Superpopulação alimenta a miséria nas megacidades da Índia

Para os moradores das megacidades hiperdensas da Índia, que em breve será o país de maior população do mundo, o aumento populacional não é motivo de alegria

qui, 27/04/2023 - 06:30
Arun SANKAR Passageiros viajam em trem lotado no município de Loni, no estado indiano de Uttar Pradesh, em 25 de abril de 2023 Arun SANKAR

Todos os dias dezenas de milhões de pessoas sofrem na Índia em rodovias engarrafadas ou em vagões de trens lotados de passageiros.

Para os moradores das megacidades hiperdensas da Índia, que em breve será o país de maior população do mundo, o aumento populacional não é motivo de alegria.

A ONU informou na segunda-feira que a Índia, que tem 1,43 bilhão de habitantes, vai superar esta semana a China como o país superará esta semana a China como o país mais populoso do planeta.

As previsões indicam que até 2040 a população urbana do gigante do sul da Ásia aumentará em quase 270 milhões de habitantes.

A superpopulação gera frustração entre os habitantes das grandes cidades.

"As estradas estão bloqueadas com os veículos, então você passa horas em engarrafamentos", declarou à AFP Satish Manchanda, proprietário de uma loja de smartphones em Nova Délhi, antes de iniciar o trajeto de volta para casa.

Satish Manchanda e milhões de indianos dedicam horas do dia para viajar de suas casas nos subúrbios da cidades até os locais de trabalho - e para retornar. Também enfrentam a escassez de água, poluição e bairros lotados.

Quase 70% dos bilhões de litros de águas residuais gerados diariamente nos centros urbanos acabam sem tratamento, de acordo com um relatório do governo de 2021.

Nova Délhi, onde moram 20 milhões de pessoas, é coberta por uma nuvem de poluição tóxica a cada inverno, um problema que provocou pelo menos 17.500 mortes prematuras em 2019, segundo um estudo publicado na revista médica The Lancet.

As cidades indianas também enfrentam grandes desafios para fornecer energia elétrica, moradia, serviços e empregos para sua crescente população.

Sonam Vardan, que trabalha no setor bancário, lamenta a "competição acirrada" em sua profissão e as lutas intermináveis que acompanham sua vida diária em Nova Délhi.

"A população está crescendo, assim como a concorrência, o que significa muita luta", disse à AFP. Ela citou algumas frentes de batalha: outros candidatos a vagas de emprego, outros pais e motoristas que disputam a mesma parte de recursos limitados.

"Também há uma luta para a matrícula das crianças nas escolas", acrescentou. "As vagas são limitadas, mas há muitas crianças."

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