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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou as "pessoas irresponsáveis" que atacaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) em 8 de janeiro do ano passado e fez uma defesa da democracia.

"Um grupo de pessoas irresponsáveis resolveu dar um golpe nesse país. E que o 8 de janeiro signifique a gente daqui para frente não permitir que a sociedade esqueça disso para poder garantir a democracia", disse o petista em vídeo nas redes sociais.

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"Que a gente possa gritar em alto e bom som todo dia: 'liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós', e viva a democracia", acrescentou Lula, citando um trecho do Hino da Proclamação da República.

O presidente participa nesta segunda-feira (8) de uma cerimônia junto com os chefes do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), e do STF, Luís Roberto Barroso, além de todos os ministros do governo, no Salão Negro do Senado para lembrar o primeiro aniversário dos ataques golpistas.

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), deve discursar no evento, que não contará com os governadores bolsonaristas Tarcísio de Freitas (SP), Cláudio Casto (RJ), Romeu Zema (MG) e Ibaneis Rocha (DF).

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas), também não participará da cerimônia devido a problemas familiares.

Da Ansa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (25), que apenas organizações policiais deveriam ter locais para a prática de tiros e que a política de liberar a compra de armas do governo anterior era para “agradar o crime organizado” e “gente que tem dinheiro". Lula pediu ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, para fechar “quase todos” os clubes de tiro do país.

Durante o programa semanal Conversa com o Presidente, Lula disse que a população precisa viver de forma civilizada, participar de construções positivas e que o Brasil vai melhorar quando “entrar na era do livro, na era da cultura”, não das armas.

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Canal Gov/Reprodução

“Tem uma meia dúzia de pessoas que querem [abrir clubes de tiro], não vamos abrir. Eu, sinceramente, não acho que o empresário que tem um lugar de praticar tiro é um empresário. E já disse para o Flávio Dino, nós temos que fechar quase todos, só deixar aberto aqueles que são da polícia militar e do Exército ou da polícia civil. É organização policial que tem que ter lugar para atirar, para treinar tiro, não é a sociedade brasileira, nós não estamos preparando uma revolução”, disse Lula.

Na semana passada, o governo federal lançou o Programa de Ação na Segurança (PAS), em prol do fortalecimento da segurança pública do país. Entre os atos assinados, está um decreto com medidas visando o controle responsável das armas.

“Tinha uma confusão, pode utilizar arma, pode liberar CACs [caçadores, atiradores e colecionadores]. Eu acho que nós temos que ter claro o seguinte: por que o cidadão quer uma pistola 9 mm? Por que ele quer? O que ele vai fazer com essa arma? Fazer coleção? Vai brincar de dar tiro? Porque no fundo, no fundo, esse decreto de liberação de arma que o presidente anterior fez era para agradar o crime organizado, porque quem consegue comprar é o crime organizado e gente que tem dinheiro”, argumentou Lula.

“Pobre trabalhador não está conseguindo comprar comida, não está conseguindo comprar o material escolar do seu filho, não está conseguindo colocar um brinquedo que o moleque precisa no Natal. Então como é que as pessoas que trabalham vão comprar fuzil?”

A principal mudança para o controle de armamentos foi a redução de armas e munições acessíveis a civis, incluindo CACs registrados. Também restabelece a distinção entre as armas de uso dos órgãos de segurança e as armas acessíveis a cidadãos comuns. Não é mais permitido que caçadores, atiradores e colecionadores transitem com armas municiadas.

Houve, ainda, redução da validade dos registros de armas de fogo e está prevista a migração progressiva da competência de fiscalização das atividades que envolvem armamento, do Exército para a Polícia Federal.

 

Ninguém melhor que a sociedade para identificar as próprias necessidades e indicar quais políticas públicas e ações governamentais devem ser priorizadas. Partindo dessa premissa, o governo federal abriu, no âmbito do Plano Plurianual (PPA) – o principal instrumento de planejamento orçamentário de médio prazo do Executivo –, alguns canais de consulta pública, na busca por sugestões da sociedade civil e dos cidadãos.

Por meio do chamado PPA Participativo é possível, a todos, indicar onde o governo deve gastar parte dos recursos públicos previstos no Orçamento. O procedimento é bem simples e pode ser feito de forma presencial ou online, em poucos minutos, por meio da plataforma digital Brasil Participativo.

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“Democracia vai além de eleições. É participação e engajamento. Esses canais participativos são um convite à população, para que exerça a sua cidadania. Cidadania não é só o voto. É opinar. E por meio dela a gente pode influenciar os destinos da nação, indicando o que a população entende ser prioridade para o governo”, disse à Agência Brasil a secretária nacional de Planejamento, Leany Lemos.

O que é PPA

A Constituição brasileira coloca o PPA como uma ferramenta que norteia a elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA). Assim sendo, define diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal. Além disso, planos e programas nacionais, regionais e setoriais devem ser elaborados em consonância com o PPA.

Sua vigência é de quatro anos, contados a partir do segundo ano de mandato de um presidente – e se prolongando até o final do primeiro ano do mandato de seu sucessor. De acordo com o Ministério do Planejamento e Orçamento, a elaboração do PPA começa a partir de um projeto de lei, que é submetido à avaliação do Congresso Nacional até quatro meses antes do encerramento do primeiro ano de mandato do presidente.

“O PPA que está sendo preparado pelo atual governo traz um modelo lógico e uma metodologia forte que foi muito discutida, inclusive com o TCU [Tribunal de Contas da União] e com especialistas externos. Tenho muita segurança para dizer isso. Além disso, ele é muito transparente, mostrando todo o caminho a ser adotado para que cada ação resolva o desafio proposto”, explicou a secretária.

Leany Lemos acrescenta que o PPA do governo atual apresenta muitas diferenças em relação ao apresentado pela gestão anterior, uma vez que apresenta diagnóstico dos problemas e define uma visão de futuro. “A nossa visão é de um país democrático, justo, inclusivo, próspero e com garantia de direitos, onde há crescimento econômico e sustentável, que é, ao mesmo tempo, social e ambientalmente sustentável”, destacou.

“Tem também sustentabilidade fiscal, porque se a gente não tiver equilíbrio a gente também não tem credibilidade, nem melhora na nossa arrecadação para fazer essas políticas. Busca, ainda, a excelência na gestão, por exemplo, com diretrizes que promovem uma gestão pública inovadora efetiva com transformação digital”, acrescentou.

PPA Participativo

Já o PPA participativo é uma iniciativa do governo federal que busca trazer a sociedade para a elaboração do PPA, seja por meio direto (cidadão), ou por meio de conselhos, associações, sindicatos, grupos, movimentos ou organizações não governamentais (ONGs), por exemplo.

Na etapa inicial de consultas participativas (sobre dimensão estratégica, visão de futuro, valores, diretrizes e eixos temáticos), cerca de 3,2 mil representantes da sociedade civil e de diversos conselhos – ligados a todos os ministérios e entidades vinculadas – organizaram fóruns que, em meio a 120 oficinas temáticas, desenharam os 88 programas que existem no âmbito do PPA.

>> Conheça os 88 programas do PPA

Na sequência, iniciou-se a segunda forma de consulta, que abrange plenárias nas 27 unidades federativas. A primeira delas, em 11 de maio, foi na Bahia. A última será em 10 de julho, em São Paulo. Nelas, são apresentados os programas; a dimensão estratégica; e a plataforma digital Brasil Participativo.

Veja abaixo o calendário das plenárias:

As inscrições para participação nas plenárias são feitas pela internet. Para acessar a página, clique aqui.

Plataforma

A terceira forma participativa do PPA é por meio da plataforma digital Brasil Participativo. Nela, o cidadão pode escolher até três propostas, entre 28 pré-selecionadas pelo governo, bem como registrar novas propostas de políticas públicas federais. Pode também apoiar propostas apresentadas por outras pessoas.

O Ministério do Planejamento preparou um tutorial para ajudar as pessoas a utilizarem a plataforma. Para assisti-lo, clique aqui.

Em julho e agosto, as propostas e programas mais votados na plataforma serão analisados pelo governo e por interconselhos. “A gente vai fazer um detalhamento que é até julho. A partir de então, vamos incorporar a participação social e, até 31 de agosto, entregaremos um Projeto de Lei [PL] ao Congresso Nacional”, acrescentou a secretária.

O Legislativo deverá votar a matéria ainda em 2023, para que entre em vigor a partir de 2024.

Durante a plenária de Fortaleza, dia 26 de maio, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, reiterou a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com relação ao PPA, para que seja “o mais participativo da história”, e ressaltou que, para atingir esse objetivo, é fundamental que o governo percorra todas as capitais do país, a fim de coletar sugestões.

“Quem vai escrever a história do Planejamento vai ser o povo brasileiro. Vamos colocar no PPA o que o povo quer; e gastar onde o povo precisa. Digam o que vocês querem para o Brasil”, discursou a ministra.

“Como disse o presidente, o mais importante é colocar o pobre no Orçamento. É colocar a primeira infância, o jovem, o idoso, o negro, o indígena, as minorias. É garantir casas no Minha Casa, Minha Vida e crescimento, para a indústria gerar emprego e renda”, acrescentou.

Base de dados

Segundo a secretária Leany Lemos, as propostas – votadas ou apresentadas pelos cidadãos via plataforma – resultarão em uma base de dados bastante interessante não apenas para o poder público, mas para a comunidade acadêmica, com recortes abrangendo estado, região, perfil do cidadão e segmentos sociais.

“Com os microdados sobre as características das pessoas participantes, mas sem identificá-las, a gente vai poder cruzar informações. Temos ótimos cientistas de dados aqui pra fazermos esse cruzamento diferenciado por gênero, localização, raça, idade, por exemplo”, disse.

Além disso, muitas sugestões que não necessariamente forem usadas no PPA poderão ser aproveitadas, uma vez que este é um canal direto para identificar problemas em diversas localidades – servindo, inclusive, para orientar políticas públicas locais (municipais e estaduais), fora do âmbito federal.

“Essas sugestões e esses dados poderão também interessar deputados e senadores, na hora de elaborarem emendas parlamentares, uma vez que mostrará os problemas de suas bases eleitorais. Sou também consultora legislativa e posso dizer que haverá, ali, matéria-prima para bons projetos legislativos. Se eu fosse parlamentar, certamente colocaria minha assessoria atenta a essa plataforma”, complementou.

Até o fechamento da matéria, mais de 83 mil pessoas acessaram a plataforma Brasil Participativo, e 1.337 propostas foram apresentadas.

