Usando álcool para cozinhar: cresce o número de queimados

Em maio, duas donas de casa acabaram morrendo ao tentar manusear álcool para cozinhar seus alimentos

por Jameson Ramos qua, 06/06/2018 - 12:59

Mesmo com o fim da greve dos caminhoneiros, que durou mais de 10 dias em diversos Estados do Brasil, centenas de pessoas ainda não estão conseguindo comprar o gás de cozinha por um preço mais acessível, ou pelo menos encontrar o combustível nas diversas distribuidoras de Pernambuco. Com isso muitas delas estão se arriscando em fazer o fogo para cozinhas alimentos utilizando gasolina e álcool. Por conta disso, o Hospital da Restauração (HR) está com uma demanda crescente de atendimentos de pessoas queimadas. No último mês de maio, duas donas de casa acabaram morrendo devido ao manuseio do álcool para cozinhar.  

"Chegamos ao ponto de ter 90% dos pacientes adultos queimados com chamas provenientes da gasolina e do álcool", informou o cirurgião Marcos Barretto. Com o preço do gás a R$ 150, chegando até a 250 reais, algumas pessoas recorrem aos vídeos do Youtube na tentativa de encontrar alguma solução, como fez o técnico em eletrônica José Marconi Ribeiro. Na plataforma de compartilhamento de vídeos, ele procurou como fazer o gás de cozinha usando meio litro de gasolina.

Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

 "Quem são essas pessoas? Pessoal de baixa renda, pouco esclarecimento, trabalhadores que ficarão mutilados e não conseguirão voltar para o trabalho; ficarão marcados para o resto da vida", exclama Marcos Barretto. O cirurgião aponta que esses queimados ficam de vinte dias a três meses ocupando o leito hospitalar, sendo necessário passar por vários procedimentos cirúrgicos. Isso pode ser evitado e os números diminuídos, "mas o governo tem que encontrar uma solução para as donas de casa que tem um filho pequeno. Eu não posso chegar e dizer pra ela que não pode cozinhar com gasolina e álcool, pois se de madrugada o filho dela acorda com fome ela vai esquentar a mamadeira onde?", indaga Marcos, que acredita que esse problema se trata de uma questão social. 

Vandete Alessandra deu entrada no Hospital da Restauração na última segunda-feira (4), com queimaduras na parte superior do corpo, até o pescoço, depois que – na tentativa de cozinhar a janta usando carvão para fazer o fogo - o seu sobrinho jogou o álcool que ela tinha usado para acender as chamas, causando uma explosão que atingiu em cheio a dona de casa e uma amiga que estava mais próxima ao fogo. "Eu passei o dia rodando Camaragibe (cidade da Região Metropolitana do Recife) para comprar o botijão de gás, que estava por R$ 150. Como a gente não conseguiu, eu fiz o fogo e deu no que deu. Agora estou sentindo na pele literalmente", lamentou Valdete.

Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

"Quem são essas pessoas? Pessoal de baixa renda, pouco esclarecimento, trabalhadores que ficarão mutilados e não conseguirão voltar para o trabalho; ficarão marcados para o resto da vida", exclama Marcos Barretto. O cirurgião aponta que esses queimados ficam de vinte dias a três meses ocupando o leito hospitalar, sendo necessário passar por vários procedimentos cirúrgicos. Isso pode ser evitado e os números diminuídos, "mas o governo tem que encontrar uma solução para as donas de casa que tem um filho pequeno. Eu não posso chegar e dizer pra ela que não pode cozinhar com gasolina e álcool, pois se de madrugada o filho dela acorda com fome ela vai esquentar a mamadeira onde?", indaga Marcos, que acredita que esse problema se trata de uma questão social. 

Vandete Alessandra deu entrada no Hospital da Restauração na última segunda-feira (4), com queimaduras na parte superior do corpo, até o pescoço, depois que – na tentativa de cozinhar a janta usando carvão para fazer o fogo - o seu sobrinho jogou o álcool que ela tinha usado para acender as chamas, causando uma explosão que atingiu em cheio a dona de casa e uma amiga que estava mais próxima ao fogo. "Eu passei o dia rodando Camaragibe (cidade da Região Metropolitana do Recife) para comprar o botijão de gás, que estava por R$ 150. Como a gente não conseguiu, eu fiz o fogo e deu no que deu. Agora estou sentindo na pele literalmente", lamentou Valdete.

Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

O dia 6 de junho é tido como o Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, no entanto o cirurgião do HR nada tem a comemorar. "Eu estaria alegre e feliz se estivesse com os meus leitos vazios esperando as comemorações do São João. A preocupação nossa agora é o dia a dia das pessoas", diz Marcos.

 

 

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