tem op de BSB (mantenham aqui óbvio). Da pra soltar a den Lula Cf acharmos melhor

Jerusa Viecili – 21:40:51 – Faremos o release amanhã

Santos Lima – 21:45:18 – Vamos criar distração e mostrar serviço.

--

A perícia da Polícia Federal detectou que houve cortes no áudio da conversa entre Temer e Joesley, mas descartou alterações no conteúdo que foi base, posteriormente, para uma denúncia da PGR contra o ex-presidente. 

No caso de Atibaia, Lula foi condenado na primeira instância pela juíza Gabriela Hardt a 12 anos e 11 meses de prisão. O petista aguarda o julgamento de um recurso na segunda instância no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Questionado sobre a estratégia, o Ministério Público Federal do Paraná disse que “quando nenhuma questão legal (como a existência de prazo ou risco de prescrição) ou razão de interesse público determina o momento de apresentação de uma denúncia ou manifestação, a força-tarefa ouve a equipe de comunicação quanto ao melhor momento para sua divulgação”.

O ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que se aposentou em março, não se manifestou sobre o assunto. Nem a Procuradoria-Geral da República.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disparou contra a Lava Jato em entrevista ao portal UOL e à Folha de São Paulo. Para ele, o que a Força Tarefa fazia "nada tem a ver com o Estado de Direito".

Mendes focou a maior parte das críticas em Deltan Dallagnol, chefe da Força Tarefa e acusou o procurador de atos ilegais. “Não se pode monetizar a Lava Jato. Ganhar dinheiro com a Lava Jato. Esse crime tem nome. Se chama corrupção. Quer dizer, o Lula está sendo apontado como tendo cometido ilícito por palestras. E o sujeito (Deltan) monetizava palestra? E dizia: ‘tenho uma viagem funcional para Salvador. Vocês não querem me contratar?’. E isso tá normalizado”, criticou. “O Ministério Público sabia, a corregedoria sabia e não autou”, completou o ministro do STF.

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Em outro trecho da entrevista, Gilmar Mendes, falou sobre a perseguição contra críticos da Operação e sobre as ilegalidade cometidas pela Força Tarefa. “Não se pode contrariar a Lava Jato. Há um poder soberano. Onde? Em Curitiba. Que poder é esse? Agora nós aprendemos nesse submundo o que eles faziam. Delações submetidas à contingência, perseguiam familiares... Tudo isso nada tem a ver com o estado de direito”, disparou. “Se eles estivessem no poder executivo, fechariam o congresso, fechariam o Supremo”, finalizou.

A comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados debate, em audiência pública nesta terça-feira (10), a conduta dos agentes públicos envolvidos na chamada Vaza Jato, a troca de mensagens em entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o procurador-chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol.

O procurador era esperado no debate, mas ele não compareceu e, por isso, na mesa a placa com a identificação dele foi trocada por parlamentares da oposição e ele passou a ser chamado de “Dallagnol Fujão”.

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A audiência pública foi solicitada para a discussão da legalidade e a razoabilidade administrativa da conduta de Deltan e outros envolvidos. Para justificar a ausência, o procurador teria informado aos deputados que não discutia política. 

 

O não comparecimento fez com que deputados federais e senadores levantassem no Twitter a hashtag ‘#DelataDeltan’ com comentários pedindo que o procurador falasse sobre as conversas que vem sendo divulgadas desde 9 de junho pelo site The Intercept Brasil e outros veículos.

“Deltan, como qualquer outro funcionário público deve agir com transparência, tem que responder ao povo. Nós sabemos o motivo dele fugir de mais uma audiência pública...ter que explicar o inexplicável”, disse o deputado Zeca Dirceu (PT). 

A deputada e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (RS), também comentou o assunto. “Câmara hoje discute conduta de Moro e Deltan, mas o procurador fugiu. Vamos lembrar que ele usou a Lava Jato para lucrar, disse ter dúvidas sobre prova contra Lula e admitiu que o grampo ilegal de Dilma e Lula era questão política”, disparou a petista. 

Fazendo menção a uma das revelações dos vazamentos, de que Deltan Dallagnol ensaiou candidatura ao Senado em 2018, o deputado Paulo Teixeira (PT) questionou: “Deltan mandou uma carta à Câmara dizendo que na debate questões políticas. Então como seria senador?” 

