Deputados do PL trocam xingamentos sobre voto na reforma

Confusão no WhatsApp teve até ameaças de saída do partido e evidenciou divisão entre os parlamentares

por Vitória Silva seg, 10/07/2023 - 14:56
Reprodução Bancada do PL reunida para votar na reforma tributária Reprodução

Um racha no Partido Liberal (PL), diante da votação pela Reforma Tributária, gerou uma confusão em grupos de parlamentares no WhatsApp, provocando tensão com xingamentos e até mesmo ameaças de saída do partido. As mensagens foram obtidas pelo jornal O Globo e divulgadas nesta segunda-feira (10).

De acordo com as capturas de tela, os políticos resolveram “lavar a roupa suja” e trocar acusações três dias após a votação na Câmara, que também foi marcada por uma insatisfação nítida em relação aos deputados favoráveis à reforma, uma minoria na sigla. 

Os parlamentares ofendidos foram: Vinicius Gurgel (AP), Luciano Vieira (RJ) e Yuri do Paredão (CE). O parlamentar do Ceará, que estava de licença, já foi protagonista de polêmica dentro do partido, quando publicou uma foto ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os favoráveis à reforma foram chamados de “melancias traidores” (comunistas). 

Entre os que ofenderam os colegas estariam os deputados Carlos Jordy (RJ), líder da oposição na Câmara, André Fernandes (CE) e Gustavo Gayer (GO). Outros parlamentares mais moderados, como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (RJ), teriam tentado acalmar os ânimos internos.  

A discussão no grupo do PL esquentou quando Vinícius Gurgel passou a reclamar de "extremistas" e da perseguição aos 20 parlamentares favoráveis à reforma nas redes sociais. "Só não fico ofendendo nas redes sociais quem vota de um jeito, então peço respeito, cada um tem seu eleitor!", escreveu o parlamentar, que tentou se diferenciar dos bolsonaristas: "Não sou esquerda e nem de direita, sou conservador somente! Se quiserem pedir minha suspensão de comissões, expulsão, do jeito que vier tá bom! Não é comissão que vai me eleger!". 

Julia Zanatta (PL-SC) atribuiu as reclamações à atitude de quem fica "choramingando". "Não sei por que tanto choro". "Se tinham tanta certeza do voto, por que estão se explicando até agora?". 

Os parlamentares então passaram a discutir a possibilidade de o partido ter duas lideranças distintas para representar os grupos divergentes. Carlos Jordy (RJ), alinhado a Zanatta, reagiu: "Para mim está muito claro: o PL não vai retroagir, o caminho é consolidar-se como o maior partido conservador, de direita, de oposição no Brasil. E aqueles que não aceitam essa posição devem sair do partido". 

Na votação em primeiro turno da proposta que muda o sistema de impostos do país, a sigla deu 20 votos a favor, enquanto 75 foram contrários. O partido tem a maior bancada da Câmara, com 99 filiados em pleno exercício parlamentar. Após a discussão escalar no domingo (9), o líder da sigla, Altineu Côrtes (PL-RJ), decidiu bloquear o grupo. Assim, ninguém mais foi permitido a enviar mensagens. 

 

COMENTÁRIOS dos leitores