Eleição corre risco de não ter biometria, diz especialista

O medo da contaminação pela Covid-19 também pode resultar em uma alta taxa de abstinência

por Victor Gouveia qui, 02/07/2020 - 10:45
Roberto Jayme/Ascom/TSE O contato com o equipamento e as filas pode fazer com que o TSE reveja o uso do sistema Roberto Jayme/Ascom/TSE

O adiamento das eleições municipais para os dias 15 e 29 de novembro deixou uma lacuna quanto à segurança que será proposta aos votantes em 2020. Além de elevar as incertezas em relação à credibilidade do sistema biométrico, a expectativa é que a pandemia imponha um alto índice de abstinência.

Desde 2008, com a política de recadastramento do título de eleitor, o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) investiu cifras bilionárias para captar impressões digitais dos eleitores, desenvolver softwares de leitura e proporcionar todo o equipamento necessário para garantir a segurança do sistema biométrico.

Contudo, a atual crise sanitária pode fazer com que a biometria não seja aplicada pela primeira vez. Na visão da cientista política Priscila Lapa, o contato interpessoal é principal agravante contra o sistema.

 "A questão da higiene e da colocação do dedo acarretaria mais demora e poderia ocasionar mais fila. Tem também a questão da caneta para fazer a assinatura, o que não é seguro do ponto de vista sanitário", analisou.

A crescente no número de óbitos em razão da Covid-19 na maior parte do território nacional e o alto risco de contaminação, também podem afugentar os eleitores das urnas. Embora o voto seja um direito constitucional, o baixo valor da multa aos faltantes estimula que eles fiquem em casa, em reflexo ao sacrifício que é votar em um cenário pandêmico. "Dependendo das regras e das barreiras que você imponha a esse processo, pode criar uma abstinência gigantesca", complementou a cientista.

COMENTÁRIOS dos leitores