PF associa Michelle Bolsonaro ao 'gabinete do ódio'

A primeira-dama aparece em um relatório que investiga o uso de contas falsas para disseminar mensagens antidemocráticas nas redes sociais

por Kauana Portugal ter, 08/06/2021 - 12:14
Isac Nóbrega/PR Michelle Bolsonaro em discurso durante evento no Palácio do Planalto Isac Nóbrega/PR

A investigação da Polícia Federal, que faz parte do inquérito aberto para desvendar atos antidemocráticos, como os que pediram a volta do AI-5 em abril do ano passado, vinculou o nome de Michelle Bolsonaro, primeira-dama, e de um assessor do Palácio do Planalto, pertencente ao suposto “gabinete do ódio” a contas falsas usadas para disseminar mensagens nas redes sociais. As informações são do UOL.

A “hipótese criminal” escrita pelos policiais sugere que para “obter vantagens político-partidárias”, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus três filhos parlamentares - Eduardo Bolsonaro (sem partido), Carlos Bolsonaro (Republicanos) e Flávio Bolsonaro (Patriota) - articularam redes sociais para “incitar parcela da população à subversão da ordem política” de meados de 2018 até 2020.

Para comprovar os fatos, a investigação listou uma série de perfis inautênticos (falsos) detectados por uma auditoria no Facebook —e que foi confirmada por quebras de sigilos realizadas pelos agentes. No popular “grupo Brasília”, a PF localizou 31 pessoas vinculadas a contas usadas para “operações executadas por um governo para atingir seus próprios cidadãos”, conforme informou a rede social.

Entre os nomes apresentados na relação da Polícia, Michelle Bolsonaro aparece como “esposa de Jair Messias Bolsonaro”, o “proprietário” das contas Bolsonaronews, no Instagram. Também no inquérito, Tércio Arnaud Tomaz, que desempenha a função de assessor da Presidência da República no chamado “gabinete do ódio”, é apontado pela PF como proprietário das contas Bolsonaronews no Facebook e Tercio Arnaud Tomaz.

Segundo o UOL, é possível identificar rastros do vínculo da primeira-dama com as contas falsas em um relatório policial que indica a quebra de sigilos de endereços de internet. Nos dias 5 e 6 de novembro de 2018, de acordo com o documento, Arnald usou a rede de Michelle Bolsonaro, instalada na casa do presidente da República na Barra da Tijuca, localizada no Rio de Janeiro. De lá, fez login nas contas Bolsonaronews e Tercio Arnaud Tomaz.

Acessos falsos e desdobramentos da investigação

Dados revelados pelo Facebook sugerem que 1045 acessos a contas inautênticas foram feitos a partir de órgãos públicos. Foram 408 acessos de dentro da Presidência da República e outros 15 do Comando da 1a Brigada da Artilharia Antiaérea, ambos para movimentar as contas Bolsonaronews e Tercio Arnaud Tomaz.

A rede social também assegura que ambas as contas também eram acessadas de dentro da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, sem identificar de qual gabinete partiria. Já na Câmara dos Deputados, foram identificados acessos feitos pelo deputado Eduardo Bolsonaro (sem partido), e de um assessor dele.

Embora a PF tenha tentado obter o conteúdo das mensagens das contas falsas através da quebra de sigilo, parte do conteúdo não foi identificado ou indicava ter sido apagado. Na parte onde ainda foi possível realizar a leitura, contudo, há críticas ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional, além de material de propaganda para o presidente da República.

Ao final do relatório, a Polícia concluiu que é preciso aprofundar as investigações relacionadas ao uso de mídias sociais para mobilizar atos antidemocráticos nas ruas. Apesar disso, a Procuradoria-Geral da República defendeu o arquivamento das apurações relacionadas a políticos bolsonaristas.

No entanto, a decisão cabe ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, que, de acordo com o UOL, deve manter o inquérito em andamento.

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