Recife: muros oferecem risco no entorno do metrô
O perigo de queda das estruturas danificadas se repete próximo às estações e ao longo da extensão do sistema. A CBTU se posicionou sobre a manutenção
A queda do muro do metrô em cima de Kemilly Kethelyn, de oito anos, durante uma festa de Dia das Crianças na Favela do Papelão, no bairro do Coque, área Central do Recife, evidenciou o grave risco estrutural que aflige os moradores do entorno do sistema da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). O LeiaJá percorreu os arredores de quatro estações e identificou que as condições de insegurança se repetem ao longo da extensão das barreiras que dão acesso à linha eletrificada.
Em trechos das estações Joana Bezerra, Mangueira, Santa Luzia e Cavaleiro, a falta de reparos é percebida na degradação dos muros, que vulnerabiliza até mesmo quem caminha na área. Ferragens expostas, buracos, pedaços quebrados e a instabilidade das armações expõem o perigo iminente de queda das estruturas de concreto.
A falta de algumas placas e de arames farpados ainda facilitam a invasão ao sistema, e torna comum ver pessoas transitando próximo aos trilhos. Além do perigo à vida, a negligência quanto à manutenção incide no bolso dos usuários, já que o serviço precarizado tem uma rotina de superlotação e é, segundo a CBTU, a condição decorrente do rendimento incompatível com os gastos necessários para garantir um sistema de qualidade.
“É sabido que o orçamento de custeio da Companhia é menor do que a necessidade existente, motivo esse que se faz necessário agir sobre demandas, mas sempre prezando pela segurança e confiabilidade do sistema”, argumentou em nota enviada ao LeiaJá.
O que diz a CBTU
No comunicado, a empresa explicou que, após o acidente com a menina no Coque, realiza vistoria sobre os 71km de muros e que as demandas serão enviadas ao setor de manutenção. O levantamento ainda não foi concluído.
A companhia reforça que as placas são “constantemente perfuradas para entrada ilegal no sistema, sofrem com ação do fogo na queima do lixo por parte das comunidades, sofre com o esgoto não encanado e com construções irregulares. Onde não há ações do tipo, as placas mantêm sua estrutura em perfeito estado”.
Nos primeiros dez meses de 2021, a CBTU contabilizou 41 pedidos de manutenção em seus muros e garante que todos os locais foram vistoriados, inclusive, atendeu alguns de imediato pelo grau de urgência, enquanto os demais foram programados.
Sobre o caso de Kemilly, a CBTU explica que já atendeu aos pleitos da família e se comprometeu em oferecer “suporte social”. A empresa comunica que criou o Comitê de Monitoramento das Ações Necessárias para analisar as áreas de risco.
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