No final do mês de fevereiro, os irmãos gêmeos Wesllysson e Weslley, 21 anos, deixaram Itapeva, cidade que fica quase na divisa entre os estados de São Paulo e do Paraná, em busca de uma vida melhor na cidade grande. Ao chegarem na capital paulista, sem dinheiro algum, voltaram a se encontrar com uma velha conhecida da infância: a fome.

“Já ficamos quatro dias sem comer nada. Quando a gente estava lá em Itapeva e decidimos sair do mato e ir para a cidade, procurar alguma coisa para conseguir chegar em São Paulo, ficamos três dias sem comer, só bebendo água. Passar fome é horrível. É uma sensação horrível. É um jeito muito ruim na barriga. Ficamos meio tontos, dá preguiça, dá moleza no corpo. Você não consegue pensar direito. É ruim”, contou Weslley Santos Silva.

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Mesmo destino encontrou Yara Angel Andrade Lucas, 20 anos, quando deixou a cidade mineira de Poços de Caldas e chegou à capital paulista. Até então, ela desconhecia a fome. “Depois que vim para cá é que conheci essa situação de rua”, contou à reportagem da Agência Brasil.

“Era difícil porque não conhecia esse fato de pedir as coisas. Não era um hábito meu. E começando a viver na rua, a gente aprende. Quando eu cheguei em São Paulo, eu passei fome, mas depois disso, não mais. É uma sensação horrível [sentir fome]. Você estar com fome e não conseguir pedir ou ter vergonha pelo fato de estar naquela situação, isso mexe com nosso sentimento”, explicou.

“Depois, quando a gente recebe um alimento, é um alívio total porque a barriga doía, sentia dor de cabeça. Fora psicologicamente também porque passei por uma situação que não passava antes, de passar fome, que não passa pela cabeça de ninguém”, afirmou.

A cabeleireira Thais Oliveira Cavalcante, 31 anos, moradora da zona leste paulistana, se esforça para que seus quatro filhos nunca sintam a fome que ela vivenciou na infância. “Como eu já passei por isso, tentei ao máximo evitar que eles passassem também”, destacou.

Ela afirma que a vida ficou mais difícil e o dinheiro mais escasso durante a pandemia de covid-19, quando as pessoas deixaram de procurar o serviço de cabeleireira. O salário do marido era suficiente apenas para pagar o aluguel e despesas da casa que, inclusive, chegaram a ficar atrasadas. “Ele segurou o aluguel. Chegamos até a atrasar alguns [meses]”, contou. Mas os filhos [que tem entre 3 e 13 anos] não deixaram de comer nesse período.

“Dificuldade extrema não [tivemos]. Mas às vezes não conseguia comprar tudo e precisava da ajuda de alguém. Chega a ser humilhante, na verdade. A gente sabe que a gente deveria contar com a ajuda do governo já que a gente paga pra isso também. Só que, infelizmente, nem sempre a gente é ajudado. Então, a sensação é bem ruim, é de humilhação mesmo, de impotência”, destacou.

Wesllysson, Weslley, Yara e Thais tem uma história comum a muitos brasileiros: a experiência com a fome. Embora não estejam classificados no nível mais grave de insegurança alimentar, todos eles ainda enfrentam dificuldades e incertezas sobre o futuro. E esse universo é comum à maioria dos brasileiros. Apenas 44% da população brasileira se encontra atualmente em um nível de segurança alimentar, ou seja, com capacidade para se alimentar saudavelmente, podendo comprar os alimentos que quer e fazendo todas as refeições diárias – o que inclui ainda todos os membros de sua família.

“Há três níveis de insegurança alimentar: a leve, a moderada e a grave. A leve é uma família que tem alimentos, mas ela não tem segurança de que vai ter o alimento na próxima semana, por exemplo. A insegurança alimentar moderada é quando não se tem o suficiente para alimentar todos os membros da família, já tem alguma restrição alimentar seja do tipo de alimento seja na quantidade de refeições. O terceiro nível é a insegurança alimentar grave que é o que chamamos de fome, que é a família que não tem alimentos e consegue fazer, no máximo, uma refeição por dia - quando consegue. São famílias que todo dia acordam com dúvida se vão conseguir comer naquele dia”, explicou Rodrigo “Kiko” Afonso, diretor executivo da Ação da Cidadania.

É nesse terceiro nível de insegurança alimentar que se encontram 33 milhões de pessoas hoje no país. “Essa situação é muito grave: é o pior estado de fome da história do Brasil. E, de fato, é algo que precisa de muita força política, mas principalmente, de mobilização da sociedade para que isso seja revertido em curto prazo”, disse Afonso em entrevista à Agência Brasil.

Sociedade mobilizada

Foi por meio de doações e de trabalhos que são desenvolvidos pela sociedade civil que Wesllysson, Weslley, Yara e Thais conseguiram se alimentar no período de maior dificuldade. Os irmãos, por exemplo, ao chegarem em São Paulo famintos, se depararam com um caminhão que fazia uma distribuição de comida à noite para moradores que vivem sob os viadutos na cidade de São Paulo.

“No primeiro dia em que chegamos aqui [em São Paulo], a gente nem sabia onde estava. Ficamos sem comer. Quando foi à noite, fomos para debaixo de um viaduto e tinha uma pessoa distribuindo comida de um caminhão. A gente estava desesperado de fome. Pegamos comida e comemos”, contou Weslley.

Após se alimentarem, eles tiveram forças para caminhar até a Paróquia de São Miguel Arcanjo, na zona leste, onde puderam encontrar uma figura que já conheciam pela televisão: o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo. Foi por meio do padre e do trabalho social que é desenvolvido na paróquia e em outros pontos da cidade que ambos conseguiram um trabalho como jardineiro e uma casa para morar.

Enquanto não iniciam o novo trabalho, eles vão fazendo suas refeições gratuitamente por meio de uma ação que é oferecida pela igreja. “Já passamos bastante dificuldade. Até maus tratos, quando a gente era menor, a gente sofreu. Passar fome é não ter o que comer em casa, às vezes trabalhar só para comer. Mas aqui [na paróquia] é comida boa, de verdade. Dão café da manhã, almoço, café da tarde e janta”, explicou Wesllysson.

Yara também foi beneficiada pelo trabalho do padre Julio. Ela ainda não conseguiu um emprego e vive, atualmente, em um abrigo para pessoas trans, localizado na zona norte da capital. Mas com a ajuda do sacerdote, consegue realizar todas as suas refeições.

“Tem vários núcleos aqui em São Paulo que fornecem alimentos para essas pessoas que estão em situação de rua e onde muita gente tem esse abrigo para poder comer, poder passar um tempo, ver questões de documentos. Em São Paulo tem bastante ajuda, principalmente aqui com o padre Julio, que é uma referência”, disse.

Já Thais, no período de maior dificuldade da pandemia, recebeu ajuda de amigos e de entidades que doavam cestas básicas, como a Ação da Cidadania. É por isso que seus filhos não passaram fome.

“Tive ajuda de ONGs, tive ajuda de amigos, de conhecidos, de família. Nos primeiros meses de pandemia, fiquei praticamente trancada dentro de casa até porque minhas meninas eram bebês na época. Fiquei a pandemia sem passar fome, mas na necessidade”, afirmou.

No momento em que o Brasil volta a ter um grande contingente de pessoas em situação grave de insegurança alimentar, é a sociedade civil que tem atuado mais ostensivamente na ajuda à população vulnerável. Cada uma a seu modo, elas buscam amparar essas pessoas de forma emergencial, na tentativa de cumprir um preceito constitucional que deveria ser assegurado a todos os cidadãos por meio de políticas públicas: o direito humano à alimentação adequada, artigo que foi incluído na Constituição Federal em 2010.

Conheça entidades que atuam no combate à fome Ação da Cidadania

Uma das primeiras organizações a trabalhar com o combate à fome no país é a Ação da Cidadania, criada em 1993, a partir de um grande chamado feito pelo sociólogo Herbert de Souza (1935-1997), o Betinho. 

"A Ação da Cidadania foi, se não a primeira, uma das primeiras organizações da sociedade civil a tratar de maneira específica e profunda a questão da insegurança alimentar”, disse Rodrigo “Kiko” Afonso, diretor executivo da entidade.

“Muitas das legislações que existem hoje são baseadas na luta do Betinho de combate à fome”, acrescentou, lembrando que o sociólogo foi também um dos idealizadores do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão criado em 1993 com a missão de auxiliar o governo federal na definição de políticas públicas relacionadas à segurança alimentar e nutricional da população, garantindo o acesso à alimentação saudável e adequada a todos os brasileiros. O Consea chegou a ser extinto em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, mas foi recriado no fim do mês de fevereiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Conhecida principalmente pelas doações de donativos e por campanhas como o Natal sem Fome, Brasil Sem Fome e o SOS Emergências, a Ação da Cidadania atua sem receber quaisquer recursos públicos.

“Nossos recursos vêm de doações de pessoas físicas, de empresas e de organizações nacionais e internacionais. O único recurso público que pode trafegar pela Ação da Cidadania é por lei de incentivo”, disse Afonso.

O trabalho desenvolvido pela organização, no entanto, não se resume a essas campanhas. “Hoje somos uma potência nesse processo de luta contra a fome. A gente não só distribui cestas, que é como normalmente somos conhecidos. A gente é uma das principais entidades brasileiras na questão de políticas públicas e lutas de advocacy na área de segurança alimentar. Também somos uma potência na área de formação de lideranças e agentes públicos na temática de segurança alimentar no Brasil”, ressaltou.

No futuro, destacou Afonso, a organização pretende montar a maior rede de banco de alimentos de cozinha solidária do Brasil.

“A Ação da Cidadania, pela história que tem, conseguiu superar o desafio da sobrevivência. Hoje conseguimos sobreviver com as doações recorrentes que a gente recebe de pessoas físicas e instituições. Além disso, conseguimos criar um fundo patrimonial da Ação da Cidadania, chamado de Fundo Betinho, que consegue garantir a sustentabilidade da organização no longo prazo.”

“O nosso desafio e da sociedade como um todo é chegar a um modelo de captação de recursos e de atuação que garanta a independência da organização para que ela possa atuar em suas temáticas de forma independente e contínua. Nós, felizmente, conseguimos isso”, falou Afonso.

Coletivo Banquetaço

Em outubro de 2017, o então prefeito de São Paulo, João Doria, anunciou que pretendia incluir na merenda escolar a farinata – uma farinha feita com alimentos perto da validade que seriam descartados por produtores ou revendedores. À época, o governo alegou que a farinata era como um “alimento completo”, com proteínas, vitaminas e minerais e que seria oferecida em forma de biscoitos e também usada em pães, bolos e massas. 

O anúncio gerou polêmica e dessas críticas acabou surgindo Coletivo Banquetaço. Formado por pessoas ligadas à área de alimentação, como chefes de cozinha famosos, merendeiras, cozinheiras e pessoas que estudam nutrição e gastronomia, o coletivo surgiu como uma crítica ao projeto de Doria.