Já o deputado Carlos Veras, foi irônico e disse que quem não deve não teme. “Lula nunca fugiu do debate, longe disso, foi censurado. Hoje, quem deve respostas à população foge. Deltan não compareceu à audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a Lava Jato. Quem não deve não teme”, escreveu no Twitter.

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O não comparecimento fez com que deputados federais e senadores levantassem no Twitter a hashtag ‘#DelataDeltan’ com comentários pedindo que o procurador falasse sobre as conversas que vem sendo divulgadas desde 9 de junho pelo site The Intercept Brasil e outros veículos.

Líder do PT no Senado, Humberto Costa cobrou, nesta segunda-feira (9), uma ação do Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o ministro da Justiça e segurança Pública, Sergio Moro, e os procuradores que integram a força-tarefa da Lava Jato. 

A cobrança de Humberto acontece um dia depois do jornal Folha de São Paulo publicar uma reportagem, com base em dados recebidos pelo site The Intercept Brasil, pontuando que na mesma época em que a conversa entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, sobre a indicação de Lula para o cargo de ministro da Casa Civil, em 2016, foi vazada à imprensa, os investigadores ocultaram o conteúdo de outras ligações também interceptadas pela Polícia Federal onde o líder petista se mostra resistente à indicação - observada naquele momento como uma maneira de o proteger das investigações da Lava Jato. 

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Na avaliação de Humberto, Sergio Moro, que era o juiz responsável pelos casos contra Lula na época, omitiu o conteúdo por “má-fé”.  

"São gravíssimas as informações divulgadas pela Folha, em parceira com o site Intercept. Se alguém ainda tinha dúvidas sobre a atuação política do ex-juiz Sergio Moro e dos procuradores da Lava Jato, essas já não existem mais. Houve um conluio criminoso, cruel e irresponsável contra Lula e Dilma. Omitiram informações, agiram de má-fé e sem a isenção que o cargo exige e a Constituição determina. O STF não pode mais pecar por omissão. O Supremo precisa cumprir o seu dever de zelar pelas instituições e a democracia", afirmou o senador.

De acordo com  o senador, os novos diálogos dos integrantes da Lava Jato deixam claro que eles agiram com partidarismo e ódio político porque trechos da conversa mostram Lula sendo apelidado de "9", uma referência pejorativa ao fato de que perdeu um dos dedos da mão. 

"A cada novo diálogo divulgado a gente se assusta com tanto ódio. Num dia, desdenham do acidente que vitimou o presidente ainda jovem, no outro zombam da morte dos seus familiares. Não pareciam procuradores cumprindo o seu dever, investigando alguém por dever de ofício, mas verdadeiros inquisidores, fazendo uma caçada injusta e cega de ódio", cravou.

Ainda para Humberto, "Moro e os procuradores distribuíam informações distorcidas, sem base na realidade, apenas para reforçar a sua tese política. Mas quem conhece Lula e a história como sucedeu sabe o quanto ele exitou antes de aceitar o cargo e que jamais foi seu objetivo obter alguma vantagem por causa disso. O episódio é lamentável e hoje a gente sabe que foi determinante para que o Brasil entrasse nessa crise política e econômica, que desencadeou o golpe na presidente Dilma e na eleição de Bolsonaro, pior presidente da história desse país". 

Procurador chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol cogitou ser candidato a senador em 2018 e deixou o caminho aberto para a disputa em 2022. É o que apontam as novas mensagens reveladas pelo site The Intercept Brasil. De acordo com a reportagem, em uma conversa consigo mesmo no aplicativo Telegram, o procurador chegou a considerar sua provável eleição e ponderou que o Ministério Público Federal (MPF) deveria "lançar um candidato em cada Estado". 

Segundo a matéria, apesar de ter sido incentivado por outros procuradores, Deltan decidiu permanecer no MPF - caso fosse se candidatar ele precisaria abdicar do posto - e postergar a possibilidade para 2022. 

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“Tenho apenas 37 anos. A terceira tentação de Jesus no deserto foi um atalho para o reinado. Apesar de em 2022 ter renovação de só 1 vaga e de ser Álvaro Dias, se for para ser, será. Posso traçar plano focado em fazer mudanças e que pode acabar tendo como efeito manter essa porta aberta”, escreveu, em 29 de janeiro de 2018, para ele mesmo.

