Isentos podem começar a se posicionar contra Bolsonaro

Popularidade do presidente brasileiro cai bruscamente em apenas sete meses de governo e perspectivas para 2022 podem começar a ficar incertas

por Pedro Bezerra Souza seg, 26/08/2019 - 16:51
Isac Nóbrega/PR De acordo com pesquisa, popularidade de Bolsonaro caiu mais de 20 pontos em seis meses Isac Nóbrega/PR

A pesquisa divulgada nesta segunda-feira (26) pelo instituto MDA em parceria com a CNT sobre a avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) vem causando repercussão no meio político porque os dados mostraram uma grande queda na popularidade do líder brasileiro.

Um total de 39,5% dos entrevistados avaliaram como ruim ou péssimo a gestão de Bolsonaro frente à Presidência da República. O número representa um aumento de mais de 20 pontos comparado ao índice de fevereiro, que era de 19%.

De acordo com a cientista política Sofia Trajano esse alto número trazido seis meses depois representa uma fraqueza ao governo, que vem se envolvendo em uma polêmica atrás da outra, seja com medidas impopulares, seja com afirmações fortes.

“Estamos frente a um governo sem filtro e que não mede o que fala e o que faz. Essas ações fazem com que, principalmente, o eleitor que se considera isento se posicione de alguma forma. Não há como precisar quem expressou voto negativo ao governo, mas na política entendemos que a probabilidade é que esses novos mais de 20 pontos de pessoas contrárias e Bolsonaro seja justamente de quem se posiciona numa zona de isenção”, explica Trajano.

A pesquisa também apontou que houve um crescimento na reprovação do desempenho pessoal do presidente. Em fevereiro o número era de 28,2%, agora os que avaliaram de forma negativa somam um total de 53,7%. Já a taxa de aprovação caiu de 57,5% para 41%.

“Esses novos dados podem também muito ter a ver com as polêmicas de Bolsonaro que ganharam repercussão negativa no âmbito nacional e internacional. Num curto espaço de menos de um mês temos o exemplo de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, e das queimadas na Amazônia. São assuntos gravíssimos que, de alguma maneira, o presidente trata com certo desdém. Sua popularidade cai bruscamente fora do país, mas também perde força entre os brasileiros”, detalha a cientista política Sofia Trajano.

Bolsonaro vê sua popularidade entre os brasileiros caindo dia após dia em uma marcação temporal que pode ser muito prejudicial para seu futuro frente ao Planalto. São apenas sete meses de governo que já representam um forte desgaste à sua imagem no Congresso Nacional e nas arquibancadas políticas país afora. Seguindo esse caminho, as eleições de 2022 podem representar um risco à sua reeleição. 

“Na história do Brasil tivemos alguns presidentes impopulares. A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) é um exemplo. Mas ela sofreu um desgaste acumulado de anos de liderança do PT. Com Bolsonaro é diferente sua crescente rejeição é oriunda exclusivamente de suas medidas. Os aliados e apoiadores aos poucos começam a se dissipar e, em 2022, o cenários de incerteza só aumentam. Ainda é cedo para fazer uma projeção, mas o que se sabe é que é urgente que o presidente mude sua postura enquanto chefe de estado”, pontua Sofia Trajano.

Para a pesquisa do MDA/CNT, foram realizadas 2.002 entrevistas, entre os dias 22 e 25 de agosto, em 137 municípios de 25 Unidades da Federação. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

COMENTÁRIOS dos leitores