Extratos revelam depósitos em série na loja de Flávio

As movimentações coincidem com o período em que o ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, teria recolhido parte dos salários dos funcionários do gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)

sex, 21/08/2020 - 13:55
Pedro França/Agência Senado A defesa de Flávio Bolsonaro negou qualquer irregularidade Pedro França/Agência Senado

A conta bancária da loja de chocolates no Rio de Janeiro da qual o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) é um dos sócios recebeu vários depósitos fracionados de dinheiro em espécie por mais de três anos. As movimentações coincidem com o período em que o ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, teria recolhido parte dos salários dos funcionários do gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Os registros foram obtidos pela TV Globo.

O Ministério Público do Rio identificou 1.512 movimentações entre março de 2015 e dezembro de 2018. O órgão observou um padrão nessas operações, com números redondos, o que não é comum no cotidiano de um estabelecimento comercial.

A conta do estabelecimento recebeu em dinheiro vivo 63 depósitos de R$ 1,5 mil cada; outros 63 de R$ 2 mil e 74 créditos de R$ 3 mil - houve 12 datas em que as operações se repetiram em um mesmo dia. Segundo o jornal O Globo, em 28 de novembro de 2016 foram sete depósitos fracionados, que totalizavam R$ 21 mil. Em 18 de dezembro de 2017, foram dez transações de R$ 30 mil no total. E em 25 de outubro de 2018, 11 movimentações resultaram em R$ 33 mil à conta da loja de chocolates.

Dos 74 depósitos de R$ 3 mil, apenas 12 foram feitos na boca do caixa. Os demais ocorreram por meio de terminais de autoatendimento, que aceitam até 50 notas e um total de R$ 3 mil.

Os promotores acreditam que a conta da loja recebeu valores desproporcionais ao seu faturamento. Os investigadores suspeitam que a loja tenha sido utilizada para a criação de uma "conta de passagem", pois os valores depositados voltaram para o senador por meio de lucros provavelmente fictícios.

O MP acredita que o outro sócio da loja, Alexandre Ferreira Dias Santini, tenha sido usado como "laranja" por Flávio, para encobrir a injeção de dinheiro ilícito no patrimônio da empresa.

A defesa do parlamentar negou qualquer irregularidade na conta dele e salientou que o senador já prestou informações ao MP. Fabrício Queiroz, por meio de seu advogado, disse que nunca trabalhou na loja de chocolates e que, por isso, desconhece a maneira como ela é administrada. Flávio e Queiroz são investigados por participação no esquema de "rachadinha" no gabinete.

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