Deltan recebeu um convite, no início de 2018, para ser candidato pelo Podemos, partido, inclusive, do senador Álvaro Dias que encerra seu mandato em 2022. Em um texto de reflexão enviado para si próprio no Telegram, o procurador se viu dividido em três pontos.

O primeiro apontava para uma fácil eleição ao Senado, onde via “circunstâncias apontando possivelmente nessa direção” e um apoio de todos da Lava Jato, mas ponderou um “risco para a Lava Jato porque muitas pessoas farão uma leitura retrospectiva com uma interpretação de que a atuação desde sempre foi política”. 

“Pior ainda, pode macular mais do que a Lava Jato, mas o movimento anticorrupção como um todo, que pode parecer politicamente motivado. Por fim, a candidatura pode macular as 10+ como uma plataforma pessoal ou de Deltan para eleição, retirando aura técnica e apartidária”, pensou o procurador.

“Há ainda quem leia que uma atuação simbólica como a de Randolfe é inócua (como Josias de Souza), embora eu discorde (com Michael Mohallem). Além disso, ainda que seja algo que está no meu destino, como Joaquim Falcão disse, sair agora seria muito arriscado e não produtivo em comparação com outras opções”, emendou Dallagnol.

O segundo ponto colocado por ele para si próprio foi seguir no MPF. “Lutar pela renovação enquanto procurador: mantém a credibilidade, mas perde a intensidade que seria necessária”, avaliou. “Precisaria me dedicar bastante a isso e me programar. Para aumentar a influência, precisaria muito começar uma iniciativa de grupos de ação cidadã. Dois pilares seriam: grupos de ação cidadã em igrejas e viagens. Tem um risco de CNMP, mas é pagável, cabendo fazer uma pesquisa de campanhas públicas (de órgãos) de voto consciente, para me proteger”, acrescentou no texto. 

Já o terceiro item observado por Dallagnol em janeiro de 2018 foi abandonar a carreira de procurador sem abraçar a política partidária. “Lutar pela renovação enquanto cidadão, pedindo exoneração: esta seria a solução ideal pela perspectiva da credibilidade (não seria político, mas ativista) e de intensidade (“Não vote em Fulano). Perderia um pouco de credibilidade e visibilidade, por deixar a posição pública de coordenador da operação. Não teria riscos de corregedoria. Poderia me dedicar integralmente às 10+”, calculou.

Apoio de procuradores

Ainda de acordo com o The Intercept, as primeiras conversas sobre uma eventual candidatura de Dallagnol aconteceram em 2016, entre ele o procurador Vladimir Aras. Em dezembro daquele ano, Aras disse a Dallagnol: “Você tem de pensar no Senado”. O chefe da Lava Jato agradece e o colega insiste: “Você se elege fácil e impede um dos nossos inimigos no Senado: Requião ou Gleisi caem”.

Já em 2017, outros procuradores trataram do assunto com Deltan. A procuradora Luciana Asper Valdir pergunta a ele se teria alguma chance de ser candidato ao Senado, que responde: “Eu não gostaria, sendo sincero, por uma série de razões. Não é meu perfil, é uma turbulência na vida familiar, ganha menos, tem menos férias, fica tomando pedrada na vitrine num jogo de mentiras, correria um risco grande ao me desligar do MPF, tem a questão da LJ etc. Contudo, tem muitas pessoas que respeito muito que estão incentivando, inclusive o pessoal da LJ. Hoje, descogito, e essa é a melhor resposta para quem pergunta, até para não expor o caso”.

Em setembro, durante outra conversa, Deltan chegou a observar que não descartava a candidatura, “mas não considero completamente. Jamais falaria com partido agora, seria de idiotice total”. 

Ao amigo Vladimir Aras, em fevereiro de 2018, Deltan foi claro: "Pelas pesquisas, estaria eleito, mas tem muito mais coisa importante em jogo". E Aras ponderou: “acho que não haveria prejuízo à causa anticorrupção. Você ficou maior do que o cargo de procurador”. 

O The Intercept disse ter solicitado nova entrevista a Deltan Dallagnol, mas foi recusada, dando resposta pela a assessoria de imprensa: “O procurador Deltan Dallagnol se lembra de ter feito reflexões sobre esse assunto, mas não vai comentar pensamentos ou cogitações de caráter íntimo. As mensagens são oriundas de crime cibernético e têm sido usadas fora do contexto para acusações falsas”.