“A farinata até poderia alimentar, mas era uma ração. Ela seria só para nutrir o corpo: é como dar uma ração para um passarinho ou para um animal. Vai matar a fome, mas a fome tem muito mais a ver com a necessidade de compartilhamento de mesa, com a qualidade do alimento que se come, em como você come”, explicou Maria Claudia Gavioli, conhecida como Clau Gavioli, assessora de comunicação da organização.

“O Banquetaço é um coletivo para influência de políticas públicas. Ele trabalha com a ideia de fortalecer a defesa do direito humano à alimentação adequada. Quando a gente fala em alimentação adequada, estamos falando de comida e não simplesmente de ingredientes ou alimento. Quando comemos, a gente leva em consideração que existe uma cultura alimentar para que as pessoas comam de acordo com aquilo que elas aprenderam em suas comunidades, com aquilo que faz bem para nutrir o corpo fisicamente e que faça sentido como comida”, disse.

Para lutar contra a ideia da farinata, as pessoas que formam o coletivo decidiram que, em vez de oferecer ração às pessoas, ofereceriam um banquete com “comida, entretenimento e cultura”.

“A ideia do Banquetaço é que não seja oferecida apenas comida de qualidade, ou seja, limpa, justa, com qualidade e vinda do produtor que está próximo, sem ser ultraprocessada ou industrializada. Além da comida, a ideia é promover uma grande confraternização entre as pessoas, compartilhando o alimento e o entretenimento”, afirmou.

As ações promovidas pelo coletivo são pontuais, sem data definida. No mês passado, por exemplo, foi promovido um evento para celebrar o retorno do Consea.

“Quando ele [o ex-presidente Jair Bolsonaro] desfez o Consea, imediatamente as pessoas começaram a se mobilizar e foi apresentada a ideia de realizar um Banquetaço, no dia 27 de fevereiro de 2019, aqui na cidade de São Paulo, na Praça da República. Foi um sucesso. Por isso, nesse ano de 2023, a gente repetiu o mesmo evento, também no dia 27 de fevereiro, e veio a calhar com o presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva] dizendo que ia reinstalar os Conseas. Então, no último dia 27, fizemos uma festa para comemorar.”

As ações também variam podendo ser um banquetaço ou um marmitaço, dependendo da ocasião. O que elas têm em comum é que sempre são gratuitas, articuladas por grupos no WhatsApp e realizadas por meio de doações.

“É tudo via WhatsApp e cada um no seu pedaço, uma centralização descentralizada: a gente está lá no WhatsApp, mas a gente sai falando com a colega do Piauí, ao mesmo tempo com a do Rio de Janeiro, aqui em São Paulo. Tem muitos homens também. Mas a grande maioria é a mulherada, que quer cozinhar e vai atrás das coisas. Tem lá o grupo que cuida da comunicação, que cuida de doações, da cozinha. E tem o grupo de cada estado”, explicou.

“Organicamente, as coisas vão acontecendo. A gente inclusive fala que é aí que a mágica acontece porque é muita gente envolvida, buscando comida de todos os lados. Um busca um ingrediente aqui, o outro busca um relacionamento do outro lado, o outro busca a água. E aí a coisa rola. Mas sempre com a ideia de fazer uma intervenção pública para sensibilizar a sociedade”, disse Clau.

Paróquia São Miguel Arcanjo

Talvez a pessoa mais conhecida atualmente no Brasil pelo trabalho de combate à fome seja o padre Julio Lancellotti, que atua na Paróquia de São Miguel Arcanjo, na zona leste da capital paulista. Com mais de 40 anos de trabalho com a população em situação de rua, o padre é a figura de referência quando o assunto é resolver questões que afligem a população mais vulnerável: seja para encontrar um prato de comida, seja para ajudar a conseguir um emprego, para cobrar o Poder Público ou para oferecer um conforto espiritual.

Enquanto conversava com a reportagem da Agência Brasil, o padre foi interrompido numerosas vezes e, em nenhuma delas, deixou de atender quem precisava de ajuda. “Convivemos todos os dias com cerca de 500 a 600 pessoas”, disse.

“Partilhamos o pão que nós mesmos fazemos. Produzimos cerca de 3 mil pães por dia que são partilhados em vários pontos da cidade. Na Casa de Oração também temos o almoço: são entre 500 e 700 marmitex [oferecidos todos os dias]”, contou.

Tudo isso é oferecido pela igreja por meio de doações. “São tudo doações, mutirões, que a gente faz para juntar. A gente não tem nada oficial [de governos]”, destacou.

“A alimentação é um pretexto para conviver. O nosso objetivo é a convivência. A alimentação é uma necessidade objetiva, mas não somos distribuidores de comida. O alimento é uma forma de aproximação, uma forma de estar junto e perto e de, juntos, lutarmos para superar os problemas que atingem essa população.”

Problemas que, segundo o padre, só serão superados quando o Brasil conseguir distribuir a renda. 

“A fome é um dos sintomas da desigualdade. A desigualdade produz fome, abandono, miséria, falta de moradia, falta de possibilidade de trabalho. Todas essas questões estão ligadas umas com as outras. Com o alimento, nós nos relacionamos. É uma forma de nos relacionarmos e de dizer para o outro que ele é importante para mim.”

Encontrar caminhos

“A gente tem que se olhar não como uma entidade que substitua o Estado em seus deveres. O Estado é obrigado a resolver esses problemas, não nós. Nós ajudamos porque queremos salvar vidas. A gente entende que a incompetência, a ingerência e as dificuldades do Poder Público acontecem e que as emergências são muito grandes para que só o Poder Público aja. Mas quem tem que resolver, quem é responsável por isso é o Poder Público”, ressaltou Afonso.

“O Brasil sabe como resolver [o problema da fome]. Nós já fizemos isso. O Brasil saiu de 32 milhões de brasileiros [com fome, em 1993] para 4 milhões [em 2014] com construção de políticas públicas e vontade política de resolver o problema. O Betinho sempre dizia isso, que a fome é um problema político, que a fome é um desejo político. Ela só acontece se o Poder Público quiser que ela aconteça. Hoje, o Estado brasileiro tem as políticas de segurança alimentar mais avançadas do mundo de combate à fome. Somos referência no mundo inteiro por conta dessas políticas. Mas quando elas não são aplicadas da forma correta, quando elas não são o foco político, a fome volta. E é isso o que aconteceu nos últimos anos”, destacou o diretor do Ação da Cidadania.

Clau Gavioli reforça que esse problema só será de fato resolvido com a distribuição de renda. “Como ativista e estudiosa da área de comida, sei que produzimos mais comida do que bocas que temos para alimentar. Essa é uma questão de distribuição [de alimento], de políticas públicas que deem acesso às pessoas. Estamos falando também de distribuição de renda, de dar condições para que as pessoas possam escolher aquilo que elas querem comprar. E quando você aumenta o poder aquisitivo do pobre, a primeira coisa que ele melhora é a alimentação, que é a questão da sobrevivência. Ninguém vai comprar roupa nova antes de por um alimento no prato do filho”, destacou.

“Realmente acho que podemos resolver o problema da fome porque nosso problema é muito mais de estrutura, de distribuição de renda, de oportunidades e de acesso ao alimento, do que de produção de alimento. Comida tem. A gente só precisa conseguir distribuir isso da melhor forma, distribuir de uma forma mais humana, mais consciente. Mas temos muito chão para percorrer porque tem muita gente que quer ter mais dinheiro no banco, mesmo que o vizinho não tenha o que comer.”

Para o padre Julio, embora a sociedade civil não consiga resolver o problema da fome, ela tem um papel importante na construção de soluções. “A importância é a gente estar organizado para exigir respostas, construir respostas e encontrar caminhos”.

Agência Brasil publica nesta terça-feira (21) a última parte do especial Prato Vazio: um retrato da fome no Brasil.

 Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio da 3ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico-Cultural e Urbanismo de Olinda, promoverá uma audiência pública para debater a doação de parte do terreno em que está instalado no Espaço Ciência. O órgão convida a sociedade para participar do debate, que acontecerá a partir das 9h da próxima segunda-feira (23), na Câmara de Vereadores de Olinda, na rua 15 de Novembro, número 94, no Varadouro.

A promotora de Justiça Belize Câmara frisa, no edital de convocação publicado no Diário Oficial Eletrônico do MPPE do dia 20 de dezembro de 2022, que os interessados em se manifestar devem se inscrever na lista que será disponibilizada na entrada da Câmara de Vereadores até as 8h30 do dia 23 de janeiro. A audiência tem o objetivo de colher informações para instruir o Procedimento Administrativo nº 01923.000.676-2022.

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Além dos cidadãos, o MPPE também convocou representantes de órgãos e entidades públicas para prestar informações. A promotora encaminhou ofícios à Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia; ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; à direção do Espaço Ciência; à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência; ao Conselho de Preservação dos Sítios Históricos; à Academia Pernambucana de Ciência; à Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco; à Empresa Pernambucana de Turismo; ao Porto Digital; ao Ministério Público de Contas; ao Ministério Público Federal; e ao Mestrado em Desenvolvimento Urbano da UFPE.

Há cinco anos, centenas de milhares de mulheres no mundo começaram a usar a hashtag #MeToo para denunciar a violência sexual e de gênero, um movimento que continua agitando as águas em toda parte, embora ainda tenha um caminho longo pela frente.

O movimento começou em 15 de outubro de 2017, quando a atriz americana Alyssa Milano publicou uma mensagem, na qual convidava as mulheres que sofreram assédio sexual a usar a hashtag #MeToo (EuTambém) no Twitter para compartilhar seu relato.

Foi um tsunami global: os depoimentos invadiram as redes sociais em poucos dias, e as manifestações se multiplicaram em vários países.

Embora Alyssa tenha ajudado a propagar o fenômeno, a hashtag foi criada, na verdade, em 2006, poucos dias após a publicação na imprensa americana de duas investigações explosivas sobre as denúncias de abusos e estupros por parte do produtor de cinema Harvey Weinstein, que ocorreram com impunidade durante anos.

"A amplitude do movimento é extraordinária", explica à AFP Florence Rochefort, pesquisadora do Centro Francês de Pesquisa Científica (CNRS), especialista em história do feminismo.

É um momento "histórico" que permitiu "tornar visível a dimensão dessa violência".

"Mas ainda estamos longe de termos soluções implementadas", acrescenta.

Alguns homens consideram o movimento exagerado.

"O #MeToo demonstrou a rotina dessa violência sexual e sexista, seu caráter banal", seja no cotidiano na rua, no local de trabalho, em casa, explica à AFP Sandrine Ricci, socióloga especializada no tema, da Universidade de Québec, em Montreal.

