Se para as mais de 307 mil pessoas que se inscreveram para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em Pernambuco o sentimento neste domingo (4), primeiro dia das provas, é de ansiedade, para as pessoas que ficam do lado de fora aguardando os candidatos não é muito diferente.

Angustiados, os pais transformaram as ruas do entorno do bloco A da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), no bairro da Boa Vista, no Centro do Recife, em uma grande sala de espera. Sentados nas calçadas ou em bancos, eles vão passar a tarde no local aguardando o fim do exame.

É a primeira vez que a filha do técnico em eletrônica Israel Oliveira da Silva, de 57 anos, faz a prova do Enem para tentar uma vaga no curso de engenharia civil. Como moram no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, ele chegou na Unicap por volta das 10h e resolveu esperar a filha junto com a esposa.

"A gente tem medo que ela volte sozinha. Além disso, estamos mais ansiosos que ela", conta Israel, que aguarda sentado na calçada. O passatempo? muita conversa. "Estamos aproveitando que durante a semana a gente não tem muito tempo pra conversar, então estamos colocando os assuntos em dia", revela, aos risos.

Já a cuidadora Cristiane Lourenço, de 48 anos, não pretendia ficar, mas a ansiedade da filha de 17 anos, que presta o Enem por experiência, fez ela mudar os planos. "Quando estávamos no Uber chegando ela estava tão ansiosa que prometi que ficaria aqui fora aguardando", afirma. "Por sorte, estou com um livro e fone de ouvido na bolsa. E também trouxe uma fruta para enganar a fome", conta.

Mais afastado das conversas dos pais, o estudante de engenharia civil Lucas Veloso, de 21 anos, aproveitava o momento de espera para estudar. Concurseiro, ele vai tentar uma vaga no próximo concurso do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que acontece no próximo dia 2.

"Como falta pouco menos de um mês, qualquer tempinho é precioso para estudar e me preparar", conta Lucas que enquanto aguarda a namorada Juliene, que tenta uma vaga para o curso de farmácia. "Estou aqui fora ansioso por ela, mas acredito que ela vai se dar bem" disse.

Para as auxiliares administrativas Maria Lúcia Queiroz, de 61 anos, e Regiane Alves, de 38 anos, a espera acabou sendo uma oportunidade para fazer novas amizades. Vindas de Olinda, no Grande Recife, elas se conheceram neste domingo nos bancos do entorno do bloco A.

"A gente aproveita pra conversar e passar o tempo. Mãe se entende e, conversando, rapidinho o tempo passa", afirma Regiane enquanto aguarda o filho de 15 anos que faz o Enem pela primeira vez por experiência. Já a filha de Maria Lúcia tenta pela segunda vez uma vaga para medicina.

"Foi complicado para chegar. Tivemos que correr na rua para não perder, mas deu certo. Acredito que vai dar tudo certo e ela vai passar. Foi ótimo ter conhecido alguém aqui pra ficar aqui conversando, me deixa mais tranquila e diminui a minha ansiedade", conta.

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