Futebol feminino: jogadoras da seleção denunciam estrutura
Cristiane e Andressa Alves postaram desabafos em suas redes sociais, nesta quarta (17), sobre as dificuldades da categoria
“Copa do mundo foi linda, todo mundo amou, as pessoas ficaram felizes em conhecer nosso trabalho, porém aquele oba oba todo acabou. O que tem rolado depois de toda essa passagem? Bagunça, falta de apoio de alguns clubes com as atletas, falta de logística e brasileiro sub 18 jogando de dois em dois dias”. Assim começa o desabafo publicado por Cristiane Rozeira, atacante da Seleção Brasileira de Futebol e do São Paulo, em seu Instagram, nesta quarta (17). No texto, a atleta reivindica “uma reciclagem nas pessoas que colocamos para trabalhar com a modalidade no país” e esclarece que seu “puxão de orelha é pra geral: Confederação, Federações, Clubes e nós atletas em certas situações”.
Algumas horas depois, a meia Andressa Alves, colega de Seleção de Cristiane e recém-contratada pelo Roma, da Itália, engrossou o coro e cobrou que as jogadoras que atuam no país sejam tratadas com mais profissionalismo. “Somos tratadas de qualquer forma isso é revoltante gostaria de saber porque tanto descaso com a modalidade, o Brasil realmente precisa evoluir Confederação, Federações, Clubes. Nos tratem como profissionais, somos atletas mais antes somos pessoas e temos famílias que precisam da gente. Então porque não podemos falar? Porque temos que aceitar tanta falta de profissionais no comando da modalidade, tanta falta de respeito com o próximo? Queremos apenas que nos dê condições de trabalho adequadas, vocês cobram tanto a modalidade pra vencer uma Copa do mundo ou Olimpíadas, e vocês estão certos em cobrar é um esporte de alto nível, representamos nosso país sabemos disso, mas acredite ninguém quer vencer mais do que a gente”, escreveu Andressa Alves.
Para a atleta, a razão que separa a seleção brasileira de um título de mundial é o descaso com a estrutura do esporte. “O que pedimos é que façam acontecer o crescimento no nosso país, as pessoas amam futebol independente do gênero, que não seja um apoio de 4 em 4 anos só em grandes competições”, concluiu a meia.
Repercussão
As publicações acontecem um dia depois que Emily Lima, técnica do Santos e ex-treinadora da seleção, denunciou, nas redes sociais, a falta de leitos no hotel onde as atletas do Peixe deveriam ter se hospedado. O time precisou dormir no saguão. “Essa é a organização do nosso futebol feminino no Brasil. Esse é o respeito que o povo tem ao futebol feminino no Brasil. Porque os EUA estão tão longe de nós?”, questiona Emily, que cita ainda a declaração de Sofia Sena, atacante do Sport. Após perder para o Santos pelo placar de 9x0 a rubro-negra denunciou que seu time só consegue treinar três vezes por semana, o que o torna pouco competitivo diante do Santos, que realiza os trabalhos preparatórios diariamente.