Capitã de navio de socorro a imigrantes é solta
A alemã de 31 anos foi presa na manhã de sábado (29) e colocada sob prisão domiciliar em Lampedusa, depois transferida na segunda-feira para Agrigento, da qual depende a pequena ilha italiana
Um juiz italiano decretou, na noite desta terça-feira (2), a libertação da alemã Carola Rackete, capitã do navio humanitário "Sea-Watch", detida no último sábado após atracar e desembarcar 40 imigrantes de forma ilegal na ilha de Lampedusa.
O juiz responsável pelo caso disse à imprensa italiana que um decreto da Itália sobre segurança não é "aplicável às ações de resgate".
O ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, que deplorou a decisão do judiciário, disse que a capitã alemã estaria sujeita a uma medida de expulsão para seu país porque é "perigosa para a segurança nacional".
O afastamento do território italiano, com acompanhamento para a fronteira, ainda deve ser confirmado pelas autoridades judiciais, disse Salvini.
"Voltará para a sua Alemanha, onde não seriam tão tolerantes com um italiano se ele tivesse atentado contra a vida de policiais alemães", disse o vice-primeiro-ministro e líder da Liga (extrema-direita).
A ONG Sea-Watch postou no Twitter um comunicado sobre a libertação da alemã: "Estamos aliviados pelo fato da nossa capitã ter sido libertada! Não havia razão para detê-la, porque ela estava engajada na defesa dos direitos humanos no Mediterrâneo e assumiu suas responsabilidades onde nenhum governo europeu se envolveu".
A alemã de 31 anos foi presa na manhã de sábado (29) e colocada sob prisão domiciliar em Lampedusa, depois transferida na segunda-feira para Agrigento, da qual depende a pequena ilha italiana.
A comandante, com experiência de navegar com quebra-gelos no Ártico e na Antártica, sabia que estava se arriscando a prisão.
- ONG Sea-Watch determinada a seguir operações -
A ONG Sea-Watch comunicou na terça-feira que estaria determinada a continuar suas operações para resgatar migrantes no Mediterrâneo "se necessário com um novo navio".
"Vamos seguir fazendo respeitar os direitos humanos no Mediterrâneo e observando de perto a União Europeia, se for necessário com um novo navio, se o nosso (o "Sea-Watch 3") seguir apreendido", garantiu Ruben Neugebauer, um dos dirigentes da organização, à imprensa em Berlim.
A Sea-Watch e outras organizações recolheram "mais de um milhão" de euros graças a varias contribuições feitas pela internet para cobrir os gastos com a defesa de Rackete.
Na audiência, a jovem prestou depoimento por cerca de três horas perante o juiz, de acordo com a imprensa italiana.
Na segunda-feira, o promotor de Agrigento, Luigi Patronaggio, que também abriu uma investigação contra Salvini por sequestro de imigrantes a bordo de um barco da guarda-costeira, solicitou a validação das duas causas de detenção da capitã.
Para ele "o estado de necessidade" invocado pela jovem não era válido, pois "o Sea Watch recebeu nos dias anteriores assistência médica e estava em contato contínuo com as autoridades militares e marítimas para qualquer tipo de assistência".
Por hora, dois barcos humanitários, o "Open Arms" e o "Alan Kurdi", seguem no mar Mediterrâneo.