FHC diz que apoiaria Lula em um segundo turno em 2022

Ex-presidente diz que escolha seria feita com pesar, mas iria na direção do petista

seg, 12/04/2021 - 14:22
Tânia Rego/Agência Brasil Ex-presidente Fernando Henrique Cardozo, do PSDB Tânia Rego/Agência Brasil

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que apoiaria Lula em um possível segundo turno contra Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, temendo as intenções das demais opções diante do pleito tão acirrado. A preferência foi revelada com ressalvas em entrevista ao Valor Econômico nesta segunda-feira (12). FHC também comentou questões relacionadas à pandemia e possíveis cenários para as próximas eleições presidenciais.

“No segundo turno, se ficar o Lula contra o Bolsonaro, não sei se o PSDB vai fazer isso… Se depender da minha inclinação, iria nessa direção, com muita dificuldade porque o Lula jogava pedra em mim. O jogo do poder é um jogo difícil e ganhar do Lula não é brincadeira, é difícil. Ele sabe. Lula segue a regra. Instintivamente, ele sempre faz isso. Isso não quer dizer que o outro lado não possa transformar o Lula num fantasma outra vez. Pode, independentemente do Lula. É claro que eu não vou contribuir para isso nunca”, respondeu o tucano.

Mais uma vez, o ex-chefe de Estado comentou sobre o Brasil precisar de uma “novidade” que não pode ser, necessariamente, encontrada na disputa Lula vs. Bolsonaro. Para ele, a vitória do democrata Joe Biden nos Estados Unidos é uma influência positiva e que pode refletir no Brasil “de alguma forma” a possibilidade de se escolher “uma candidatura que seja equilibrada”.

O ex-presidente espera, mas não enxerga no momento o portador do perfil ideal para combater Lula e Bolsonaro em 2022: alguém que exerça liderança nacional, “atenda aos mais pobres” e seja popular.

“Estamos longe de ver alguém que simbolize essa diversidade, para ser um bom candidato de oposição”, diz. “Há governadores que têm peso. Dizem que são candidatos, mas eles não simbolizam nada nacionalmente”, acrescenta FHC, correligionário dos governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, pré-candidatos na corrida presidencial.

Para o tucano, “política não se faz com o passado, mas com o futuro” e ele volta a mencionar que o candidato petista pode aglutinar forças do centro, na falta de uma terceira via no pleito.

“Bolsonaro é mais extremo que o Lula. Se não aparecer uma [terceira] candidatura, o Lula vai somar essa gente [que hoje faz oposição ao governo] para enfrentá-lo”, diz o tucano, que tampouco é a favor do impeachment de Bolsonaro. “Estamos muito longe de uma situação de impeachment. Bolsonaro está governando. Então, acho que é insensato”, disse.

COMENTÁRIOS dos leitores