Brasil é exceção ao realizar Enem durante pandemia

Em estudo divulgado pelo Instituto Unibanco, de 19 países com provas semelhantes, apenas cinco mantiveram os cronogramas

por Maya Santos seg, 11/05/2020 - 12:26
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo Abraham Weintraub, se mostrou 'irredutível' e diz que Enem será mantido Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 abriram nesta segunda-feira (11). Até então, o cronograma de provas está mantido este ano, segundo o Ministério da Educação (MEC). Um levantamento realizado pelo Instituto Unibanco concluiu que dos 19 países com provas semelhantes, apenas cinco mantiveram os cronogramas para realizar exames de acesso ao ensino superior.

A manutenção do Enem vai na direção contrária do que acontece na maioria dos países do mundo. Com a manutenção das provas, vêm a tona preocupações e agravantes significativos. No Brasil, em que aulas presenciais estão suspensas devido a pandemia, cerca de 80% dos estudantes estão concentrados em escolas da rede pública. 

Através desse percentual, segundo o Instituto, estudantes mais pobres seriam prejudicados, pois sem a estrutura adequada para receber aulas a desigualdade educacional se mostra mais agressiva. Ou seja, estudantes em condições desfavoráveis teriam menos chance de obter boas notas para acessar o ensino superior. 

Adiamento de provas

Segundo o estudo, dez países com provas similares ao Enem adiaram a aplicação dos Exames. Foram eles: Estados Unidos, Espanha, Irlanda, China, Malásia, Singapura, Gana, Polônia, Rússia e Colômbia. Na França e no Reino Unido, a prova foi substituída por outra forma de avaliação. Na Itália e Finlândia a situação ainda está sendo avaliada.

Os Estados Unidos, por exemplo, mudaram o cronograma do SAT (teste de aptidão escolar) e algumas universidades retiraram a exigência do exame. Na China, o Gaokao – maior exame de admissão do mundo – foi adiado por um mês e será realizado em julho. Já na Rússia a decisão só será avaliada e tomada após o recesso de maio. 

Na Alemanha, Japão e Colômbia (para parte das escolas do sul do país) as provas foram mantidas. Também houve manutenção no Chile e no Egito, mas os exames nesses países serão adaptados para exigir apenas conteúdos de anos anteriores ou já abordados antes da suspensão de aulas.

Brasil

Apesar de cada país ter calendários escolares e panoramas da doenças diferentes, a perda das aulas em sua forma presencial - para evitar a propagação da Covid-19 - tem causado prejuízos objetivos [de aprendizagem] e subjetivos [emocional] aos estudantes, afirma o superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, sobre o estudo.  

Desde o início da quarentena, com a suspensão das aulas, e de forma mais incisiva nas últimas semana, pedidos para o adiamento do Enem deste ano vêm crescendo. Em reunião com o senado, na última terça-feira (5), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, se mostrou irredutível - segundo senador Weverton (PDT-MA) - quanto a mudanças no cronograma da prova

O Enem é o principal canal para acessar o ensino superior no Brasil. O cronograma da prova segue mantida, com realização das provas impressas em 1º e 8 de novembro, e com aplicação na forma digital foi adiada para 22 e 28 de novembro. Os vestibulandos poderão realizar a solicitação de isenção durante o período de inscrições no Exame, que começa nesta segunda-feira (11) e vai até 22 de maio.

COMENTÁRIOS dos leitores