Delator da Lava Jato, o operador financeiro Adir Assad disse ter lavado milhões de reais para o Grupo Silvio Santos através de contratos fraudulentos de patrocínio esportivo. A informação foi obtida a partir dos documentos compartilhados por procuradores do Ministério Público Federal em conversas no aplicativo Telegram. A troca de mensagens foi obtida pelo site The Intercept Brasil e divulgada pelo jornal Folha de São Paulo nesta quinta-feira (29). 

De acordo com a reportagem, as afirmações de Adir Assad estão nos anexos do acordo de colaboração premiada dele, homologada em 2017. No depoimento, Assad não cita diretamente o empresário e apresentador Silvio Santos, mas cita como o sobrinho dele, Daniel Abravanel, como um dos contatos no grupo e o uso da empresa da Tele Sena. 

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Segundo o texto, Assad pontuou que o esquema aconteceu em duas épocas distintas. A primeira foi no fim dos anos 1990, quando ele disse ter fechado contratos superfaturados de patrocínio entre suas empresas e pilotos da Fórmula Indy e da categoria Indy Lights. Na ocasião, ele mantinha contatos com Guilherme Stoliar, atual presidente do Grupo Silvio Santos.

O delator descreveu que à época, o SBT tinha necessidade de fazer um caixa paralelo, mas ele não soube dizer a finalidade do dinheiro. A transação movimentou R$ 10 milhões. Entre os pilotos que foram patrocinados na ocasião, o delator citou Helio Castroneves e Tony Kanaan, mas disse que eles não sabiam das irregularidades.

A segunda etapa, em meados dos anos 2000, foi a partir de contratos de imagem e de patrocínio na Fórmula Truck. O jornal afirma que Assad disse ter transferido uma pequena parte aos patrocinados e que a maior parcela do valor era devolvido ao SBT. 

A reportagem aponta que uma das documentações observa que a Liderança Capitalização, que é responsável pela Tele Sena, pagou ao menos R$ 19 milhões para uma das empresas do operador, a Rock Star, de 2006 a 2011. As acusações sobre o grupo dono do SBT foram incluídas no acordo de Assad, segundo o jornal, seria enviado para a Justiça Federal de São Paulo. A apuração segue sob sigilo até hoje.

O formato de esquema de lavagem de dinheiro de Assad veio a tona em 2014, quando começou a ser apontado como operador por outros delatores. Ele foi preso em 2015 e condenado em quatro ações no Paraná e no Rio por crimes como lavagem de dinheiro e associação criminosa. O acordo de delação premiada fez com que ele deixasse a cadeia em  outubro do ano passado.

À reportagem, o SBT e o Grupo Silvio Santos disseram que "por desconhecerem o teor da delação" de Adir Assad, não poderiam se manifestar a respeito. "Aproveitamos para enfatizar que as empresas do GSS sempre pautaram suas condutas pelas melhores práticas de governança e dentro dos estritos princípios legais", observa a nota. 

A revelação de conversas entre procuradores da Lava Jato ironizando as últimas perdas familiares do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a partir de um conteúdo com mensagens trocadas no Telegram recebido pelo site The Intercept Brasil, gerou um desabafo da nora do líder petista, Marlene Silva. 

A mãe de Arthur Araújo Lula da Silva, neto de Lula de 7 anos que morreu em março, disse que ler as declarações dos procuradores a deixou com náusea, nojo e muita raiva.

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“Esses senhores [procuradores] não são humanos, não é possível, deu náusea, nojo, tristeza, perplexidade, indignação, raiva, muita raiva, choro... o que estão fazendo conosco! Nos deixem em paz”, disse ela em uma rede social fechada aos amigos, de acordo com a jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo. 

De acordo com reportagem do UOL dessa terça-feira (27), com base nos dados do The Intercept Brasil, os procuradores ironizaram a morte da esposa do ex-presidente, Marisa Letícia, o luto dele e divergiram quanto aos pedidos de Lula, quando já estava preso, para ir ao enterro do irmão, Genival Inácio da Silva, e do neto Arthur.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se posicionou nesta terça-feira (27), em carta, se dizendo extremamente indignado diante dos diálogos atribuídos aos procuradores da Lava Jato sobre a morte de sua esposa Marisa Letícia, do irmão Genival Inácio da Silva (Vavá), e do neto Arthur Araújo Lula da Silva,. Os diálogos publicados nesta terça (27) pelo Uol fazem parte de conteúdo obtido pelo site The Intercept Brasil.

