Netanyahu enfrenta difíceis primárias em seu partido

O vencedor das primárias terá a árdua tarefa de lidera a campanha do Likud nas legislativas de 2 de março.

qui, 26/12/2019 - 07:19
Sebastian Scheiner O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Jerusalém em 22 de dezembro de 2019 Sebastian Scheiner

Os membros do partido de direita Likud de Benjamin Netanyahu votam nesta quinta-feira para definir seu novo líder, em primárias exigidas por Gideon Saar, principal rival do primeiro-ministro israelense e que deseja assumir o comando da formação.

Os primeiros locais de votação abriram as portas às 9h (4h de Brasília). Quase 116.000 integrantes do Likud devem participar do processo até 23H00 (18H00 de Brasília). Os resultados serão divulgados na manhã de sexta-feira.

O vencedor das primárias terá a árdua tarefa de lidera a campanha do Likud nas legislativas de 2 de março.

"Precisamos de uma mudança para que o Likud permaneça no poder", declarou à AFP Yaron, 68 anos, morador de Jerusalém que votou em Gideon Saar. "Infelizmente, a instituição judicial acabou com Bibi", completou, em referência a Benjamin Netanyahu, indiciado por corrupção em três casos.

Para Nathan Moati, morador de Jerusalém de 26 anos, os partidários de Netanyahu não são afetados pelo problemas judiciais.

"Apenas Bibi pode vencer as legislativas. Todos os partidários do Likud devem votar em Netanyahu", disse.

O deputado Saar tem poucas chances de vitória nas eleições internas, que são consideradas uma espécie de referendo sobre a popularidade de Netanyahu.

Mas um resultado apertado seria um duro golpe para o primeiro-ministro, líder do Likud desde 1993, com exceção de um intervalo de seis anos quando o partido foi comandado pelo falecido Ariel Sharon, e o chefe de Governo com mais tempo de poder na história de Israel.

"Netanyahu só tem a perder", afirmou o analista Stephan Miller. "Independente do resultado obtido por Saar, esta é a primeira vez em 10 anos que eleitores da direita expressam explicitamente o desejo de se livrar de Netanyahu", completa.

Miller considera que se Gideon Saar, de 53 anos, receber mais de um terço dos votos "isto será um golpe significativo para Netanyahu".

Após as eleições antecipadas de abril, e após a segunda votação em setembro, nem Netanyahu nem o centrista Benny Gantz conseguiram o apoio de 61 deputados, número que representa a maioria parlamentar para formar o governo.

O presidente de Israel, Reuven Rivlin, confiou a missão ao próprio Parlamento, que tampouco teve êxito.

Depois que Netanyahu, de 70 anos, foi indiciado em novembro por corrupção, fraude e abuso de confiança em três casos, que ele denuncia como "acusações falsas" com motivação política, seus rivais no Likud, com Saar à frente, exigiram eleições internas.

Saar, nome importante do partido, foi ministro em diversas ocasiões, antes de ser afastado por Netanyahu em 2014.

Gideon Saar é considerado ainda mais à direita que Netanyahu, especialmente na questão palestina, mas ele se apresenta como um unificador além de seu próprio campo, com base em suas relações com os líderes de outros partidos.

Também se apoia, sem declarar abertamente, no fato de que não é acusado pela justiça, pois o partido Azul-Branco de Gantz se recusa a dividir o poder com um primeiro-ministro indiciado.

Pesquisas recentes mostraram que um Likud liderado por Saar conquistaria menos cadeiras no Parlamento em 2 de março que um partido comandado por Netanyahu.

No entanto, com Saar, eleitores do Likud poderiam votar em outros partidos de direita.

Neste caso, a direita israelense, contando todos os partidos, poderia sair reforçada das urnas e superar potencialmente a barreira da maioria parlamentar necessária para formar um governo.

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