Livro reforça necessidade de diálogo sobre a educação
Obra organizada pelas professoras Lília Melo e Débora Ferreira é fruto de pesquisa e debate os processos educacionais no Brasil
Motivadas por acreditarem na necessidade de um espaço para diálogo, reflexão e experimentação de novas práticas pedagógicas, as professoras Lília Melo e Débora Ferreira criaram e estão lançando a obra “Letramentos no Ensino Médio: prática docente, resistência e sobrevivência na periferia da Amazônia”. O lançamento oficial vai ser nesta sexta-feira (14), às 19 horas, na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Brigadeiro Fontenelle, na Terra Firme, em Belém.
Lília Melo afirma que é importante entender o novo processo de ensino-aprendizagem e ter novas perspectivas acerca da educação. “Foi a partir da tese de doutorado defendida pela professora Débora Ferreira, na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, que decidimos transformar em uma linguagem mais didática, mais acessível no livro”, explica.
A educadora diz que a produção do livro se deu a partir da pesquisa que acompanha a prática pedagógica dela desde o início do projeto “Juventude preta periférica – do extermínio ao protagonismo”, e traz a perspectiva de uma narrativa contra-hegemônica dentro de um processo dialógico que considera saberes ancestrais e populares como saberes científicos, e que ao serem reconhecidos dessa forma devem ser levados à escola para serem aprendidos e respeitados.
Lília Melo acrescenta que as concepções pedagógicas de educadores como Paulo Freire, Lélia Gonzalez e de outras referências são importantes para despertar o protagonismo do aluno. “Os fazeres culturais, os dons artísticos de uma comunidade precisam estar presentes no cotidiano da escola”, ressalta.
O principal objetivo da obra, segundo a professora, é a desconstrução da ideia distanciada que existe de conhecimento acadêmico. Lília Melo afirma que é importante perceber que há uma prática pedagógica científica atuante dentro das periferias e das escolas públicas, e que ela precisa ser considerada dentro das academias.
“Ela precisa ser estudada, ser percebida e respeitada, e ao ser respeitada, reverberada por vários outros territórios. Nós estamos falando especificamente de um território da Amazônia, que pode se comunicar com outros territórios, tanto no Brasil, quanto fora dele. Então, esse é o principal objetivo: estabelecer diálogo e socializar experiências que já deram certo, e o que os resultados comprovam de que realmente deram certo”, reitera.
A educadora afirma que a obra tem muito a contribuir para a educação brasileira, considerando que estamos vivendo o retorno presencial das aulas em um contexto cheio de receios. A partir disso é possível perceber as necessidades da comunidade e da escola como um todo, especificamente da pública, com a finalidade de acolher essas demandas e trazer soluções para o enfrentamento desse contexto.
Lília Melo destaca que agora é necessário cuidar também da saúde mental, não somente dos alunos, mas dos responsáveis por eles, e das pessoas que se relacionam diretamente com eles. “Isso já deveria ter sido tratado, e isso já teria sido cuidado muito antes do momento pandêmico. Muito antes desse momento nós já deveríamos ter essa preocupação”, aponta.
Ela ressalta que o aluno que está dentro de sala de aula é um sujeito construído socialmente e essa comunidade com quem ele se relaciona diretamente precisa ser compreendida também. “Para que ela seja compreendida, é necessário perceber a identidade sócio-histórico e político-social de um território ao qual ele pertence”, afirma.
Para adquirir um exemplar, entrar em contato com Lília Melo:
Instagram: @liliamelotf
WhatsApp: (91) 99217-6292
Por Isabella Cordeiro.