"O movimento permitiu que as pessoas, particularmente as vítimas conhecidas ou potenciais, entendessem melhor o que estava em jogo", reforça.

Na opinião dessa feminista, "os danos persistem", e a sociedade tem uma tendência a "desviar a responsabilidade dos agressores, sobretudo, quando estão em posição de poder", acrescenta.

- Um problema estrutural -

O movimento #MeToo teve suas próprias versões locais em cada país.

Para Adéle Pautrat, uma fotógrafa francesa de 29 anos radicada em Bruxelas, o movimento se tornou "um símbolo da reapropriação da palavra" por parte das mulheres.

"É um problema coletivo, diante do qual é preciso saber se posicionar com firmeza", defende.

Desde o início do #MeToo, "é mais fácil falar sobre assédio sexual, que passou a ser visto mais como um problema estrutural do que individual", diz Hillevi Ganetz, professora especializada em gênero e mídia da Universidade de Estocolmo.

O movimento obrigou as empresas do mundo ocidental a reagirem. Cada vez mais empresas organizam treinamentos sobre assédio sexual e contratam pessoal qualificado para receber denúncias.

As associações feministas consideram, no entanto, que a resposta dos governos é insuficiente.

Pelo menos 9,3% da população brasileira se identifica como integrante da comunidade LGBT+, formada por pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexo, assexuadas, pansexuais, não binárias e mais. O porcentual pode ser ainda maior, porque 8% não quiseram responder, enquanto 81% disseram não fazer parte do grupo. Os números fazem parte da Pesquisa do Orgulho divulgada esta semana pelo Instituto Datafolha.

Com metodologia semelhante à das pesquisas eleitorais, o trabalho foi realizado com 3.674 pessoas em 120 municípios das cinco regiões do País - representativos da população total - entre maio e junho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O trabalho foi contratado pela ONG All Out e pela marca Havaianas.

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A pesquisa revela que a proporção de pessoas que se identifica com alguma das letras da sigla LGBTQIAPN+ é bem maior entre os jovens do que entre os mais velhos. Dos 16 aos 24 anos, o porcentual de pessoas que se identifica como integrante da comunidade é de 18%. Cai para 13% na faixa dos 25 aos 34 anos. E vai caindo progressivamente até chegar a 5,3% entre aqueles com mais de 60 anos. O número alto de pessoas que não quiseram responder pode indicar tanto um receio de conversar com o entrevistador quanto simplesmente a não compreensão das opções.

LIBERDADE

"A questão de gênero tem pautado muitos debates", constata Paulo Alves, do Datafolha, responsável pela pesquisa. "Dimensionar essa comunidade é importante para orientar políticas públicas e também as ações das empresas e dos cidadãos. É natural que o porcentual seja maior entre os mais jovens, tem a ver com a liberdade de ser, de se expressar, de falar. Os mais velhos não tiveram sequer a chance de pensar nessas possibilidades. A sociedade brasileira mudou muito nos últimos anos."

Gerente de campanhas da ONG All Out, Ana Andrade concorda como colega. "O dimensionamento nos dá mais assertividade para cobrar politicas públicas e cobrar de forma específica: nessa região, o problema maior é de violência; nessa outra, é saúde. Esse é um avanço importante."

A comunidade tende a ser mais presente nas regiões metropolitanas (10,9%) do que nas cidades do interior (8,2%). O mesmo ocorre entre as pessoas com maior nível de escolaridade (11% das que têm curso superior). A maioria é solteira (59%) e não tem filhos (70%). A variação entre as diferentes regiões do País também é significativa. São 10,1% no Centro-Oeste, 9,9% no Sudeste, 9,8% no Norte, 8,7% no Sul e 8,5% no Nordeste.

SILÊNCIO

O trabalho mostrou também que 62% da população LGBTQIAPN+ economicamente ativa não costuma falar sobre sua orientação sexual ou identidade de gênero no trabalho. A hostilidade ou preconceito dentro da família é 16 pontos porcentuais mais alta do que entre o restante da população. Além disso, 17% dizem sofrer discriminação, ante 9% dos demais.

Para os 81% que disseram não fazer parte da comunidade, o Datafolha perguntou a opinião sobre a população LGBTQIAPN+. Segundo a pesquisa, 85% afirmaram respeitar as pessoas LGBTQIAPN+. O porcentual cai para 79% quando a pergunta é se a comunidade deve ter os mesmos direitos da população heteronormativa. E cai ainda mais, para 53%, quando o Datafolha indagou se os LGBTQIAPN+ têm direito de realizar demonstrações públicas de afeto. "Sabíamos que encontraríamos discriminação e visões preconceituosas, mas alguns números são muito fortes", diz Paulo Alves, do Datafolha.

'Não tenho vergonha, mas tenho receio'

Para o servidor público Bruno Ferreira, de 27 anos, que mora em Niterói, região metropolitana do Rio, o dado que indica discriminação não foi uma surpresa. "Existe esse mito de que a sociedade brasileira acolhe bem a diversidade", afirma. Ferreira já foi abordado na fila do cinema por estar de mãos dadas com o namorado. "Isso vem de uma percepção equivocada de que, quando uma população minoritária ganha direitos, o outro grupo está perdendo direitos. E não é isso que acontece. Ninguém está perdendo nada."

A designer Luiza Ribeiro, de 28 anos, que vive em Belém, no Pará, concorda. "Eu não tenho vergonha de andar de mãos dadas com a minha namorada, mas tenho receio", afirma. "Principalmente por ser mulher. Já fomos questionadas dentro de um Uber, o motorista começou a tratar a gente de forma diferente, ficou um clima tenso no carro... Aquela agonia de estar com uma pessoa que não gosta da gente."

DADOS

A violência é real e vem aumentando. Em maio deste ano, levantamento do Observatório de Mortes e Violências contra LGBT+ mostrou que pelo menos cinco pessoas da comunidade haviam sido vítimas de homicídio por semana no País. Ao todo, foram 262 assassinatos, um aumento de 21,9% em relação ao ano anterior.

Também em maio deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou pela primeira vez dados oficiais sobre a orientação sexual da população brasileira. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 1,9% da população se declara homossexual ou bissexual, enquanto outros 3,4% não quiseram responder ou não sabiam.

A pesquisa não propôs questões sobre identidade de gênero e os números foram considerados subestimados. No lançamento, a coordenadora do trabalho, Maria Lúcia Franca Pontes Vieira, elogiou a iniciativa. "Ainda que os números estejam subnotificados, considero um passo importante para podermos, de alguma forma, entender as características sociodemográficas desse grupo."

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Numa movimentação pouco usual, a Non Stop, especializada em marketing de influência e conteúdo on demand, acaba de anunciar o fechamento de acordo para a venda de 25% do seu negócio para os empreendedores empresariais Janguiê Diniz e João Kepler, e a CaptAll Ventures, de Nilio Portella e Túlio Mêne. O valor da aquisição  e o percentual de equity de cada um não foram revelados pelas partes envolvidas no negócio. 

 Com o investimento, a empresa — responsável por nomes como Whindersson Nunes, Gkay, Tirullipa, Simone Mendes e Patrícia Ramos — confirma um valuation (avaliação de mercado) de mais de R$ 200 milhões, fortemente impulsionado por publicidade e shows. A novidade chega atrelada ao processo de expansão da Non Stop, visto que os novos investidores somarão expertises nas áreas de governança corporativa, compliance, comunicação estratégica, mercado de capitais e eventos. 

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  O marketing de influência ganhou uma grande movimentação nos últimos anos. Segundo dados da CB Insights, o segmento movimentou mais de US$ 1,3 bilhão no ano passado. Com o desenvolvimento de mais tecnologia, crescimento dos micro e nano influenciadores, live commerce, bem como metaverso e NFTs, os tokens não fungíveis, o potencial da indústria da influência deve crescer ainda mais. 

 Segundo Alex Monteiro, sócio-fundador da Non Stop, o investimento será usado na expansão dos negócios da empresa. “Estamos muito felizes com a chegada dos novos sócios-investidores e em aprender com a experiência que eles trazem. Esse investimento será usado para expansão do nosso ecossistema de soluções, contratações e para continuarmos a crescer”, afirma. 

 “Vejo grande sinergia entre a atuação da Non Stop e o que eu acredito como um trabalho que faz a diferença. Essa parceria é uma oportunidade de unirmos forças e potencializarmos o marketing de influência no país”, afirma Janguiê Diniz, empreendedor empresarial, controlador do grupo Ser Educacional, presidente do venture capital Epitychia e acionista da BossaNova Investimentos. 

 Já para o investidor-anjo e escritor João Kepler, “cada vez mais as empresas estão entendendo o potencial de se trabalhar com influenciadores e com isso o mercado vai continuar movimentando cifras milionárias”. 

A iniciativa também ganha força pela sinergia com a CaptAll Ventures – capiteaneada pelos sócios Nilio Portella e Túlio Mêne. A empresa tem no seu portfólio a eMotion, holding de startups focada em economia criativa, dona de mais de 130 canais no YouTube e no Kwai e controladora das startups One Big Media, Oinc Filmes e Hitbel. O grupo já é um dos maiores em mídia digital do país. “Nossa estratégia é somar com a Non Stop. Somos uma holding de comunicação com 14 empresas, com audiência de meio bilhão de views em mais de 100 canais digitais próprios, em múltiplas plataformas”, destaca Túlio Mêne. 

“Estamos construindo uma grande companhia. Vamos fortalecer a Non Stop com o nosso grupo de comunicação e experiência de mais de 20 anos no mercado publicitário e na economia criativa. Somando os ativos próprios e os sob gestão, temos mais de 240 canais relevantes e 70 milhões de inscritos e vamos levar toda essa expertise e conhecimento para a Non Stop”, conta Nilio Portella. 

Em recente levantamento feito pela Non Stop, em 2021 houve um crescimento de 316% na procura por ações com influenciadores digitais, comparado ao ano anterior, quando a pandemia da Covid-19 chegou de surpresa para a economia. Os segmentos que mais demandaram foram de alimentos, tecnologia, bebidas, esportes, financeiro, entretenimento e empresas de varejo. 

 “O prognóstico dos próximos anos, inclusive deste, é que a busca influenciadores cresça cada vez mais. Quem souber explorar essa oportunidade, pode garantir um espaço importante e no mercado e na timeline do usuário”, finaliza Alex Monteiro. 

 Sobre a Non Stop 

Fundada em 2015, a Non Stop é referência na América Latina em marketing de influência. A empresa — que nasceu para conectar marcas à audiência, gerando engajamento e conversas genuínas — é especializada na produção de conteúdo on demand, publicidade, turnês nacionais, internacionais e gerenciamento de carreira. Com escritórios em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, a empresa possui um casting diverso e exclusivo, contabilizando milhões de seguidores. 

