Nascimento de Cristo: contexto histórico pode cair no Enem

Império Romano e o crescimento do Cristianismo são alguns dos assuntos citados

por Ruan Reis sex, 25/12/2020 - 08:00
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Entre os eventos históricos que, pela sua natureza, são quase inesquecíveis, destaca-se o nascimento de Jesus Cristo, celebrado nesta sexta-feira (25). Para entender melhor todo o contexto histórico em volta deste acontecimento, o LeiaJá conversou com professores de Ciências Humanas que contaram o que aconteceu naquela época.

Nascimento de Cristo

Na Judeia, antiga província do Império Romano, Maria e José, um carpinteiro, começam a procurar por estalagens, no entanto, os estabelecimentos estavam todos lotados e, à noite, em uma estrebaria cercada de feno com alguns animais em volta, a virgem Maria tem seu primogênito, o menino Jesus. Após o nascimento, segundo escritos bíblicos, o anjo avisa aos pastores que vão ao encontro dele. “Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor”, relatam os versículos da Bíblia.

Guiados pela estrela de Belém, os três magos do Oriente também foram ao encontro do bebê. Ao chegarem na estrebaria, encontraram o pequeno em uma manjedoura e o presentearam com ouro, incenso e mirra. Naquela mesma noite, segundo os textos bíblicos, José, pai do garoto, soube que o rei Herodes, temendo perder seu trono, ordenou que matassem o menino. “Eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para o matar”, contam os textos bíblicos.

Nessa época, o Império Romano era fundado e o primeiro imperador, Otávio Augusto, começava a passar por diversos problemas sociais, sobretudo devido ao surgimento de uma nova classe social, 'os proletários’. Essas pessoas eram famintas, moravam nas ruas e estavam realizando diversas manifestações contra o governo. “Para tentar conter essa classe, Otávio Augusto investiu em obras públicas, inclusive, é do governo dele que vem aquela famosa frase: 'todos os caminhos levam a Roma', porque foi ele que mandou construir muitas estradas para gerar empregos, e ao mesmo tempo, facilitar o deslocamento do exército para conter as revoltas", explica o professor de história Everaldo Chaves.

O imperador, para mostrar o seu poder, expandiu as fronteiras, reformou o exército e a política, e instaurou de forma autoritária a "Pax Romana" (a paz romana). Suas expansões territoriais, segundo o professor de história Arthur Lira, foram bem significativas: “[Otávio Augusto] conquistou o norte da península ibérica, as regiões alpinas da Europa, da Récia e Nórica (atuais Suíça, Baviera, Áustria, Eslovênia), Ilíria e Panônia (atuais Albânia, Croácia, Hungria, Sérvia, Montenegro, Bósnia e Herzegovina), e estendeu as fronteiras na África e Oriente Médio, incluindo a região em que Cristo nasceu”, explica Lira. No entanto, a realidade dentro e fora de Roma estava longe da paz.

Jesus, em sua passagem pela terra, conviveu com civilizações constantemente em guerra. Os gregos, persas, hebreus, fenícios, egípcios e, principalmente, os romanos, participaram de diversas batalhas. “A guerra era uma constante no mundo antigo, pois as civilizações estavam sempre dispostas a conquistar novas terras e expandir seu poderio. Entre elas, podemos destacar a violência dos assírios na Mesopotâmia, o expansionismo grego ao longo da Europa, África e Ásia, sem esquecer o poder dos romanos, que conseguiram erigir um dos maiores impérios que o mundo antigo já viu", comenta o educador de história, filosofia e sociologia Marcos Otoch.

Após a morte do rei Herodes, a Judeia ficou dividida para seus três filhos: Felipe (leste do Rio Jordão), Arquelau (Judeia, Samaria e Idumeia) e Herodes Antipas (Galileia). À noite, José recebe novamente uma notícia do anjo: “Levante-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino”, descrevem os versículos da Bíblia.

Ouvindo que Arquelau reinava na Judeia, José, preocupado com seu filho, vai para as regiões da Galileia. Chegando no vilarejo de Nazaré, Jesus começou a pregar e foi aclamado como Messias. Em 6 d.c., segundo Arthur Lira, o território da Judeia foi adicionado à província da Síria quando o imperador Otávio Augusto depôs Herodes Arquelau.

Sob o domínio do imperador, as regiões da Galácia (na atual Turquia) e da Judeia foram convertidas em províncias, passando a ter uma organização regular sob a administração romana. “É nesse contexto inclusive que Pôncio Pilatos foi governador da província romana da Judeia. Cristo conviveu com todas essas 'expansões' e mudanças administrativas do Império Romano sob a região do que denominamos hoje Oriente Médio”, detalha Lira.

Os diversos feitos de Jesus foram divulgados e o seu nome se tornou popular. “Todavia, a difusão do cristianismo na Europa se dá após a morte de Cristo, especialmente com o Apóstolo Paulo de Tarso, que viveu do século 5 ao 67 d.c, no que nós chamamos de Cristianismo Primitivo, propagando o evangelho por todo o Império Romano”, conclui o professor Arthur.

Como é cobrado no Enem?

Para presentear os estudantes neste Natal, o LeiaJá, em parceria com o projeto Vai Cair No Enem, conversou com professores que compartilharam como todo esse contexto histórico do nascimento e da vida de Cristo pode ajudar os vestibulandos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020.

Marcos Otoch, professor de história, afirma que pode ser cobrado no exame o Império Romano, período do nascimento de Cristo. “O fera tem que se ligar no Império Romano. Os governos dos imperadores, suas principais características e loucuras, o surgimento e crescimento do Cristianismo e, sobretudo, o estudante não pode esquecer das perseguições e mortes aos quais eram submetidos os cristãos”, comenta.

Os vestibulandos devem ficar de olho, segundo o docente Arthur Lira, no período da disseminação do Cristianismo, no Édito de Milão e no Édito de Tessalônica. “Os vestibulares trazem muitas questões sobre o período da difusão do Cristianismo, desde o Século 1 até o Século 4, sobretudo, marcado pela popularização e consolidação no Império Romano. Também, em 313, o Cristianismo legalizado pelo imperador Constantino através do Édito de Milão e, ao final deste mesmo século, o Édito de Tessalônica, do imperador Teodósio I, que fez do Cristianismo a única religião autorizada em todo o império, passando do politeísmo ao monoteísmo”, pontua.

A educadora de história, sociologia e filosofia Cristiane Pantoja listou os seguintes contextos históricos que podem aparecer no exame ligados ao nascimento de Cristo: “os alunos devem estudar a Idade Média e toda a influência da igreja na vida e na morte dos homens. Também devem estudar o contexto moderno quanto às reformas protestantes diante a moralidade do clero católico”, destaca.

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