Bolsonaristas continuam protestos, apesar da diminuição

Milhares de brasileiros se reuniram em frente ao Comando Militar do Sudeste, na cidade de São Paulo

qua, 02/11/2022 - 12:35
Miguel SCHINCARIOL Fila de caminhoneiros simpatizantes de Bolsonaro bloqueiam a Castelo Branco, em São Paulo, em 2 de novembro de 2022 Miguel SCHINCARIOL

Apoiadores bolsonaristas protestavam nesta quarta-feira (2) , embora o número de bloqueios e de interdições nas estradas tenha diminuído após o anúncio de que o presidente Jair Bolsonaro autorizou a transição para um novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Milhares de brasileiros se reuniram em frente ao Comando Militar do Sudeste, na cidade de São Paulo, apurou a AFP.

Aos gritos de "intervenção federal já!", pediam uma ação das Forças Armadas após a derrota de Bolsonaro para Lula no último domingo (30).

"Queremos intervenção federal porque exigimos a nossa liberdade. Não admitimos que um ladrão nos governe", disse Ângela Cosac, de 70 anos, à AFP ao lado de um cartaz que dizia "SOS Forças Armadas".

Outra manifestação de bolsonaristas estava planejada durante o dia na Avenida Paulista, em São Paulo.

Em todo país, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrava esta manhã 167 bloqueios em 17 estados. Na terça-feira (1º), esse número chegava a 271.

Na terça à noite, o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, pediu aos manifestantes a liberação das rodovias para "evitar prejuízos ao país" e garantir "a circulação em nossas rodovias de medicamentos, insumos, bens e combustível".

O número de bloqueios caiu, após o primeiro pronunciamento de Bolsonaro na terça-feira à tarde, no qual prometeu "cumprir a Constituição".

Bolsonaro ficou em silêncio por dois dias após perder na votação (49,1% dos votos contra 50,9% para Lula).

Seus críticos acusam-no de ter, com isso, estimulado a proliferação dos atos de protesto.

O presidente, que na terça-feira autorizou a transição no governo sem admitir sua derrota para Lula, transmitiu uma mensagem ambígua sobre os bloqueios.

Ele pediu que as manifestações fossem pacíficas e que seus seguidores não utilizassem "os mesmos métodos da esquerda", prejudicando "o direito de ir e vir". Justificou-as, porém, alegando que se originam de um sentimento de "injustiça" em relação ao processo eleitoral.

Nas redes, grupos bolsonaristas interpretaram a mensagem de Bolsonaro como um impulso para manter as mobilizações.

"O sonho continua vivo", dizia uma mensagem no Telegram, ecoando as palavras do presidente no dia anterior.

Em São Paulo, dezenas de manifestantes e caminhões permitiam a circulação por apenas uma das três pistas nos dois sentidos da principal rodovia que liga o estado ao centro-oeste do país.

Caminhões buzinavam, enquanto no asfalto os manifestantes agitavam bandeiras na frente dos veículos que passavam.

A PRF também informou que, até esta quarta, dispersou 563 manifestações.

Os bloqueios têm causado grandes transtornos, inclusive no acesso ao principal aeroporto do país, em São Paulo, Guarulhos, que teve de cancelar voos.

Ontem, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) alertou para um "risco iminente de desabastecimento e de falta de combustível", caso as estradas não sejam desbloqueadas rapidamente.

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