Residência médica: dedicação é fundamental para sucesso

A especialização médica é um curso de pós-graduação e é obrigatória para os bacharéis em medicina que pretendem atender pacientes em áreas específicas

por Marcele Lima ter, 08/10/2019 - 13:34
Arquivo Pessoal Klarissa Pimentel quase desistiu de ser médica, mas seguiu a carreira dos pais Arquivo Pessoal

Medicina é um dos cursos mais concorridos nas principais universidades do Brasil. Depois da aprovação, são anos de estudo e dedicação para se tornar um profissional qualificado e pronto para cuidar da vida das pessoas. Neste processo surge a residência médica, uma modalidade de ensino de pós-graduação, instituída por Decreto Federal em setembro de 1977, para formar e direcionar os médicos para área escolhida.

Nem todos os graduados em medicina buscam por essa nova fase de formação, no entanto a grande maioria escolhe associar os estudos e os estágios com a preparação para a prova de residência médica. Cada estado e instituição de saúde divulga um edital de abertura de vagas, áreas disponíveis e critérios de seleção. Todos os médicos fazem provas de conteúdos específicos da especialidade e alguns certames podem exigir ou não avaliação curricular.

O curso funciona nas instituições de saúde e os residentes passam a ter a orientação de médicos com grau de qualificação profissional e ética elevados. Além disso, recebem uma bolsa no valor de R$3.330,43, que pode ser arcada pelo governo federal, estados ou municípios, no caso de atuação em hospitais públicos e ampliada, conforme contratante. “O funcionamento da residência depende da rotina de cada serviço, mas eles devem cumprir uma carga horária de 60 horas por semana, independente da especialidade”, explica a coordenadora de internato em pediatria da UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau e supervisora da residência médica em pediatria da Universidade de Pernambuco (UPE), Alexsandra Ferreira da Costa Coelho.

Anualmente, Pernambuco oferta mais de 1.300 vagas. Segundo Alessandra Coelho, os médicos são constantemente avaliados e fazem provas no decorrer da especialização. A coordenadora deixa um conselho para quem está se preparando para a seleção: “Escolher a especialidade que mais se identifique, sabendo que será um período de muita abdicação e dedicação”. 

Foi o que fez Klarissa Pimentel. Durante o ensino médio não pensava em ser médica, por conta dos pais que atuam na profissão. “Eu os via ‘ralando’ demais, se estressando muito e isso sempre me afastou um pouco dessa ideia”, contou. A jovem inclusive pensou, mesmo que vagamente, em estudar letras, mas não se via como professora e ao final terminou seguindo os passos dos seus pais. Klarissa estudou na Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) e durante a graduação apaixonou-se pela neonatologia, área da medicina que cuida de recém-nascidos logo depois do parto.

No terceiro ano da faculdade ela já dava plantão em uma maternidade pública do Recife e a escolha pela residência em pediatria era o caminho até a neonatologia. Klarissa fez a seleção, passou e foi trabalhar em um hospital infantil. “Eu me encantei com a 'neo'. Só que aí durante a pediatria eu conheci outras áreas”, explicou. A médica ainda cursou três anos de residência pediátrica e agora está no primeiro ano de uma nova especialização, a endocrinologia pediátrica.

 

Nada é fácil para quem que ser residente. Uma das maiores dificuldade de Klarissa Pimentel é conciliar a vida profissional, os estudos da nova residência com a vida pessoal e o casamento. Pensando no futuro mais tranquilo, ela que escolheu começar algo novo com a oportunidade de atender em ambulatórios, diminuindo carga horária e aumentando a identificação com esse setor da medicina. “Eu vi que eu gostava da assistência ambulatorial, era meu perfil essa parte de educação, de cultura e profilaxia. A gente aprende muito na prática, mas quando é a prática com alguém olhando para você e lhe ensinando, estando junto para amparar é outra coisa. Tem que estudar muito e se dedicar muito. A gente lida com vidas é uma carga muito grande. Temos que ser bons naquilo que escolhemos fazer e onde a gente mais cresce é na residência médica”, finalizou.

Em ritmo de preparação

Sonhando em conquistar uma das vagas oferecidas no estado para o próximo ano, a estudante do 12º período de Medicina da UNINASSAU Ataline Barbosa, está dedicando muitas horas do dia aos estudos, conciliando com as atividades do internato. “Percebi também que organização, planejamento e dedicação são essenciais, principalmente quando você sabe que tem que chegar em casa cansada dos estágios e só tem aquele período do dia para estudar. Por isso, sempre foco em manter minha rotina de estudos alinhada com momentos em família, descanso e lazer”, ressaltou a jovem.

Em relação a especialização pretendida, Ataline tem dúvidas do que quer seguir, contudo tem certeza que ser residente é um objetivo inicial dentro da medicina. “Penso muito em clínica médica porque essa é porta de entrada para algumas especialidades que almejo. A residência é um período de muito aprendizado, onde poderei viver novas experiências que serão enriquecedoras como profissional. O mercado atual exige cada vez mais que o médico não apenas termine a faculdade e vá trabalhar, mas que seja qualificado para enfrentar as adversidades da saúde brasileira. Por esse e outros motivos me exijo muito como estudante, para em um futuro próximo eu possa me tornar uma excelente médica”, finaliza.

Fotos: Arquivo pessoal

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