Caso Autonomy e HP: acusações de fraude são questionadas

computerworldpor Nowdigital sab, 24/11/2012 - 08:40

Gartner e Deloitte têm saído em defesa da Autonomy sobre as alegações de fraude feitas pela HP apresentadas à Comissão de Segurança dos Estados Unidos e ao Serious Fraud Office, do Reino Unido.

A HP disse nesta semana que uma investigação interna descobriu que a Autonomy foi substancialmente supervalorizada no momento de sua aquisição, devido à distorção do desempenho financeiro da Autonomy, incluindo sua receita, taxas de crescimento, margens brutas, e deturpação de seu mix de negócios. A HP disse que houve um "esforço intencional de enganar os investidores e compradores potenciais".

O fundador e CEO da Autonomy, Mike Lynch, negou as alegações e repassou a culpa para a HP e os auditores que estavam envolvidos no processo de aquisição. “Não consigo entender como a HP diz ter tido uma baixa contábil de quase 9 milhões de dólares e dizer que tudo isso foi causado por algo que contou com a diligência de 300 pessoas. É como se um grande elefante fosse perdido", afirma Lynch.

Martin Reynolds, vice-presidente do instituto de pesquisas Gartner, disse que as irregularidades contábeis da Autonomy foram moderadas, não enormes. "Não há dinheiro faltando, não há pagamentos secretos, subornos para déspotas ou livros contábeis camuflados. Não existem elementos que mostram irregularidades contábeis”, assinala. "Tudo gira em torno sobre como o dinheiro foi relatado.”

As acusações da HP incluem receitas e despesas camufladas, o que teria feito a Autonomy ser mais valiosa do que era antes da aquisição. A HP cita dois exemplos principais. No primeiro, a Autonomy teria registrado receita de licença para o canal, não para o cliente final, e as vendas de hardware foram usadas para inflar as vendas de software.

"A HP citou especificamente os PCs da Dell e mouses. Estou surpreso que eles mencionaram os mouses. É inimaginável que os auditores não notaram os pagamentos para a Dell, ou computadores registrados como despesa de marketing”, comenta Reynolds.

"Eles simplesmente acharam que isso não merecia um grande texto explicativo. Quanto à reserva de receita do canal, sem saber detalhes é difícil comentar. Isso pode ser tão simples quanto uma diferença entre padrões de relatórios”, completa.

Reynolds também disse que a baixa contábil em si não é uma surpresa, já que a Autonomy não está atendendo às expectativas da HP. "As irregularidades mancham o valor da marca", assinala, acrescentando, no entanto, que a situação não terá impactos nos negócios de software da HP, mas contam uma história de decisões ruins de gestão.

Deloitte, que realizou a auditoria da Autonomy no momento da aquisição pela HP, afirmou que "nega categoricamente que tinha conhecimento de quaisquer impropriedades contábeis ou deturpações nas demonstrações financeiras da Autonomy”.

"Fizemos o nosso trabalho de auditoria em total conformidade com a regulamentação e normas profissionais”, afirmou um porta-voz da Deloitte. "Vamos cooperar com as autoridades com quaisquer investigações sobre essas alegações”, completou.

Howard Sklar, consultor corporativo sênior da Recommind, concorrente da Autonomy, diz que a CEO da HP, Meg Whitman, não deve apenas colocar a culpa no ex-CEO da companhia, Leo Apotheker, e seu ex-chefe de estratégia, Shane Robinson. Sklar acredita que a culpa deve ser mais profunda do que isso.

"O governo tem dito repetidamente que os programas de conformidade precisam ter a independência organizacional para operar de forma eficaz. Uma das coisas que Meg disse durante a conferência com analistas foi que antes de sua chegada que a área de due diligence se reportava para a de estratégia”, comenta Sklar. “Uma vez que Meg descobri isso, ela fez com que a função estivesse sob responsabilidade do CFO. A estrutura organizacional da equipe que fez a diligência prejudicou a sua eficácia."

Leslie Owens, analista de software da Forrester, disse ao jornal The New York Times que o problema da HP com a Autonomy não gira em torno de suas vendas questionáveis, mas de sua tecnologia. "A HP pensou que era uma plataforma totalmente nova, mas os clientes da Autonomy disseram que não era tão boa quanto o produto de busca corporativo do Google", aponta Leslie.

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