O resumo do outro é melhor? Evite comparação nos estudos

Especialista alerta para os riscos de os estudantes compararem seus métodos de estudos com os de outros alunos

por Nathan Santos seg, 10/08/2020 - 17:38
Pixabay Psicólogo diz que cada um possui uma forma específica de aprendizado Pixabay

Uma série de fatores cerca a rotina dos estudantes na medida em que dedicam tempo em preparações para processos seletivos. Culturalmente, por exemplo, existe uma pressão social para que tenham sucesso em suas carreiras, da mesma forma que eles próprios se cobram no percurso até a tão sonhada aprovação. Bom rendimento, para os alunos, é um dos principais objetivos durante os estudos.

Esse conjunto de fatores, aliado à autocobrança, também traz uma perigosa análise no ambiente estudantil. Existem estudantes que compararam as suas estratégias de estudos aos métodos que outros alunos utilizam para absorver os conteúdos, em especial nas fases que antecedem vestibulares e a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Porque você não consegue produzir um resumo esteticamente bonito, colorido e cheio de letras cuidadosamente traçadas, não quer diz que você está para trás na corrida pela aprovação. Outro exemplo é quando um candidato identifica que o seu concorrente estuda mais horas líquidas que ele. O resultado é um desânimo, causado justamente por essa e outras comparações que levam um estudante a achar que o seu método de preparação é inferior aos demais.

Em sua trajetória de estudos, a recifense Amanda Tavares, de 18 anos, sofreu ao comparar a forma como estudava com os modelos de preparação dos concorrentes. Sonhando em ingressar na graduação de medicina, a jovem sentia os efeitos da ansiedade ao pensar, erroneamente, que a maneira com que os outros estudavam era superior à sua. Atualmente, Amanda é caloura de medicina da Universidade de Pernambuco (UPE).

Dino Rangel coleciona experiências na área docente como professor de geografia. Também é psicólogo e acompanha de perto a dura rotina dos estudantes que, sob a pressão da aprovação, dedicam energia aos estudos. Antes de descrever os efeitos negativos da comparação, Rangel propõe uma reflexão que nos leva a identificar por que comparamos os nossos métodos de preparação.

“Como é que você está? Porque, quando nós paramos para pensar, para refletir sobre a questão do que o outro faz, se faz bem, melhor, pior do que eu... Quando me coloco na comparação desse outro, é importante parar e pensar: como eu estou? Por que devo me comparar com esse outro? Essa comparação me fez crescer, me faz ser melhor?”, reflete o psicólogo.

De acordo com o especialista, o ser humano é singular e subjetivo. Nesse sentido, a humanidade possui formas diferentes de desempenhar os processos. “Nós temos, em cada um de nós, um potencial diferenciado e uma forma diferente de fazer as coisas. É necessário compreender que, para uma prova de concurso ou Enem, é necessário que possa dar o meu melhor de acordo com aquilo que eu compreendo, com o que eu penso que é importante e positivo para mim. Então, nada melhor do que fazer aquilo da minha forma”, explica o psicólogo e professor.

Rangel orienta que o estudante não deve ficar preocupado se o colega faz um resumo muito melhor, se escreve melhor ou se faz um planejamento superior. “Pelo contrário, tenho que parar para pensar o que estou fazendo comigo. Será que me valorizo? Será que compreendo a minha importância? E se eu compreendo a minha importância, por que não me aceito? Por que eu não faço do jeito que eu compreendo que é a minha forma de fazer?”, questiona.

Com essa reflexão, de acordo com o professor, o aluno poderá desempenhar as suas atividades da melhor maneira, adaptada às próprias características, e não da forma como os outros acham que é o melhor.

“Não será como o outro quer, mas sim como eu quero. Então, assim, eu poderei atingir o meu objetivo”, exclama o especialista. “Aceite a sua forma de estudar, claro, procurando cada vez mais melhorar, mas não tendo o outro como meio de comparação. Assim, você vai atingir de forma satisfatória e plena as suas metas”, acrescenta o psicólogo.

Segundo Dino Rangel, é indicado que os estudantes busquem o apoio de profissionais especializados que possam ajudá-los a preparar um cronograma de estudos, além de revelarem dicas que possam aprimorar as metodologias de aprendizado. Psicólogos, pedagogos, psicopedagogos e professores podem contribuir nesse processo.

COMENTÁRIOS dos leitores