Família pernambucana ainda batalha pelo sonho de bailarina

Faltando menos de 15 dias para o início das aulas da Escola do Teatro Bolshoi, Lorena Cardoso conseguiu apenas uma das passagens para Santa Catarina

por Elaine Ventura qua, 22/07/2015 - 16:24
Líbia Florentino/LeiaJáImagens/Arquivo Faltando menos de 15 dias para o início das aulas da Escola do Teatro Bolshoi, Lorena Cardoso conseguiu apenas uma das passagens para Santa Catarina Líbia Florentino/LeiaJáImagens/Arquivo

O futuro de Lorena Cardoso no Balé ainda permanece incerto. Apesar do apelo da família, na tentativa de angariar recursos para financiar a estadia da menina de onze anos em Joinville – SC, a história ainda não teve um desfecho positivo. Segundo o pai da jovem, Gedson Cardoso, as contribuições têm surgido, mas não no volume necessário para custear as despesas com a viagem e moradia.

“As pessoas têm bom coração, muitos ajudam como pode. Mas precisamos de muito mais. Ela vai passar um longo período em Santa Catarina e não temos como bancar a mãe social. Estamos lutando em busca de apoio, mas tá difícil. A cada dia que se passa um pouquinho da esperança se vai”, comenta Gedson, ressaltando que as vendas de trufas tiveram um leve acréscimo, também surgiram algumas doações de roupas e um pequeno volume em dinheiro, cujo valor total soma R$ 200.

De acordo com a diretora do Espaço e Grupo Endança, Fátima Guimarães, um grupo de mães está mobilizado na tentativa de conquistar recursos financeiros. Apesar das poucas condições financeiras, Fátima revela que o grupo já conseguiu uma das passagens para Lorena Cardoso. “Infelizmente, o que conseguimos até agora foi a passagem de ida de Lorena. Ainda estamos tentando elevar o montante, na tentativa de arrecadar mais fundos para a passagem de ida e volta do pai dela”, afirmou ao LeiaJá.

O Portal LeiaJá entrou em contato com a Escola do Teatro Bolshoi. A informação repassada pela secretaria da escola é que toda a documentação da jovem bailarina está regularizada na instituição. Mas reforçou que não cabe ao Bolshoi as despesas com a moradia dos alunos. “Recebemos toda a documentação dentro do prazo. Conosco, a única pendência em questão é que Lorena esteja aqui em Joinville até o dia 10 de agosto. Caso contrário perderá a vaga. A situação deles referente à moradia ou mãe social fica a critério da família. Não temos como intervir nesse processo”, comentou Felícia Langer, secretária da escola do Bolshoi em Santa Catarina.

De acordo com o pai de Lorena, a escolha da mãe social já foi feita. No entanto, todo acordo previamente firmado foi feito por telefone. Além de arrumar o dinheiro para manter a menina lá, seu Gedson ainda terá que avaliar a residência e a mãe que terá a guarda da menina durante esse período. “Mesmo que consiga o dinheiro para bancar o primeiro mês da mãe social, não posso deixar Lorena viajar sozinha, porque ela só tem onze anos. Também preciso conhecer onde e com quem minha filha vai morar nesse período”, explicou.

Dentre as mães cadastradas pelo Bolshoi, seu Gedson optou pela paraguaia Cristina Aguilar. Ela atua como mãe social há dois anos, quando a filha foi selecionada para integrar a escola do Bolshoi, no Brasil. Atualmente, Cristina é responsável por cinco adolescentes, entre 13 e 18 anos, que estudam no Bolshoi. “Minha filha passou pelo mesmo processo de seleção para o Bolshoi. Quando ela foi selecionada, decidi largar a rotina de supervisora de compras, numa empresa de moda no meu país, para realizar o sonho dela. Infelizmente tudo tem um custo, então me inscrevi como mãe social para manter as despesas”, afirma a mãe social, complementando que, até o momento, o contato com a família de Lorena foi verbal, reiterando a necessidade do contato direto com os responsáveis da menina. “Ela é uma criança, por isso é necessário que os pais tenham confiança na mãe social, pois será um longo tempo de convívio. Sei que para muitos o valor é grande. Mas é o que se aplica por aqui, pois se refere às despesas com alimentação, manutenção da casa e a responsabilidade com o adolescente”.  

Gedson Cardoso entrou em contato com a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, município onde a menina reside, na tentativa de conquistar algum tipo de patrocínio. Procurado pelo LeiaJá, o secretário de cultura da cidade Isaac Luna informou que a prefeitura está sensibilizado com o caso e está tentando encontrar uma forma de ajudá-la. Mas não é possível reiterar apoio direto da prefeitura, utilizando os recursos do governo sem o lançamento de um chamado público, que seja aberto a outros artistas.

O secretário informou que a Prefeitura está elaborando um projeto de captação de recursos, que será apresentado à iniciativa privada. “Nosso núcleo de fomento está finalizando um projeto que será apresentado aos empresários, na tentativa de angariar recursos para menina. Nossos servidores também estão realizando uma campanha paralela para captar além de recursos financeiros, outros tipos de doações”, declarou Isaac Luna. Questionado sobre as passagens, o secretário comentou que a Secretaria não estava ciente desta demanda, mas que esse seria o menor dos empecilhos para a viagem de Lorena. “As passagens são mais simples de conseguir, mesmo que não seja diretamente pela Prefeitura”, argumenta.

O pai de Lorena ressaltou que se não conseguir fechar com uma mãe social, está disposto a buscar um emprego e morar em Santa Catarina. “Se a gente não conseguir acertar tudo com a mãe social, eu fico com Lorena em qualquer lugar. Eu não tenho medo de trabalho. Arranco até capim se for preciso, mas ela não vai desistir do sonho”, afirmou.

Uma das formas de ajudar a realização do sonho de Lorena Cardoso é depositar qualquer quantia em dinheiro na conta corrente 124054-3, operação 013, agência 1580 da Caixa Econômica Federal, em nome de Lorena Pereira Cardoso. A família também dispõe da conta 26913-1, agência  2947 do banco Bradesco, em nome de Maria Aucina Justino, mãe da menina.

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