Sobre a Janguiê Diniz 

Janguiê Diniz é mestre e doutor em Direito, autor de 27 livros, sendo o Código Secreto da Riqueza seu último beste seler. É o controlador do grupo Ser Educacional, uma das maiores empresas voltadas para o ensino superior do Brasil, sendo o maior grupo de ensino da região Nordeste. Também é um dos acionistas majoritários da BossaNova Investimentos. Como foco em investimentos, Janguiê criou a Epitychia - uma family office de investimentos sediada em São Paulo com o foco em Private Equity, Venture Capital e Real Estate. Fundada pelo empreendedor e seu filho Thales Janguiê, ela visa investir em empresas com grande potencial de crescimento e startups. Desde sua fundação, já investiu em diversas empresas como a Pitang IT, Bossa Nova Investimentos, Edulabzz, Goowit, Be Academy, Live Arena, Escola Conecta, Abi-Hub, Defender, Kiduca, Great Pages, entre outras. Ex- presidente e atual vice-presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES).   

 Sobre a João Kepler 

João Kepler é escritor, anjo-investidor, conferencista, apresentador de TV, podcaster e pai de empreendedores. Especialista na relação empreendedor-investidor, foi premiado por 4x como o Melhor Anjo-Investidor do Brasil pelo Startup Awards. CEO da Bossanova Investimentos, que realizou mais de 1000 investimentos em startups nos últimos 5 anos; Conselheiro de Empresas e Entidades; Autor de 8 livros, entre eles o [Smart Money], [Gestão Ágil], [Se Vira Moleque] e o [O Poder do Equity]. 

Sobre a CaptAll Ventures

Com sede em São Paulo, a CaptAll Ventures é a vertical de inovação e tecnologia da Mene & Portella (M&P). Com 16 anos de atuação e presença em 10 estados, a Mene & Portella está entre as maiores agências de publicidade do Brasil. O grupo M&P, formado por Mene & Portella Publicidade, One Big Media, Trakto, Hitbel, Oinc Filmes, Showkase e OnMovie, faturou mais de R$ 250 milhões em 2021 contra R$ 100 milhões do ano anterior. A CaptAll Ventures tem o objetivo de investir em startups que tem como foco geração de audiência e economia criativa, como martechs, adtechs e mediatechs.

Eles são pais em tudo: nas noites mal dormidas, nos puxões de orelha, na vibração a cada conquista. E, embora não sejam os genitores, conquistaram o reconhecimento do vínculo de pai também no papel. A paternidade socioafetiva, como é chamada no meio jurídico, tem nomes mais singelos no interior dos lares brasileiros.

"É emoção", resume o advogado Oton Nasser, de 55 anos, pai de Nicole, de 17, e Gustavo, de 12. Foi a jovem quem primeiro teve a iniciativa de oficializar o vínculo de filha com Nasser. No ano passado, ela levou o advogado ao cartório, de surpresa. A assinatura dos papéis que acrescentavam o nome do advogado na certidão de nascimento foi feita em meio às lágrimas.

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O pai biológico de Nicole e Gustavo morreu 11 anos atrás. A perda, em um acidente de trânsito, marcou a família, e Nicole, no início, tinha dificuldade de aceitar um novo relacionamento da mãe. "Um dia, em uma viagem, ela falou: ‘tio Oton, por que você não namora a mamãe?’" Foi um sinal de que o coração começava a se abrir.

Com o mais jovem, Gustavo, o vínculo começou cedo. Desde bem pequeno, ele identificava em Nasser a figura paterna e colocava nas provas da escola o nome do padrasto. Não entendia, porém, por que o sobrenome de Nasser não aparecia em seus registros. Este ano, a surpresa foi inversa: o advogado levou Gustavo ao cartório sem que ele soubesse. Com o papel nas mãos, o menino celebrou: "É oficial".

"A paternidade socioafetiva não é só no papel: ela sai do verdadeiro estado emocional e desemboca no papel. É da convivência para a certidão", diz o advogado, que também tem outros filhos, biológicos. Nas certidões de nascimento de Nicole e Gustavo, agora, constam os nomes da mãe e dos dois pais. "Eles tiveram um pai biológico, que cuidou deles, que olha por eles, mas também tem um presente."

No Brasil, já são 44.942 registros de paternidade socioafetiva desde 2017, quando se tornou possível o reconhecimento diretamente nos cartórios, segundo dados da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg). Hoje, para fazer o registro em cartório, é preciso que a criança tenha mais de 12 anos e que tanto o filho quanto o pai socioafetivo concordem com o reconhecimento.

Em casos de menores de 18 anos, também é pedido aval dos pais biológicos. Se não houver concordância do pai biológico ou se a criança for menor de 12 anos, o procedimento tem de ser feito pela via judicial. O registro da paternidade socioafetiva é irrevogável e, na certidão, não há distinção entre o pai biológico e o pai do coração.

Para fazer o reconhecimento, o cartório pode analisar documentos como registros da escola e até fotos em celebrações importantes. A modalidade cumpre uma função simbólica, de oficializar um laço de afeto que já existe, mas também pode ter papel prático, como garantir o direito à guarda e à herança - os mesmos de uma relação de paternidade biológica.

DIA A DIA

Este ano, o Dia dos Pais na família da advogada Ana Luíza Rodrigues, de 25 anos, será comemorado com um tempero a mais: a jovem resolveu presentear Roberto Cravo, de 43, com a oficialização do vínculo entre pai e filha. O pai biológico de Ana Luíza se afastou após o divórcio e, quando a menina tinha 8 anos, conheceu Cravo, que passou a fazer parte da família.

O laço foi construído dia a dia. Em grandes e pequenos momentos, ele se fazia presente: viagens, formaturas, celebrações na escola. E até "nas apresentações minúsculas que eu fazia só para minha mãe em casa, ele estava lá aplaudindo, apoiando", lembra Ana Luíza. A paciência foi a chave para a conquista. "Ele esperou meu tempo."

Quando a jovem tinha 15 anos, o irmão nasceu e veio a dúvida sobre como ficaria o relacionamento com o padrasto, que agora tinha um filho biológico. "Pensei que teria alguma diferença no tratamento entre nós dois", contou. Mas aconteceu o contrário. "Percebi ali, vendo que ele estava fazendo o papel dele sem deixar de fazer para mim, que era um cara com quem eu poderia contar. Comecei a reconhecer nele essa figura paterna."

Cravo conta que o relacionamento exigiu algumas doses de empatia - no início, era preciso se colocar no lugar de uma menina ainda sem maturidade para entender a nova configuração familiar - e outras tantas doses de renúncia. "Queria curtir coisas de casal, mas priorizava os três saírem juntos. Ela nunca se sentiu preterida", diz o pai, supervisor de manutenção de uma plataforma de petróleo.

Na vida adulta, o apoio continua, de outras formas: ele busca oferecer oportunidades para que a jovem se desenvolva e tenta transmitir sua experiência para evitar que os filhos passem pelas dificuldades que passou. "Ele se esforça para abrir caminhos", conta Ana Luíza.

DEVOLUÇÃO

Em uma via de mão dupla, também recebe muito em troca. "Aprendi a ouvir mais, a ser mais humilde", diz ele. Ter o amor registrado em papel, afirma o pai, confirma que tudo valeu a pena. "É um reconhecimento da parte dela, de que atendi às expectativas", comemora. "A consolidação dessa história toda, a cereja do bolo."

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Se ostentar o sobrenome do marido já foi um símbolo de status, manter o nome de solteira é, hoje, uma forma de reafirmar a individualidade feminina. A mudança cultural foi captada pelos Cartórios de Registro Civil. Segundo levantamento divulgado na semana passada, houve, nos últimos 20 anos, uma redução de mais de 24% no número de mulheres que adotam o sobrenome do marido depois do casamento.

Em 2002, 59,2% das mulheres faziam essa opção. A partir daí, no entanto, os cartórios começaram a registrar uma queda paulatina. Em 2010, este porcentual já era de 52,5%. Atualmente, equivale a 45% dos matrimônios - índice ainda considerado alto. Do ponto de vista prático, trocar o sobrenome envolve grande burocracia. Historicamente, é um atestado da submissão feminina.

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"No dia a dia, às vezes não damos muita importância ao sobrenome das pessoas, mas especificamente no momento do casamento é um dos elementos mais importantes, que tem uma carga emocional grande e um simbolismo de posse bem importante", afirma o presidente da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), Gustavo Fiscarelli. "É um dado central decidir que nome assinar a partir do casamento."

Mais do que um símbolo de posse, explica a historiadora Mary Del Priore, o nome do marido pode indicar que a mulher é incapaz de gerir sua própria vida.

"Nós herdamos isso do direito romano; mais do que posse, indica a noção de incapacidade, de que a mulher era uma incapaz. Ela tem o nome do homem porque ela é como uma criança", explica a historiadora, autora de Sobreviventes e Guerreiras: Uma Breve História da Mulher no Brasil de 1500 a 2000 (Ed. Planeta). "O Concílio de Trento (1545 -1563) amarra essa ideia quando organiza a família patriarcal e dá direito de vida e morte da mulher e dos filhos ao homem."

Facultativo

Até 1977, quando o divórcio foi aprovado no País, adotar o sobrenome do marido era a regra do casamento. Após a aprovação da lei, no entanto, tornou-se facultativo. A Constituição de 1988 igualou os direitos de homens e mulheres. Finalmente, o Código Civil de 2002 permitiu que o homem adotasse o sobrenome da mulher.

A principal opção hoje (de 47% dos casais) é por manter os sobrenomes de família, um aumento de 31% desde 2002. Naquele ano, esta era a escolha para apenas 35,7% dos casais. Dados preliminares deste ano indicam que os números seguem em elevação. Nos primeiros cinco meses de 2022, foi a opção de quase 50% dos casais.

Novidade introduzida pelo Código Civil, a possibilidade de adoção do sobrenome da mulher pelo homem ainda é bem incomum no País. Em 2021, apenas 0,7% fez essa escolha no momento do casamento. A opção teve seu ápice em 2005, quando chegou a 2%. A mudança dos sobrenomes por ambos os cônjuges, opção comum em vários países da Europa, também não é muito popular no Brasil. No ano passado, foi a escolha de apenas 7,7% dos noivos - bem menos do que em 2014, quando foi a opção em 13,8% das cerimônias.