No texto, o ex-presidente se diz injustamente condenado e frisa que não imagina o “ódio que nutriam” contra ele.

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Confira a carta na íntegra:

“Foi com extrema indignação, com repulsa mesmo, que tomei conhecimento dos diálogos em que procuradores da Lava Jato referem-se de forma debochada e até desumana às perdas de entes queridos que sofri nos anos recentes: minha esposa Marisa, meu irmão Vavá e meu netinho Arthur.

Confesso que foi um dos mais tristes momentos que passei nessa prisão em que me colocaram injustamente. Foi como se tivesse vivido outra vez aqueles momentos de dor, só que misturados a um sentimento de vergonha pelo comportamento baixo a que algumas pessoas podem chegar.

Há muito tempo venho dizendo que fui condenado por causa do governo que fiz e não por ter cometido um crime sequer. Tenho claro que Moro, Deltan e os procuradores agiram com objetivo político, pois me condenaram sem culpa e sem prova, sabendo que eu era inocente.

Mas não imaginava que o ódio que nutriam contra mim, contra o meu partido e meus companheiros, chegasse a esse ponto: tratar seres humanos com tanto desprezo, como se não tivessem direito, no mínimo, ao respeito na hora da morte. Será que eles se consideram tão superiores que podem se colocar acima da humanidade, como se colocam acima da lei?

Peço a Deus que ilumine essa gente, que poupe suas almas de tanto ódio, rancor e soberba. Quanto aos crimes que cometeram contra minha família e contra o povo brasileiro, tenho fé que, deles, um dia a Justiça cuidará.

Luiz Inácio Lula da Silva”

 

Líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) usou o Twitter, nesta terça-feira (27), para criticar a atitude de procuradores do Ministério Público Federal (MPF) que compõem a força-tarefa da Lava Jato e outras frentes de investigação diante das perdas familiares do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como a morte da sua esposa Marisa Letícia, em 2017. 

O senador chamou os procuradores de “lixo humano” após analisar as mensagens atribuídas a nomes como Deltan Dallagnol, Luara Tessler e Antônio Carlos Welter publicadas em reportagem do UOL desta terça, sobre a morte de Marisa, além de comentários que seriam de autoria dos procuradores Orlando Martello, Januário Paludo e Monique Cheker.

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“Que tipo de gente é esse? Como pode faltar a procuradores da República o mínimo de respeito à dignidade humana? Que vergonha!”, expressou Humberto. “Que lixo humano o Ministério Público Federal tem abrigado... O comportamento contra Lula foi hediondo. As condenações precisam ser anuladas”, escreveu logo em seguida.

De acordo com reportagem do UOL, a partir de mensagens recebidas pelo site The Intercept Brasil, os procuradores ironizaram a morte da esposa do ex-presidente, o luto dele e divergiram quanto aos pedidos de Lula, quando já estava preso, para ir ao enterro do irmão, Genival Inácio da Silva, e do neto, Arthur Araújo Lula da Silva. 

Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) afirmou, nesta terça-feira (27), que faltou isenção e sobraram “preconceito e ódio” entre os procuradores que compõem a força-tarefa da Lava Jato diante das perdas familiares do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

De acordo com reportagem do UOL desta terça, a partir de mensagens recebidas pelo site The Intercept Brasil, os procuradores ironizaram a morte da esposa do ex-presidente, Marisa Letícia, o luto do petista e divergiram quanto aos pedidos de Lula, quando já estava preso, para ir ao enterro do irmão, Genival Inácio da Silva, e do neto, Arthur Araújo Lula da Silva.  

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Na avaliação de Haddad, a troca de mensagens relatada na matéria é “triste”. “Realmente faltavam sobriedade e isenção e sobravam preconceito e ódio. As mortes da esposa, do irmão e do neto não foram minimamente respeitadas”, ponderou o candidato do PT à Presidência da República em 2018.

Haddad não foi o único a refutar o comportamento exposto nas conversas. O deputado federal Paulo Teixeira (PT) disse que os procuradores “prestaram concurso para procuradores de justiça sem serem justos”.

E a presidente nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (RS) questionou a quem responderão os procuradores. “Não bastasse o sofrimento causado a toda família de Lula pela forma como foram investigados, expostos, humilhados, o q sem dúvida levou a morte de d Marisa, essa turma ainda se dava ao direito de chamar de mimimi a dor de luto do Lula. A quem responderão?”, questionou. 

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