País levará 200 anos para ampliar ensino médio, diz estudo

Além do número do número de matrículas de jovens entre 15 e 17 anos ter estagnado nos últimos 15 anos, 22% deles estão fora da escola

qua, 18/10/2017 - 15:00

Se mantido o ritmo de matrículas e de casos de abandono da escola, o Brasil vai precisar de 200 anos para garantir a universalização do ensino médio. A conclusão está no estudo Políticas Públicas para Redução do Abandono e da Evasão Escolar de Jovens, conduzido por Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna. Além do número do número de matrículas de jovens entre 15 e 17 anos ter estagnado nos últimos 15 anos, 22% deles estão fora da escola. O índice é similar ao registrado no ano 2000, com 25%. 

A meta de universalizar o ensino estava prevista no Plano Nacional da Educação e deveria ter sido alcançada no ano passado. Outra conclusão da pesquisa é que o Brasil perde muito ao deixar de investir na formação dos jovens, pois pessoas que concluíram o ensino médio tendem a receber remunerações mais altas ao longo da vida do que as que não concluíram, a formar novas famílias mais tarde, têm em média um filho a menos do que teriam se tivessem abandonado os estudos, tendem a ter uma menor prevalência de doenças crônicas e estarem menos vulneráveis a situações de violência. 

Outro alerta da pesquisa é que o Brasil está perdendo dinheiro ao deixar de investir em educação. Cada jovem que abandona a escola gera um prejuízo de R$ 35 por aluno. Contando que a ada ano 3 milhões de alunos deixam a escola ou sequer se matriculam no ensino médio, o prejuízo é estimado em R$ 98 bilhões por ano. 

O Brasil investe R$ 65 bilhões por ano no ensino médio, cerca de R$ 4 mil por aluno. A pesquisa foi feita com apoio do Instituto Ayrton Sena, Instituto Unibanco e da Fundação Brava. Para Mirela Carvalho, gerente de gestão de conhecimento do Instituto Unibanco, o estudo joga uma luz sobre o problema, que para ela só serão solucionados com a resolução de problemas estruturais. A situação do Brasil parece ainda mais crítica se comparada com outros países. Segundo a Unesco, 74% dos países do mundo têm conseguido avançar mais rapidamente na inclusão dos jovens na escola. 

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