Mudança nos documentos

A escolha dos sobrenomes do futuro casal deve ser comunicada ao Cartório de Registro Civil no ato da habilitação do casamento, quando são apresentados os documentos pessoais previstos em lei. A pessoa que altera um nome deve providenciar a alteração de todos os documentos pessoais. Uma alternativa é apresentar também a certidão de casamento toda vez que tiver que mostrar um documento de identificação.

"Até alguns anos atrás, ao entrar no cartório, a primeira coisa que a mulher perguntava era: ‘Vou ter que adotar o nome do meu marido?’. Porque essa sempre foi a praxe, porque a mãe fez, a avó fez, muitos maridos exigiam", afirma Fiscarelli. "De alguns anos para cá, isso vem mudando, as mulheres entendem que têm a possibilidade de dizer não, refletindo a evolução da sociedade."

Segundo Mary Del Priore, sempre prevaleceu o conceito de "a mulher de alguém". Ao adotar o próprio nome, explica a historiadora, rompe-se com essa ideia. "Hoje, ela não precisa ser mulher de ninguém para ser mulher", conclui a historiadora.

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A UNAMA - Universidade da Amazônia sediou, nos dias 3 e 4 de novembro, o V Encontro de Patrimônio Cultural e Sociedade. O tema do evento foi “Patrimônio cultural memórias e materialidades”. A programação contou com grupos de trabalho, exposições, mesas-redondas e feirinha.

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O coordenador do evento, professor Diego Santos, destacou a importância da parceria com a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) para a valorização do patrimônio histórico e artístico. Segundo a professora Deyseane Ferraz, a união existe desde a primeira edição do evento.

Cristina Senna, pesquisadora do Museu Emílio Goeldi, mediou o debate sobre "Patrimônio vivo: saberes e fazeres tradicionais". “Patrimônio, para mim, é uma ficção, ele parte de uma ideia construída a partir das pessoas e estabelece uma relação de olhar o mundo, e ao mesmo tempo nos relata o passado, já que foi construído através dos anos, sendo também importante para o nosso futuro. Antes de tudo, é o que nos move para a vida”, assinalou a pesquisadora.

Enilson Souza, geógrafo, advogado e doutor em Ciências Ambientais, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenador do Programa de Pós-graduação em Geografia e Meio Ambiente, participou da mesa sobre fazeres tradicionais e falou sobre a importância das discussões para os alunos. “Tentamos mostrar nossa trajetória de dificuldade, que é mais dificil chegar na universidade por ser negro, mais dificil ainda ser professor e mais ainda doutor, em uma universidade que é predominantemente branca. Essa luta é nossa. Chegar na universidade e dizer: 'Eu sou professora da universidade, eu sou doutor e eu sou preto, eu estou aqui e o meu trabalho tem a mesma qualidade de qualquer um'", afirmou.

O aluno Gabriel Barros, do curso de Direito da UNAMA, acentuou a relevância do evento para a sua formação profissional. Os debates, disse, permitem que as pessoas formem uma visão diferente sobre as parcelas menos representadas na sociedade.

A atriz Maria Barros participou de uma performance artística, na qual representou a Matinta Encantada, personagem que se refere à lenda paraense da “Matinta Pereira”. No hall de entrada da UNAMA, houve feira de economia criativa e exposição de artes.

Por Alessandra Nascimento e Dinei Souza.

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Nos dias 3 e 4 de novembro a UNAMA - Universidade da Amazônia e a Secretaria de Estado de Culura (Secult), por meio do Departamento e Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC) e do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM), realizam a 5ª edição do Encontro do Patrimônio Cultural e Sociedade. Serão ofertadas 200 vagas. O credenciamento será feito no hall entrada do auditório David Mufarrej, no campus Alcindo Cacela, de 9 até 17 horas.

A programação começa no dia 3 com a palestra de abertura, às 20h30, do professor Antonio Maurício Dias da Costa (História- UFPA), sobre "O Brega como Patrimônio Cultural do Estado do Pará: da tradição e modernidade do povo paraense". Haverá, também, grupos de trabalho nas salas de aula.

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Outros temas do evento são: "Patrimônio Cultural: História da África e Culturas Brasileiras", com o professor Diego Pereira Santos (UNAMA); "Patrimônio Histórico: Memórias e Maternidades", com os professores Renato Gimenes (DPHAC/ SECULT) e Jackson Silva (Laboratório de Confitos Urbanos da UFPA); e "Patrimônio Imaterial, Memória e Identidades", com as profssoras Deyseane Ferraz (UNAMA/SECULT) e Cristina Senna (MPEG).

No último dia de evento (4) haverá mesas-redondas, no horário de 20h até ás 21h30, simultaneamente em auditórios diferentes, sobre: "Patrimônio Cultural e Identidades", com os professores Diego Santos (UNAMA) e Socorro Amoras, além de um representante da comunidade indígena; "Patrimônio Vivo: Saberes e Fazeres Tradicionais", com os professores Cristina Senna, José Benedito Figueiredo Filho (Secretaria Municipal de Educação de Viseu) e Emilson da Silva Sousa (Geografia- UFPA), contando também com a participação de Jairo Rodrigues da Silva (presidente da Federação das Comunidades Quilombolas).

Nos dois dias do evento ambém haverá programação cultural com Feirinha de Economia Criativa, nos dias 3 e 4 de novembro, no hall de entrada da UNAMA, no horário de 9h até as 20 horas, e MOAV- Exposições de Arte na Galeria Graça Landeira, nos dias 05/11/2021 e 06/11/2021, realizado pelos organizadores. 

Inscrições:

quintoencontrodepatrimonio@gmail.com

Ou pelo site da unama:

https://extensao.unama.br/HomeParticipante.aspx

Por Alessandra Nascimento.

 

Na data de hoje (30), é celebrado o Dia Internacional da Tradução, que visa destacar a importância da profissão de tradutor. A comemoração também homenageia o sacerdote São Jerônimo, responsável por traduzir a Bíblia sagrada para o Latim.

Para o tradutor Fernando Sato Mucioli, a tradução possui importância expressiva na sociedade, uma vez que possibilita a disseminação da cultura. “Isso inclui não só livros acadêmicos, que se associariam mais tradicionalmente com esse conceito, mas também quadrinhos, filmes, séries, música e outras mídias”, comenta.

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Mucioli realiza traduções do japonês para português e do inglês para o português. A princípio, ele era uma das poucas pessoas do seu ciclo de amigos que havia estudado japonês. Por conta disso, ele começou a traduzir pequenas coisas para poder compartilhar com outras pessoas. “Depois, comecei a ajudar alguns amigos em fansubs, passei para tradução e redação de notícias de games sobre o mercado japonês, até que cheguei nos mangás e animes”, detalha.

Entre todas as suas traduções, Mucioli destaca os trabalhos realizados com os mangás da franquia “Pokémon”, o anime “Pop Team Epic” e as séries de “Ultraman” da plataforma de streaming Crunchyroll.

Para os que desejam atuar na profissão de tradutor, Mucioli afirma que é necessário dominar antes de todas a língua portuguesa. “Sem esse domínio, por mais que você seja proficiente em outras línguas, o produto final da tradução sempre vai pecar um pouco em qualidade”, relata.

Globalização e diferentes culturas

De maneira inusitada, o tradutor técnico Nelson Calciolari ingressou na profissão no período em que trabalhava em uma montadora multinacional. Por ter um bom domínio da língua inglesa, ele foi solicitado para traduzir alguns procedimentos técnicos e administrativos. A partir desse momento, seu cargo começou aos poucos a ser mudado e, atualmente, ele realiza traduções dos idiomas Inglês e Espanhol.

Devido ao fenômeno de globalização, Calciolari salienta que informações de operações e manutenções de equipamentos, presentes no intercâmbio de produtos, precisam ser claras e precisas, o que torna a tradução imprescindível. “Além de facilitar a comunicação, fazer uma ponte de informação e diminuir as barreiras que bloqueiam o entendimento”, define.

Segundo Calciolari, para atuar na profissão, o primeiro passo é gostar de estudar e, buscar compreender outros idiomas, costumes e culturas, uma vez que existem elementos como regionalismos e gírias que podem fazer toda a diferença em uma tradução. “Não é simplesmente trocar palavras, é acima de tudo saber também interpretar texto, entender o que ele quer dizer para poder fazer uma tradução de acordo com o que é necessário transmitir”, aponta.

Aos que desejam trabalhar de maneira autônoma, Calciolari frisa a importância de realizar um orçamento detalhado, acompanhado com uma conversa prévia com o cliente. Além disso, ele explica que é importante demonstrar profissionalismo e honestidade. “Nunca dizer que você sabe fazer uma tradução sobre um assunto que você não domina”, orienta.

Nesta sexta-feira (27) é comemorado o Dia do Psicólogo, que homenageia o profissional responsável por auxiliar a saúde mental das pessoas, no tratamento de angústias e traumas. A princípio, a data foi instituída pelo presidente João Goulart (1919-1976) em 1962, pela Lei nº 4.119 e regulamentada em 1964 pela Lei nº 53.464.

De acordo com a psicóloga clínica, formada pela Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), com curso de aperfeiçoamento em psicanálise pelo Instituto Sedes Sapientiae, Maitê Hammoud, além de cuidar da saúde mental, a psicologia também pode ser considerada uma ciência reflexiva e autocrítica.

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Maitê aponta que a psicologia pode auxiliar no desenvolvimento da sociedade, uma vez que garante melhor qualidade de vida da saúde mental. “Além de escolhas mais assertivas como na promoção de empatia e desenvolvimento de questões que competem a nós e ao outro”, afirma.

Durante a pandemia do Covid-19, o Conselho Federal de Psicologia autorizou o uso ilimitado dos atendimentos psicológicos online, para garantir a continuidade das sessões e a segurança dos pacientes. “Além de demandas já existentes da vida de cada um, a psicoterapia se tornou um aliado essencial na promoção de saúde diante de tantas privações e preocupações que vivemos com a pandemia”, lembra Maitê.

A psicóloga lembra que a pandemia provocou diversas adaptações na rotina e a convivência com familiares aumentou de maneira significativa. “Estar estruturado e fortalecido emocionalmente em um momento como este é a base para prevenção de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, além da tolerância e boa convivência com aqueles que vivemos”, destaca Maitê.

Maitê recorda que tanto ela quanto alguns pacientes eram resistentes ao tratamento a distância, mas o advento da pandemia exigiu adaptações. Durante o processo, alguns cuidados foram necessários, entre eles, manter o sigilo do atendimento, mesmo com a proximidade dos familiares do paciente. “Alguns pacientes começaram a fazer as sessões de lugares isolados na casa ou até mesmo de seus veículos estacionados na garagem. No que diz respeito à qualidade das sessões e do tratamento, a eficácia continuou a mesma”, relata.

