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Gartner e Deloitte têm saído em defesa da Autonomy sobre as alegações de fraude feitas pela HP apresentadas à Comissão de Segurança dos Estados Unidos e ao Serious Fraud Office, do Reino Unido.

A HP disse nesta semana que uma investigação interna descobriu que a Autonomy foi substancialmente supervalorizada no momento de sua aquisição, devido à distorção do desempenho financeiro da Autonomy, incluindo sua receita, taxas de crescimento, margens brutas, e deturpação de seu mix de negócios. A HP disse que houve um "esforço intencional de enganar os investidores e compradores potenciais".

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O fundador e CEO da Autonomy, Mike Lynch, negou as alegações e repassou a culpa para a HP e os auditores que estavam envolvidos no processo de aquisição. “Não consigo entender como a HP diz ter tido uma baixa contábil de quase 9 milhões de dólares e dizer que tudo isso foi causado por algo que contou com a diligência de 300 pessoas. É como se um grande elefante fosse perdido", afirma Lynch.

Martin Reynolds, vice-presidente do instituto de pesquisas Gartner, disse que as irregularidades contábeis da Autonomy foram moderadas, não enormes. "Não há dinheiro faltando, não há pagamentos secretos, subornos para déspotas ou livros contábeis camuflados. Não existem elementos que mostram irregularidades contábeis”, assinala. "Tudo gira em torno sobre como o dinheiro foi relatado.”

As acusações da HP incluem receitas e despesas camufladas, o que teria feito a Autonomy ser mais valiosa do que era antes da aquisição. A HP cita dois exemplos principais. No primeiro, a Autonomy teria registrado receita de licença para o canal, não para o cliente final, e as vendas de hardware foram usadas para inflar as vendas de software.

"A HP citou especificamente os PCs da Dell e mouses. Estou surpreso que eles mencionaram os mouses. É inimaginável que os auditores não notaram os pagamentos para a Dell, ou computadores registrados como despesa de marketing”, comenta Reynolds.

"Eles simplesmente acharam que isso não merecia um grande texto explicativo. Quanto à reserva de receita do canal, sem saber detalhes é difícil comentar. Isso pode ser tão simples quanto uma diferença entre padrões de relatórios”, completa.

Reynolds também disse que a baixa contábil em si não é uma surpresa, já que a Autonomy não está atendendo às expectativas da HP. "As irregularidades mancham o valor da marca", assinala, acrescentando, no entanto, que a situação não terá impactos nos negócios de software da HP, mas contam uma história de decisões ruins de gestão.

Deloitte, que realizou a auditoria da Autonomy no momento da aquisição pela HP, afirmou que "nega categoricamente que tinha conhecimento de quaisquer impropriedades contábeis ou deturpações nas demonstrações financeiras da Autonomy”.

"Fizemos o nosso trabalho de auditoria em total conformidade com a regulamentação e normas profissionais”, afirmou um porta-voz da Deloitte. "Vamos cooperar com as autoridades com quaisquer investigações sobre essas alegações”, completou.

Howard Sklar, consultor corporativo sênior da Recommind, concorrente da Autonomy, diz que a CEO da HP, Meg Whitman, não deve apenas colocar a culpa no ex-CEO da companhia, Leo Apotheker, e seu ex-chefe de estratégia, Shane Robinson. Sklar acredita que a culpa deve ser mais profunda do que isso.

"O governo tem dito repetidamente que os programas de conformidade precisam ter a independência organizacional para operar de forma eficaz. Uma das coisas que Meg disse durante a conferência com analistas foi que antes de sua chegada que a área de due diligence se reportava para a de estratégia”, comenta Sklar. “Uma vez que Meg descobri isso, ela fez com que a função estivesse sob responsabilidade do CFO. A estrutura organizacional da equipe que fez a diligência prejudicou a sua eficácia."

Leslie Owens, analista de software da Forrester, disse ao jornal The New York Times que o problema da HP com a Autonomy não gira em torno de suas vendas questionáveis, mas de sua tecnologia. "A HP pensou que era uma plataforma totalmente nova, mas os clientes da Autonomy disseram que não era tão boa quanto o produto de busca corporativo do Google", aponta Leslie.

A CEO da Hewlett-Packard, Meg Whitman, tranquilizou os clientes dizendo que o futuro da linha de produtos Autonomy é seguro. A declaração foi realizada um dia depois de a HP ter revelado um escândalo contábil alegando que a empresa comprada no ano passado escondeu sua situação financeira.

"Continuamos 100% comprometidos com a Autonomy e suas tecnologias", afirmou Meg durante um webcast para clientes da companhia na quarta-feira (21/11). A CEO e outros executivos da HP disseram que a HP vai continuar a investir e apoiar os produtos da Autonomy, que incluem ferramentas de análise de dados, arquivamento e backup, bem como gerenciamento de conteúdo web.

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"Ainda temos grandes expectativas”, completou George Kadifa, vice-presidente-executivo da área de Software da HP.

Ainda no dia 21/11 Meg organizou uma conferência com os funcionários da divisão Autonomy para sustentar sua moral após os problemas contábeis divulgados pela HP no dia anterior. A HP está "terrivelmente preocupada" sobre como o escândalo afetaria seus funcionários, disse. "Como você se sentiria? Você se sentiria abandonado e traído", enfatizou.

"Eu disse para eles: “Não é culpa de vocês. A situação é resultado de um esforço intencional por parte de um pequeno número de funcionários da Autonomy", relatou Meg. 

Quando pergunta por um cliente se os problemas com a Autonomy eram resultado de uma falha de diligência Meg disse que não. “A compra foi supervisionada pela HP em sua gestão anterior”, lembrou. Ela reconheceu, no entanto, que estava no board da HP quando aconteceu a votação para definir a compra da empresa. A auditoria, na época, lembra, foi conduzida pela Deloitte.

Entenda o caso

Na terça-feira (20/11), a HP lançou uma bomba quando revelou que a Autonomy teria manipulado seus livros contábeis antes de a HP comprar a empresa no ano passado por 10,3 bilhões de dólares. A antiga gestão da Autonomy nega as acusações.

Segundo a HP, a Autonomy tomou medidas para tornar a empresa mais rentável do que ela realmente era. Ela também teria apontado algumas vendas de baixa margem de hardware como vendas de maior margem de software. Como resultado da suposta fraude, a HP sofreu uma baixa contábil de 8,8 bilhões de dólares no ano fiscal.

Após o acontecimento, Meg também procurou tranquilizar os clientes da HP sobre as finanças da empresa. Apesar da perda, a HP gerou mais de 4 bilhões de dólares em fluxo de caixa, disse, parte do valor foi usado para pagar as dívidas.

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