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Por voltas das 10h desta segunda-feira (18), um grupo com cerca de 100 moradores da comunidade do Papelão e adjacentes ao bairro do Coque, no área central do Recife, se reuniram em um protesto pedindo justiça pela menina Kemilly Kethelyn, de oito anos, que foi atingida por uma placa de concreto, após parte do muro que cerca o metrô da capital ter desmoronado. A vítima, que está internada no Hospital da Restauração (HR), sofreu politraumas, chegou a ser intubada e segue em estado grave, segundo boletim atualizado pela unidade de saúde nesta segunda. Kemilly também passou por uma cirurgia na bacia e se recupera dentro do esperado.
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Os manifestantes saíram da ponte Joaquim Cardoso, que liga o Coque ao bairro dos Coelhos, em direção ao Terminal Integrado do Recife. Boa parte do público foi composta por crianças. No local, a população queimou pneus e pediu por respostas, além de demandar questões antigas, como melhora no saneamento, infraestrutura das comunidades e a presença de creches, para acolher o público infantil.
A Polícia Militar acompanhou o protesto e deteve uma carroça, propriedade de um dos manifestantes, que carregava pneus a serem queimados para bloquear a entrada da estação. Até às 12h, as entradas do metrô e dos ônibus permaneciam bloqueadas com grades e os policiais fizeram um cordão humano para impedir o público de avançar, mas foram liberadas em seguida. A passagem de veículos ainda não era possível, até o momento desta publicação, pois as equipes do Corpo de Bombeiros ainda faziam a remoção dos objetos queimados na pista. A Autarquia de Trânsito e Transporte (CTTU) também esteve presente.
De acordo com o pai de Kemilly, Francisco Lima, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) entrou em contato com a família e solicitou uma conversa entre os responsáveis e os gestores da empresa, à qual o enfermeiro e presidente da ONG Mão Amiga, Jonata Bruno Santos, que socorreu a menina, também foi convidado a participar. A mãe, Carolina Pereira da Silva, chegou a participar do protesto, mas voltou para casa.
"A última notícia que escutei foi hoje de manhã, na reportagem, dizendo que o estado era grave. Hoje vamos lá às 16h, para ver qual a situação dela. Esse muro já vem ameaçando há muito tempo, de uma ponta a outra. As placas todas estragadas, não tem área de lazer das crianças, a área de lazer é a pista. Se fosse em um bairro nobre, aí teriam duas, três praças, mas na comunidade da gente não tem nada", afirmou Francisco.
O enfermeiro Jonata Bruno foi o organizador da festa qual Kemilly participava quando a tragédia aconteceu. O momento, que celebrou o Dia das Crianças, foi organizado pela ONG Mão Amiga, que há 20 anos atende 120 famílias em situação de vulnerabilidade social na região.
"Aquele muro que ameaça todo mundo vai ter que mudar para melhor. Vamos ter que discutir também com a Prefeitura e com o Estado que o Coque tenha direito à creche, coleta de lixo decente e casa, porque palafita não é moradia", disse Jonata, que é amigo da família.
Por volta das 12h30, os manifestantes deixaram o local. O LeiaJá tenta entrar em contato com a CBTU desde o sábado (16), mas não houve retorno até o momento.
*Com informações de Victor Gouveia