Dia da Televisão é celebrado nesta quarta (11)

Estudiosa das mídias lembra a importância deste meio de comunicação na sociedade, mesmo em tempos de redes sociais

por Rafael Sales ter, 10/08/2021 - 19:45
Flickr/Aaron Yoo Flickr/Aaron Yoo

Há pelo menos três datas no ano em que se comemora e se lembra a importância do meio televisão: 21 de novembro, 18 de setembro (aniversário da chegada da TV ao Brasil) e também 11 de agosto, Da da Televisão em alusão à Santa Clara de Assis, conhecida como padroeira desse meio de comunicação, instituída  pelo Papa Pio XII em 1958. 

De acordo com Ana Claudia Fernandes Gomes, mestre em Sociologia e doutoranda em Ciências da Comunicação pela ECA/USP, a televisão possui um papel importante na sociedade, já que facilita a transmissão de informação. Além disso, o meio de comunicação também pode ser usado como instrumento político e econômico, que muitas vezes orienta opiniões e eleições. “O grande impacto da televisão foi realmente trazer a notícia, a imagem e a forma, de maneira muito rápida e veloz, criando e consolidando o que a gente chama de sociedade de massa.” A especialista ressalta que essa lógica de transmissão de informação marcou o mundo a partir da década de 1950.

Com o passar dos anos se adequou aos avanços tecnológicos, como o uso da internet, e muitos chegaram a cogitar o fim da televisão.  Segundo Ana Claudia “já existe um consenso que a televisão, do jeito que a gente conhece, do jeito que surgiu nos anos 50,  o do jeito que fez sentido para muitas gerações, realmente já não existe mais, porque ela não tem mais o monopólio da fala e da informação”. Assim, a partir de outros mecanismos da internet, surgem outros conceitos como a televisão fechada e o streaming, a partir dos anos 2000.

Desta forma, a especialista explica que durante os últimos 20 anos houve uma alteração profunda na dinâmica e no conceito de televisão, principalmente na programação aberta. “A televisão não vai deixar de existir, mas ela vai ser profundamente alterada, mas gradativamente”. Vale lembrar que essa lógica de mudança constante, não acontece apenas na televisão, mas em todos os meios de comunicação. “O que funcionou há cinco anos, hoje já não funciona mais. A própria internet vai ser alterada, trazendo influências e provocando mudanças, não só com YouTube, mas com as redes sociais, que trazem essa dimensão de maneira muito acelerada”, expõe.

Linha do tempo

Ana Claudia explica que existe uma lógica temporal da qual a televisão faz parte. Em 1950, a TV surge como uma possibilidade, que se consolida como meio de comunicação para uma sociedade que começa a ser chamada de “sociedade de massa”, e passa a se envolver em um estilo de vida, o “American Way Of Life”, pautado no consumo, nas informações do mundo pós Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). Já entre as décadas de 70 e 80, a dimensão do consumo é maior. “A lógica de quem tem mais informação, tem mais poder.

Posteriormente, na última década do Século XX, a televisão passa a funcionar como um importante elemento no processo de globalização, mostrando outros mundos e outras realidades, como a cobertura sobre a queda do muro de Berlim, por exemplo ou a Guerra do Golfo. “Há uma disputa informacional, quando a internet se populariza a partir dos anos 2000, momento em que a TV precisa ser modificada porque novos cenários se apresentam. Já na última década, 2010 a 2020, acontece a profunda mudança da televisão”, esclarece.

Importância da televisão

Para a especialista, todos os meios de comunicação são importantes em seus devidos conceitos históricos, não como substituição, mas como continuidade. Ana Claudia cita Marshall McLuhan (1911 – 1980), que trata em seus estudos os meios de comunicação como extensão do homem. “Você tem essa projeção do corpo, no sentido da audição, da visão e das sensações que a televisão começa a proporcionar, e que era, até então, visto como uma novidade”, explica.

Nesse sentido, a internet pode ser aplicada nesse contexto, como parte de uma revolução digital, “em que você usa o celular quase que organicamente, como uma extensão da sua memória, da sua visão, do seu tato”. Assim, é importante ressaltar que a televisão e comunicação social promovida por ela, promove um outro olhar, não como ferramenta, mas sim como complementaridade da nossa dimensão. “Faz muito sentido ver a televisão como parte constituinte e constituída pela nossa cultura e pela nossa percepção de mundo”, finaliza Ana Claudia.

 

 

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