EUA é acusado de 'pirataria moderna' na compra de EPIs

Autoridades europeias e brasileiras acusaram os EUA de impulsionar o preço de respiradores, máscaras e luvas, após negociações transversais com a China

sab, 04/04/2020 - 11:59
JIM WATSON / AFP Autoridades francesas e brasileiras já haviam criticado as negociações feita entre chineses e norte-americanos JIM WATSON / AFP

Nessa sexta-feira (3), o secretário do Interior de Berlim, Andreas Geisel, acusou os americanos de contrabandear 200 mil respiradores que seriam destinados à capital alemã. Autoridades francesas e brasileiras já haviam criticado as negociações feita entre chineses e norte-americanos, que impulsionaram o preço do equipamento e resultou na diminuição da oferta.

"Consideramos isso um ato de pirataria moderna. Não é assim que você lida com parceiros transatlânticos", disparou Geisel ao canal RBB. "Mesmo em tempos de crise global, nenhum método do 'velho oeste' deve ser usado", complementou ao solicitar que os Estados Unidos cumpram o direito internacional. Berlim já tem mais de 20 pessoas mortas pela Covid-19.

As autoridades alemãs apontam que os 200 mil respiradores - de um lote de 400 mil - encomendados à China foram desviados para os Estados Unidos na Tailândia, durante um transporte entre aeronaves.

No mesmo dia, os franceses também criticaram a postura americana e a disparada dos preços após negociações transversais dos equipamentos essenciais. "Fomos pegos de surpresas", afirmou a governadora da Ilê-de-France - região a qual Paris é alocada - Valérie Pécresse.

"Eles ofertam três vezes o preço e propuseram pagar adiantado. Eu não posso fazer isso [...] estou gastando recursos públicos e só posso pagar na entrega depois de verificar a qualidade", relatou Pécresse. A região de Ilê-de-France tem mais de 1.700 vítimas fatais

Na última quarta-feira (1º), o Ministro da Saúde Henrique Mandetta informou que a compra de equipamentos de proteção individual - como máscaras e luvas - foram frustradas após os EUA adquirirem da China uma quantidade dos produtos dividida em 23 aviões cargueiros.

"As nossas compras, que nós tínhamos expectativa de concretizar, para poder fazer o abastecimento, muitas caíram", declarou. Mandetta também pediu “uma produção mais organizada” da China e garantiu que espera que os países que “exercem seu poder muito forte de compra já tenham se saciado para que o Brasil possa adquirir”, ressaltou.

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