Bolsonaro critica home office do presidente da Petrobras
Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro ainda questionou o salário recebido pelo dirigente da empresa
Após indicar o general da reserva Joaquim Silva e Luna para o comando da Petrobras, Jair Bolsonaro voltou a criticar, na segunda-feira (22), o fato de o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, estar trabalhando em home office desde março, em razão da pandemia de Covid-19. Castello Branco tem mais de 60 anos e faz parte do grupo de risco da doença. Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro ainda questionou o salário recebido pelo dirigente da empresa.
"O atual presidente da Petrobras está há 11 meses de casa, sem trabalhar. Trabalha de forma remota. O chefe tem de estar na frente, bem como seus diretores. Isso para mim é inadmissível. Descobri isso faz poucas semanas", afirmou o presidente. "O ritmo de trabalho de muitos servidores lá está diferenciado", completou.
"Ninguém quer perseguir servidor, muito pelo contrário, temos de valorizar os servidores, agora o petróleo é nosso ou é de um pequeno grupo no Brasil? Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras", afirmou Bolsonaro.
Na conversa com seus apoiadores, Bolsonaro ainda questionou o grupo se sabiam quanto ganha um presidente da Petrobras. Ao ouvir "R$ 50 mil", rebateu com outra pergunta: "R$ 50 mil por semana?".
Como mostrou o Estadão no fim do ano passado, na Petrobras, os membros da diretoria executiva receberam, em média, R$ 2,9 milhões em 2019. Os integrantes dos conselhos de administração e os membros do conselho fiscal ganharam, em média, R$ 194,3 mil e R$ 132,4 mil, respectivamente.
O mercado reagiu mal ao anúncio de troca no comando da empresa e as ações da Petrobras , e de outras estatais, tiveram forte queda ontem puxando o Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa de São Paulo.
Interferência. Após pedir a saída de Castello Branco, o presidente voltou a negar que tenha interferido na estatal. Ele, no entanto, deixou clara sua insatisfação com a política de preços adotada pela Petrobras, que entrou na mira do presidente nos últimos dias.
"Falam em interferência minha. Baixou o preço do combustível? Foi anunciado 15% no diesel, 10% na gasolina. Baixou o porcentual? Não está valendo o mesmo porcentual? Como que houve interferência? O que eu quero da Petrobras, exijo, é transparência e previsibilidade", disse.
Apesar de afirmar que "ninguém vai interferir" na política de preços da estatal, Bolsonaro questionou a metodologia de reajuste da Petrobras, que, para ele, "precisa ser explicada". "Eu não consigo entender num prazo de duas semanas ter um reajuste no diesel em 15%. Não foi essa a avaliação do dólar lá fora, do dólar aqui dentro, nem do preço do barril lá fora. Então tem coisa aí que tem de ser explicada. Eu não peço não, exijo transparência de quem é subordinado meu. A Petrobras não é diferente disso aí", disse Bolsonaro.
O presidente ainda disse que a Petrobras, num estado de calamidade, "tem de olhar para outros objetivos também". "Ele (Silva e Luna) é um general, sim. E esteve à frente da Itaipu Binacional por dois anos. Saneou toda a empresa, só no ano passado investiu R$ 2,5 bilhões em obras. Dentre essas obras, duas pontes com o Paraguai. A extensão da pista de Foz do Iguaçu, que vai começar a receber voos internacionais, bem como atendeu a mais de 20 municípios, com as mais variadas obras, isso não é eficiência?"