Para exercer um bom trabalho, Maitê pontua que é essencial possuir empatia e sensibilidade nas questões que o paciente apresenta ao psicólogo. “O que garante a eficácia do tratamento, reflexão para se construir o autoconhecimento, ter mais entendimentos nas demandas e conflitos do cotidiano”, define a profissional e complementa que a graduação e vínculo com o Conselho Federal de Psicologia também é fundamental.

A psicóloga e professora do curso de Psicologia da Universidade Guarulhos (UNG), Sílvia Suely de Souza Maia, explica que a psicologia possibilita ao profissional da área,recursos para conduzir um ser humano à autoconstrução, busca pela identidade e compreensão de suas dificuldades. “Além de ser a forma com que se relaciona com o seu processo intrínseco e seus pilares externos”, reforça.

Segundo Sílvia, por meio da psicologia, a sociedade consegue refletir, ampliar sua visibilidade sobre os contextos sócio-histórico-cultural e compreender o homem como ser biopsicossocial.

Na contemporaneidade a psicologia passou a analisar o ser humano por meio de outra perspectiva. “A Psicologia enquanto ciência foi instigada a apresentar respostas para os anseios e as prementes dúvidas da sociedade. Assim, ela permite que os questionamentos possam ser refletidos, compreendidos e até refutados”, ressalta Sílvia.

Os Desafios da Psicologia

Diante de inúmeras adversidades que o psicólogo precisa lidar em seu dia-a-dia, a professora destaca a formação profissional, alta demanda dos que desejam atuar na área, problemas com estrutura física, falta de recursos materiais e pessoais, além do baixo investimento por parte do poder público.

Os que atuam com políticas públicas também precisam lidar com alguns desafios. “Por se tratar de uma ação que exige movimentos práticos, em que o psicólogo necessita, muitas vezes, readequar seu papel, buscando considerar a ética que lhe confere atribuir imprescindível prioridade ao paciente, escutando e analisando profundamente suas angústias e aflições”, exemplifica Sílvia.

Os desafios também foram ampliados pela crise do coronavírus, que impulsionou a sociedade para uma nova realidade. De acordo com a professora universitária, o psicólogo precisou elevar a serenidade, ressignificar o seu papel, crenças, maneira de agir e maneiras de atuar profissionalmente. “Foi necessário utilizar a adaptabilidade humana como critério de encontros simbólicos em suas possibilidades de manifestar os variados modos de ser e estar no mundo”, relembra.

Nesse sentido, Sílvia evidencia que a Psicologia surge para acomodar necessidades, acompanhar, acolher e descrever essas mudanças impostas pela pandemia.  A professora reforça que o momento exige o desenvolvimento da empatia, junto ao fortalecimento dos vínculos e da confiabilidade, para que seja possível sobreviver e contribuir. “Ainda que por meio do confinamento e do distanciamento social, para a sobrevivência de uma sociedade psiquicamente saudável”, finaliza.

Amanhã (19), é comemorado o Dia do Historiador, que visa celebrar o profissional responsável por desvendar e compreender o passado de antigos povos, suas culturas e seus modos de vida. A data foi instituída em 17 de dezembro de 2009, pelo Decreto de Lei nº 12.130, como uma homenagem ao nascimento do historiador pernambucano Joaquim Nabuco (1849-1910).

De acordo com a Educadora Popular e Coordenadora de Núcleo da União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora (Uneafro), licenciada em História pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e pós graduada em Gestão Escolar pela Universidade de São Paulo (USP), Arlene dos Santos Ramos, os historiadores e historiadoras são responsáveis por questionar a zona de conforto, ao qual a sociedade costuma permanecer em momentos de crise. “O esquecimento acaba virando uma grande rota de fuga”, comenta.

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Arlene pontua que a evolução humana não ocorre se o silêncio for predominante. “Muito menos se a zona de conforto é preservada, por isso o profissional da História deve sempre incomodar a sociedade, levando-a à reflexão, pensamento crítico, olhar observador e ações coerentes”, aponta.

Na visão do historiador e contista da cidade de Guarulhos (SP) Elton Soares de Oliveira, o principal papel de um historiador é garantir que as gerações do presente conheçam o passado e lembrar às gerações mais velhas os acontecimentos que elas tentam esquecer. Segundo ele, a história tem a função de fazer uma relação entre o presente, passado e projetar aquilo que poderá ocorrer no futuro.

Para Soares, o registro histórico precisa ser realizado todos os dias, mas atualmente, os conflitos gerados pela sociedade, tentam esconder os acontecimentos da história. “O historiador tem a função de trazer a história em sua totalidade”, afirma.

O contista explica que o tempo é o objeto de estudo da história e, neste processo, é preciso compreender o período em que existe uma ruptura ou permanência. “O momento que rompe pode ser abrupto, ou pode ser um período de longa duração. As revoluções podem ser consideradas roturas abruptas, mas, elas também vêm de um processo de longo amadurecimento e possuem seus momentos de explosão, em que se inicia uma nova fase”, descreve Soares.

Outro ponto que Soares destaca na profissão é a particularidade de diferentes países. “A história geral é muito falha, pois no fundo, ela é uma história ocidental. Não temos uma totalidade que inclui realidades de outros países”, aponta. Mesmo na história ocidental cristã, que possui presença expressiva na cultura brasileira é, segundo o historiador, incompleta, pois possui aspectos de uma história geral, mas não envolve elementos regionais ou locais.

Soares lembra que é preciso compreender as diferenças entre aparência e essência, que serão identificadas pelo método de investigação histórico. Além disso, a história também deve ser analisada a partir da compreensão do presente, da análise do passado e da projeção do que pode ocorrer no futuro. “As histórias são feitas por pessoas, às vezes existem tendências, mas devido a possíveis variantes, elas nem sempre se confirmam”, sinaliza.

 Campos de Atuação

Segundo Soares, um historiador pode atuar na realização de pesquisas, com turistas pedagógicos (visita a museus ou demais localidades turísticas) e também na escrita de livros.

Arlene indica que historiadoras e historiadores podem agir na área da educação, como professores em centros culturais, acervos e casas de cultura; mas, ela também destaca a importância do profissional ser um agente no campo dos direitos humanos. “Atuar na luta antirracista, no combate ao machismo, misoginia, homofobia, transfobia e a todo tipo de violência, independente de qual seja o nosso local de trabalho”, defende a educadora.

Aos que desejam ingressar na profissão de historiador, Soares recomenda estar aberto para conhecer todas as concepções de história e compreender tudo o que ela narra. “Primeiro, é necessário gostar de ler; segundo, é preciso gostar de tomar café, porque quando se lê dá sono, afinal, ninguém é de ferro”, brinca. Também é importante gostar de dialogar, ouvir outras pessoas, fazer relações com os momentos do passado, presente e como isso pode ser projetado no futuro.

Arlene aconselha a ter força, persistência e amizades, pois segundo ela, a profissão não é fácil e não recebe o devido valor. “Somos constantemente perseguidas e perseguidos. Em muitos momentos precisamos agir como camaleões para que possamos nos inserir no mercado, ter a esperança de ver nossa CLT assinada e o salário na conta”, relata.

O Dia do Filósofo comemorado hoje (16), visa homenagear o profissional responsável por se aprofundar e pesquisar sobre a vida humana, política, religião, valores, moral e ética. Na história da humanidade, muitos foram os filósofos que contribuíram com a sociedade, entre eles, Platão, Aristóteles e Sócrates, que além de apresentar ao mundo suas ideias, serviram de inspiração para futuros aprendizes.

De acordo com o professor, educador popular na União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora (Uneafro) e mestre em Filosofia pela Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (EFLCH-Unifesp), Diogo Dias, a filosofia se destaca nos momentos em que a humanidade se encontra em crise, uma vez que são as contradições que fortalecem os debates e permitem novas descobertas. “A crise se torna uma grande fonte de reflexão para a filosofia. Estamos em uma época em que se agravaram as contradições do sistema de reprodução capitalista, o que ele traz em relação à exploração da natureza e dos homens pelos homens”, aponta.

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Segundo o professor, todos os debates que abrangem o campo da esfera pública, se utilizam das questões filosóficas como plano de fundo. “A filosofia possibilita a nós, fazer uma reflexão mais rigorosa sobre o que vivenciamos. Acredito que essa é a grande contribuição que ela pode nos oferecer, em tempos em que todas as ideias parecem estar em risco”, esclarece Dias, que  ressalta ainda que também é preciso analisar quais ideias serão mantidas e quais devem ser substituídas.

Atualmente, Dias pontua que o debate filosófico contribui com a sociedade no momento em que eleva a consciência das pessoas, sobre a situação as quais vivem e suas reais possibilidades. A principal crítica da filosofia gira em torno da mensagem que cerca algumas propagandas ou publicidades. "Às vezes também aparece em algumas culturas empresariais, que não consideram algumas questões, para que as pessoas saibam fazer suas próprias avaliações e escolherem o melhor caminho, de acordo com suas próprias condições”, afirma.

Campos Profissionais

No Brasil, a docência é a principal área de atuação da filosofia, tanto nos níveis básicos como superiores. Dias explica que muitos cursos de humanas ou de artes, também inserem disciplinas de filosofia em suas grades curriculares. Além disso, o profissional também pode atuar em campos atrelados à arte e cultura; seguir o caminho da pós-graduação, orientação de mestrados e doutorados; ou se tornar um pesquisador. “Infelizmente no Brasil, sofremos um abandono nos investimentos do campo da pesquisa, que também impacta a filosofia”, lamenta.

Para aqueles que desejam seguir uma carreira na filosofia, o professor orienta a se abrir ao processo de formação e transformação que o estudo do conhecimento pode oferecer. De acordo com Dias, esse processo dependerá da experiência individual de cada um. “Ao mesmo tempo, várias ideias que temos serão abaladas. Muitas vezes, como um mecanismo de defesa, as pessoas se fecham para as ideias que a filosofia traz”, exemplifica.

Dias aconselha a buscar por leituras, independente de suas vertentes, sejam de direita, esquerda ou conservador; absorver esses conteúdos; pensar por si próprio e conversar com os colegas da graduação para compartilhar as ideias. “Também deve-se manter o senso crítico, de não aceitar nada como uma verdade absoluta, antes de haver uma mediação ou questionamento. Além claro, de desenvolver o gosto pela leitura e pela escrita, que junto ao desenvolvimento das ideias, são grandes materiais de trabalho para os filósofos”, finaliza.

Há pelo menos três datas no ano em que se comemora e se lembra a importância do meio televisão: 21 de novembro, 18 de setembro (aniversário da chegada da TV ao Brasil) e também 11 de agosto, Da da Televisão em alusão à Santa Clara de Assis, conhecida como padroeira desse meio de comunicação, instituída  pelo Papa Pio XII em 1958. 

