Futebol feminino: jogadoras da seleção denunciam estrutura

Cristiane e Andressa Alves postaram desabafos em suas redes sociais, nesta quarta (17), sobre as dificuldades da categoria

por Marília Parente qua, 17/07/2019 - 16:56
Rafael Ribeiro / CBF Cristiane Rafael Ribeiro / CBF

“Copa do mundo foi linda, todo mundo amou, as pessoas ficaram felizes em conhecer nosso trabalho, porém aquele oba oba todo acabou. O que tem rolado depois de toda essa passagem? Bagunça, falta de apoio de alguns clubes com as atletas, falta de logística e brasileiro sub 18 jogando de dois em dois dias”. Assim começa o desabafo publicado por Cristiane Rozeira, atacante da Seleção Brasileira de Futebol e do São Paulo, em seu Instagram, nesta quarta (17). No texto, a atleta reivindica “uma reciclagem nas pessoas que colocamos para trabalhar com a modalidade no país” e esclarece que seu “puxão de orelha é pra geral: Confederação, Federações, Clubes e nós atletas em certas situações”.

Algumas horas depois, a meia Andressa Alves, colega de Seleção de Cristiane e recém-contratada pelo Roma, da Itália, engrossou o coro e cobrou que as jogadoras que atuam no país sejam tratadas com mais profissionalismo. “Somos tratadas de qualquer forma isso é revoltante gostaria de saber porque tanto descaso com a modalidade, o Brasil realmente precisa evoluir Confederação, Federações, Clubes. Nos tratem como profissionais, somos atletas mais antes somos pessoas e temos famílias que precisam da gente. Então porque não podemos falar? Porque temos que aceitar tanta falta de profissionais no comando da modalidade, tanta falta de respeito com o próximo? Queremos apenas que nos dê condições de trabalho adequadas, vocês cobram tanto a modalidade pra vencer uma Copa do mundo ou Olimpíadas, e vocês estão certos em cobrar é um esporte de alto nível, representamos nosso país sabemos disso, mas acredite ninguém quer vencer mais do que a gente”, escreveu Andressa Alves.

Para a atleta, a razão que separa a seleção brasileira de um título de mundial é o descaso com a estrutura do esporte. “O que pedimos é que façam acontecer o crescimento no nosso país, as pessoas amam futebol independente do gênero, que não seja um apoio de 4 em 4 anos só em grandes competições”, concluiu a meia.

Repercussão

As publicações acontecem um dia depois que Emily Lima, técnica do Santos e ex-treinadora da seleção, denunciou, nas redes sociais, a falta de leitos no hotel onde as atletas do Peixe deveriam ter se hospedado. O time precisou dormir no saguão. “Essa é a organização do nosso futebol feminino no Brasil. Esse é o respeito que o povo tem ao futebol feminino no Brasil. Porque os EUA estão tão longe de nós?”, questiona Emily, que cita ainda a declaração de Sofia Sena, atacante do Sport. Após perder para o Santos pelo placar de 9x0 a rubro-negra denunciou que seu time só consegue treinar três vezes por semana, o que o torna pouco competitivo diante do Santos, que realiza os trabalhos preparatórios diariamente.

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