Dor e reflexão no último adeus a George Floyd em Houston
A morte de Floyd por um policial branco, que o asfixiou pressionando o joelho sobre seu pescoço, gerou uma onda de indignação e protestos antirracistas em todo o país e em várias partes do mundo
Milhares de moradores de Houston enfrentaram sol e calor nesta segunda-feira (8) para dar o último adeus a George Floyd, em um funeral carregados de dor e reflexão.
Uma longa fila começou a se formar pela manhã e continuou crescendo do lado de fora da igreja The Fountain of Praise, no sul de Houston. Vários dos presentes na igreja vinham do bairro Third Ward, de Houston, onde o afro-americano de 46 cresceu.
A morte de Floyd por um policial branco, que o asfixiou pressionando o joelho sobre seu pescoço, gerou uma onda de indignação e protestos antirracistas em todo o país e em várias partes do mundo.
Alguns vestiam camisetas estampadas com a frase "I can't breathe" ("Não consigo respirar"), as últimas palavras de Floyd. Outros ergueram os punhos junto ao caixão, um símbolo do poder negro e de solidariedade.
Os assistentes precisaram usar máscaras dentro da igreja e só foram puderam permanecer por alguns momentos em frente ao caixão aberto, segundo as regras impostas pela pandemia do novo coronavírus, ainda em curso.
Kelvin Sherrod, de 41 anos, chegou acompanhado da esposa e de seus dois filhos, de 8 e 9 anos. Todos vestiam camisetas pretas com as últimas palavras de Floyd estampadas.
Em meio a tanta dor, Sherrod disse se sentir contente em ver tanta afluência. "Isto está nos unindo como país, não pela cor da nossa pele", disse.
Candice Qualls, outra presente, também destacou a unidade. "É tempo de mudança e de superar a opressão, a violência policial e o racismo", acrescentou.
Em meio aos presentes, a maioria negros, brancos também quiseram passar uma mensagem de solidariedade e unidade.
Sarah Frazzell, de 33 anos, participou do serviço fúnebre com outras cinco amigas, e duas delas levaram flores para "apoiar a família (de Floyd) e a comunidade".
Para ela, o volume do público é significativo porque as pessoas estão mostrando aos Estados Unidos que um caso como o de Floyd "não está correto".
A de Floyd é a mais recente de uma lista de mortes nas mãos da polícia nos últimos anos, óbitos que na maioria correspondem a homens negros e desarmados.
O chefe da polícia de Houston, Art Acevedo, que chegou para cumprimentar a família de Floyd, admitiu que é preciso "muito trabalho" para acabar com a falta de confiança mútua entre a polícia e a comunidade negra.
Longe da multidão, sentado em uma cadeira de camping e com uma sombrinha para se proteger do sol, Zachary Daniels, de 56 anos, disse que tinha dúvidas de que as pessoas mudem seu parecer sobre a polícia no curto prazo.
"A pergunta é se (essa forma de pensar) continuará por seis meses ou (se) estaremos aqui mais uma vez para saudar outra vida negra", acrescentou.