Frente evangélica repudia protesto contra menor estuprada
A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito condenou a posição dos religiosos e chamou os parlamentares envolvidos de oportunistas
Com a repercussão do protesto de religiosos para impedir a interrupção da gravidez de uma vítima de estupro, de 10 anos, a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito criticou a posição do grupo e condenou o que classificou como "oportunismo" da ala política envolvida. "Em nenhum momento os gritos se voltaram contra o estuprador", condena.
Aos gritos de "assassina" contra a criança estuprada, dezenas de religiosos se aglomeraram nesse domingo (16), em frente ao Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM), no Recife, para intimidar a equipe médica e orar para que o procedimento fosse cancelado. "[...] Os que escolheram jogar pedras estão indo contra a palavra de Deus, pois atacam uma criança ao invés de acolher como fez nosso Mestre", publicou a Frente de Evangélicos.
Contrária a generalização da vertente religiosa, a Frente também repreendeu o silêncio das igrejas em relação à cultura do estupro. "Com seus gritos também perturbaram mulheres grávidas em um momento de alta fragilidade e culparam uma criança, sem maturidade fisiológica e emocional e que vinha sendo estuprada nos últimos 4 anos. Em nenhum momento os gritos se voltaram contra o estuprador. Em nenhum momento se apiedaram dessa criança, há tanto tempo violentada no corpo e na alma", complementou.
As críticas ainda se estenderam a os deputados Clarissa Tércio (PSC) e Joel da Harpa (PP), que participaram do protesto para hostilizar a menor. "Condenamos também que políticos, em especial os ligados às bancadas religiosas, e influenciadores digitais usem o episódio para disseminar o ódio, colocando culpa e mais dor sobre a vítima", avaliou, ao classificá-los como oportunistas e cobrar pela investigação, e punição em caso de crime.