De acordo com Ana Claudia Fernandes Gomes, mestre em Sociologia e doutoranda em Ciências da Comunicação pela ECA/USP, a televisão possui um papel importante na sociedade, já que facilita a transmissão de informação. Além disso, o meio de comunicação também pode ser usado como instrumento político e econômico, que muitas vezes orienta opiniões e eleições. “O grande impacto da televisão foi realmente trazer a notícia, a imagem e a forma, de maneira muito rápida e veloz, criando e consolidando o que a gente chama de sociedade de massa.” A especialista ressalta que essa lógica de transmissão de informação marcou o mundo a partir da década de 1950.

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Com o passar dos anos se adequou aos avanços tecnológicos, como o uso da internet, e muitos chegaram a cogitar o fim da televisão.  Segundo Ana Claudia “já existe um consenso que a televisão, do jeito que a gente conhece, do jeito que surgiu nos anos 50,  o do jeito que fez sentido para muitas gerações, realmente já não existe mais, porque ela não tem mais o monopólio da fala e da informação”. Assim, a partir de outros mecanismos da internet, surgem outros conceitos como a televisão fechada e o streaming, a partir dos anos 2000.

Desta forma, a especialista explica que durante os últimos 20 anos houve uma alteração profunda na dinâmica e no conceito de televisão, principalmente na programação aberta. “A televisão não vai deixar de existir, mas ela vai ser profundamente alterada, mas gradativamente”. Vale lembrar que essa lógica de mudança constante, não acontece apenas na televisão, mas em todos os meios de comunicação. “O que funcionou há cinco anos, hoje já não funciona mais. A própria internet vai ser alterada, trazendo influências e provocando mudanças, não só com YouTube, mas com as redes sociais, que trazem essa dimensão de maneira muito acelerada”, expõe.

Linha do tempo

Ana Claudia explica que existe uma lógica temporal da qual a televisão faz parte. Em 1950, a TV surge como uma possibilidade, que se consolida como meio de comunicação para uma sociedade que começa a ser chamada de “sociedade de massa”, e passa a se envolver em um estilo de vida, o “American Way Of Life”, pautado no consumo, nas informações do mundo pós Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). Já entre as décadas de 70 e 80, a dimensão do consumo é maior. “A lógica de quem tem mais informação, tem mais poder.

Posteriormente, na última década do Século XX, a televisão passa a funcionar como um importante elemento no processo de globalização, mostrando outros mundos e outras realidades, como a cobertura sobre a queda do muro de Berlim, por exemplo ou a Guerra do Golfo. “Há uma disputa informacional, quando a internet se populariza a partir dos anos 2000, momento em que a TV precisa ser modificada porque novos cenários se apresentam. Já na última década, 2010 a 2020, acontece a profunda mudança da televisão”, esclarece.

Importância da televisão

Para a especialista, todos os meios de comunicação são importantes em seus devidos conceitos históricos, não como substituição, mas como continuidade. Ana Claudia cita Marshall McLuhan (1911 – 1980), que trata em seus estudos os meios de comunicação como extensão do homem. “Você tem essa projeção do corpo, no sentido da audição, da visão e das sensações que a televisão começa a proporcionar, e que era, até então, visto como uma novidade”, explica.

Nesse sentido, a internet pode ser aplicada nesse contexto, como parte de uma revolução digital, “em que você usa o celular quase que organicamente, como uma extensão da sua memória, da sua visão, do seu tato”. Assim, é importante ressaltar que a televisão e comunicação social promovida por ela, promove um outro olhar, não como ferramenta, mas sim como complementaridade da nossa dimensão. “Faz muito sentido ver a televisão como parte constituinte e constituída pela nossa cultura e pela nossa percepção de mundo”, finaliza Ana Claudia.

 

 

Na última semana, a medida provisória que viabiliza a privatização da Eletrobras foi sancionada com vetos pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido). Dessa forma, o controle da maior empresa de energia da América Latina toma mais um passo rumo ao domínio da iniciativa privada. Assim, abre-se o leque de discussão sobre quais as consequências da medida e quem são os principais beneficiados nesse processo.

De acordo com o advogado e especialista em direito tributário e empresarial Antônio Carlos Morad, existem motivos que levam uma estatal a ter controle da iniciativa privada. “Para uma política liberal [de direita], todo envolvimento do Estado no mercado pode ser substituído por instituições privadas, uma vez que essas poderiam gerir de forma mais competente do que a administração pública”, explica o especialista. Morad conta que a tendência é que grupos privados sejam os únicos beneficiados nesse processo, já que serão aqueles a adquirir uma empresa ou patrimônio por valores menores em relação ao preço de mercado. “Basta verificar os preços de patrimônios públicos vendidos ultimamente em leilões”, justifica.

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Dessa forma, é possível entender que existe um impacto de forma negativa na sociedade civil durante esse processo. “O controle sobre os preços e sobre a distribuição do produto não estará mais nas mãos do Estado”, esclarece Morad.

De acordo com Gabriel Senra da Cunha Pereira, advogado e mestre em direito público, “praticamente todas as privatizações brasileiras foram bem sucedidas”. O especialista cita empresas como a Telecomunicações, e a Light S/A, como exemplos de privatizações que geraram naqueles mercados um desenvolvimento e pujança econômica. Entretanto, Morad ressalta que apesar do desenvolvimento das Telecomunicações, por exemplo, é importante lembrar que o Brasil possui as tarifas mais caras do mundo. “A Vale pode ter sido um grande sucesso para seus adquirentes, mas quando vemos pessoas sendo sistematicamente soterradas por avalanches de resíduos descartados e não cuidados, como deveríamos analisar uma privatização bem sucedida?”, questiona o especialista.

Futuro das privatizações

Para ambos os especialistas, é incerto apontar qual o prognóstico dos próximos anos sobre as privatizações, mas em linhas gerais, vai depender do governo que estiver à frente do País. Apesar disso, Pereira conta que é possível ver uma tendência de alta nas privatizações, uma vez que, desde a década de 90, ocorrem os processos de desestatização. Por mais que um governo possa intensificar ou diminuir mais as privatizações, “a tendência é que continuem ocorrendo no Brasil”.

Por Rafael Sales

Em 17 de maio comemora-se o Dia Mundial da Internet, data que foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006, com o critério de conscientizar a população sobre as possibilidades, mudanças e impactos que a tecnologia oferece à sociedade.  

A internet é um sistema de comunicação que surgiu durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), para fins militares. Após o fim do conflito armado, a rede digital foi incorporada em grandes empresas e, com o passar do tempo, chegou aos lares e se tornou uma ferramenta presente no cotidiano das pessoas. 

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Segundo a pesquisadora em comunicação digital da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), Issaaf Karhawi, a internet possibilitou que outras pessoas distribuíssem conteúdo e informação, função que, antes, era possível apenas pela mídia tradicional. “Outro ponto importante é o caráter revolucionário da internet. O digital é responsável por alterar nossas relações com o tempo e o espaço. Na pandemia do Covid-19, isso ficou evidente! A internet encurta distâncias e muda nossa relação com o tempo. Pessoas distantes podem se aproximar, mesmo em lugares e horários diferentes”, explica. 

Issaaf observa que devido à internet, a sociedade também mudou suas tendências de organização, já que antes as comunidades estabeleciam vínculo apenas com pessoas próximas, como colegas de trabalho, familiares ou vizinhos. “Mas, a internet permite a construção de comunidades de interesse. Isso significa que não precisamos mais nos restringir ao que está à nossa volta, mas encontrar pessoas que compartilham conosco os nossos interesses, ideias, objetivos. Saímos da localidade para a afinidade”, comenta a pesquisadora.

Por outro lado, a interferência das redes sociais na vida das pessoas (polarizadas basircamente entre duas grandes empresas, Google e Facebook)  segundo Issaaf, é o principal aspecto negativo da internet. A pesquisadora destaca o algoritmo das plataformas, que mantém os usuários dentro de bolhas ideológicas e impossibilita o debate de ideias. 

Além disso, a pesquisadora lembra que a privacidade também é comprometida, pois as plataformas costumam comercializar os dados pessoais de seus usuários com os anunciantes. “Outro aspecto é a facilidade que o digital trouxe para a disseminação de desinformação. Desde a produção de uma informação falsa até o compartilhamento em massa, todo o processo é facilitado justamente por conta das ferramentas que eram o símbolo da democracia anos atrás”, aponta Issaaf.

Cuidados na internet 

Para utilizar a internet de maneira mais segura, a CEO da Digitalents Treinamento e Negócios, Sandra Turchi, recomenda revisar qualquer conteúdo, antes de postá-lo nas redes sociais. “Só com isso, provavelmente, você já vai refazer alguns textos ou mesmo apagar certas postagens”, salienta. “Evite postagens com dados pessoais, de bancos, de telefone, com sua localização e outros”, complementa. 

Sandra também orienta a ler todos os contratos digitais de empresas, que solicitam diversas autorizações para uso daquele produto ou serviço. “Por mais enfadonho que seja essa leitura, ela pode te proteger e muito”, aconselha. 

Outro perigo que circula nos ambientes digitais são as notícias falsas, também conhecidas pelo termo popular Fake News. De acordo com Sandra, é importante analisar os grupos de redes sociais e, caso informações enganosas sejam identificadas em mais de três situações, o recomendável é sair ou bloquear o grupo. “Se não puder fazer isso, não propague o que recebe”, alerta. “Evite grupos extremistas daqueles temas que naturalmente são polêmicos como: política (de qualquer vertente), futebol ou religião. Busque diversificar sua visão de mundo sobre diversos assuntos, para avaliar melhor os conteúdos que você recebe”, complementa.

O Núcleo de Diversidades e Identidades Sociais (NDIS), da Universidade de Pernambuco (UPE), realizará, desta sexta-feira (11) a 13 de dezembro, a Jornada DH 2020 que abordará direitos humanos em uma sociedade marcada pela intolerância. De forma virtual, os participantes poderão acompanhar palestras, sessões de cinema e debates.

Gratuito, o evento, que é aberto ao público em geral, busca fazer com que os participantes compartilhem conhecimentos e saberes sobre diferentes lutas, experiências e modos de sentir e viver na relação estreita entre a defesa por direitos e o respeito à dignidade humana nas suas diversidades, identidades sociais e culturais. A Jornada DH deste ano reunirá produções de professores vinculados aos diversos campi da UPE.

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Quem deseja participar ainda precisa ficar atento a algumas sessões com limitação de pessoas, pois apenas nessas atividades será preciso fazer as inscrições antecipadamente. Ao final do evento, os participantes ganharão certificados de participação. Confira a programação completa e os links para as inscrições através do site do NDIS.

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