Relatório de ataque de Viena revela erros de inteligência
O relatório parcial é o primeiro conduzido por uma comissão governamental que analisa como a ameaça foi enfrentada antes do ataque de 2 de novembro
As agências de Inteligência da Áustria perderam várias oportunidades de detectar o perigo representado pelo jihadista que realizou um ataque que deixou quatro pessoas mortas em Viena em novembro, de acordo com um relatório policial publicado nesta quarta-feira (23).
O relatório parcial é o primeiro conduzido por uma comissão governamental que analisa como a ameaça foi enfrentada antes do ataque de 2 de novembro.
O documento diz que a avaliação de ameaça do agressor foi feita entre dezembro de 2019, quando ele foi solto da prisão, até outubro deste ano. A análise mostrou que o agressor, morto pela polícia, representava um "alto risco".
O relatório concluiu que "o fato de uma avaliação inicial levar pelo menos 10 meses parece inaceitável."
O autor do ataque em Viena era um jovem austríaco de 20 anos da Macedônia do Norte que simpatizava com o grupo jihadista Estado Islâmico (EI). Ele foi condenado em abril de 2019 a 22 meses de prisão por ter tentado viajar para Síria para se juntar ao EI.
O ataque foi reivindicado pelo grupo jihadista e representou o primeiro atentado islâmico na história da Áustria.
O órgão de Inteligência responsável pelo monitoramento de atividades perigosas na capital (LVT Wien), atribuiu a demora na avaliação da ameaça à falta de recursos, segundo o relatório.
Além disso, o pessoal da agência nacional de Inteligência interna, o BVT, sentiu "grande insegurança" devido a ações sobre seus agentes ordenadas pelo Ministério do Interior em 2018.
Os autores afirmam que seria possível estabelecer a avaliação do agressor como de "alto risco" em julho, quando ele participou de reuniões com islâmicos alemães e suíços já conhecidos.
Apesar de alertados por contatos da inteligência alemã, as agências austríacas não perceberam a gravidade dos encontros, disse a comissão.
O relatório observa que agentes do BVT pediram silêncio a um oficial do LVT Wien, que tentou avisar que o encontro seria evidência de "uma célula terrorista altamente perigosa".
O BVT rejeita essas acusações. Em julho, as autoridades eslovacas também informaram que o agressor tentou comprar munição.
Um relatório final da comissão é esperado no final de janeiro.
O mais alto funcionário de segurança austríaco, Franz Ruf, afirmou que os resultados do relatório serão aplicados nas reformas que estão sendo realizadas nas agências denunciadas.