Urbana-PE acusa rodoviários de vandalismo nos ônibus

Sindicato dos rodoviários rebate as acusações e se mostra aberto ao diálogo

por Rachel Andrade qui, 27/07/2023 - 17:25
Luan Amaral/LeiaJá Ônibus parados no Terminal Integrado de Pelópidas Silveira, em Paulista Luan Amaral/LeiaJá

O tom da greve dos rodoviários no Recife e Região Metropolitana, iniciada na última quarta-feira (26), não parece tão apaziguador. Apesar das reuniões entre o Sindicato dos Rodoviários e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), realizadas no Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), ainda não há sinal de conciliação nem de acordo entre as partes

Nesta quinta-feira, a Urbana acusou o Sindicato dos Rodoviários de desrespeitar a determinação do TRT-6, de manter o percentual mínimo de 60% da frota circulando em horário de pico e de 40% no restante do dia. O patronato também declarou que os trabalhadores bloquearam garagens, além de terem praticado atos de vandalismo, como furar pneus de ônibus para impedir as saídas.

A Urbana afirma ainda que o Sindicato dos Rodoviários por obrigação promover a prestação de serviço de transporte público por ônibus. Com os vandalismos registrados pelas empresas, a entrega mínima de 60% da frota no horário de pico não foi cumprida pelo segundo dia seguido.

Rodoviários negam acusações

Em resposta às tratativas ocorridas durante o dia, o Sindicato dos Rodoviários se posicionou negando as afirmações de vandalismo e de descumprimento das determinações do TRT-6. Com a forte adesão da paralisação por parte da categoria, os rodoviários afirmam, por meio de nota, que as empresas “não conseguem colocar o número mínimo de ônibus nas ruas do Recife, porque os trabalhadores rodoviários não aceitam mais serem explorados e desrespeitados”.

Diante do apontamento da Urbana de que a greve é ilegal, o Sindicato dos Rodoviários declarou ilegal a “prática que a Urbana vem aplicando nessa greve ao contratar trabalhadores diaristas avulsos, freelancers para operar os ônibus, que sequer sabemos se estão com a sua documentação correta, exames e curso de motorista em dia.”

Negociações não caminham

Na última reunião de conciliação, a Urbana-PE alegou que as solicitações de reajuste salarial de 10%n acima da inflação, aumento no ticket alimentação para R$ 600,00 e gratificação de R$ 500,00 para motoristas que exercem dupla função são “inviáveis”. Foi oferecido aos trabalhadores um reajuste de 3%, além de acréscimo de sete reais no ticket e 11 reais para os motoristas que conduzem o veículo e cobram as passagens.

Diante da negativa da contraproposta, a Urbana-PE entrou com solicitação no TRT-6 para adiantar o julgamento do dissídio dos trabalhadores, que deve ser publicado nos próximos dias.

Confira as notas de posicionamento na íntegra abaixo:

Nota da Urbana-PE 

A Urbana-PE informa que, novamente, ao longo desta quinta-feira (27), o Sindicato dos Rodoviários desrespeitou a determinação do Tribunal do Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6). Após ter bloqueado garagens e impedido o exercício da atividade dos trabalhadores que não desejavam participar do movimento pela manhã, as lideranças rodoviárias realizaram paralisações no centro do Recife e praticaram diversos atos de vandalismo, furando pneus de ônibus que estavam em operação. Desta forma, o percentual mínimo de 60% da frota em operação nos horários de maior movimento definido pelo TRT não foi alcançado em nenhum momento ao longo do dia, o que reforça a ilegalidade do movimento. 

Lembramos que, conforme decisão judicial, é obrigação do Sindicato dos Rodoviários promover a prestação de serviço de transporte público por ônibus. A Urbana-PE reforça ainda que tomará todas as medidas para responsabilizar o sindicato pelos abusos cometidos e que continuará empenhada para que o transporte público por ônibus seja normalizado e para que sejam minimizados os transtornos à população e à economia local. 

Nota do Sindicato dos Rodoviários 

Mais uma vez reunião entre Sindicato dos Rodoviários do Recife e empresários de ônibus termina sem acordo no TRT-6 

Urbana-PE segue apostando no desrespeito, na intransigência e nas inverdades para atacar a categoria rodoviária e prejudicar os usuários do transporte público 

Nesta quinta-feira (27), segundo dia da grandiosa greve dos rodoviários do Recife e RMR, estivemos na audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, em mais uma tentativa de fazer um acordo que colocasse fim ao movimento paredista iniciado ontem, quarta-feira (26). O Sindicato dos Rodoviários do Recife e RMR por diversas vezes se colocou à disposição para dialogar e negociar e apresentou diversas propostas que pudessem gerar alguma conquista para a categoria. Os empresários, por sua vez, através da Urbana-PE, insistentemente depois de enrolar, adiar e não apresentar qualquer proposta nos últimos 45 dias, foram à mesa de negociação sem nenhuma contraproposta.  

Os interesses da Urbana são claros, apostar no desrespeito, na intransigência e nos ataques aos rodoviários e à população pernambucana, que tanto depende do transporte público, já tão caótico e de péssima qualidade. Além de tudo, com trabalhadores obrigados a exercer uma dupla função, oferecem míseros R$7 de aumento no ticket e R$11 numa gratificação, demonstrando para toda sociedade o quanto são gananciosos e insensíveis. 

Como se não bastasse, a Urbana-PE solta uma nota mentirosa e intimidatória para colocar a população contra o movimento. A Urbana-PE mente quando diz que o Sindicato dos Rodoviários desrespeita a decisão do TRT-6 que determinou o percentual de 60% da frota circulando no horário de pico e 40% nos horários normais. O que de fato ocorre é que a categoria apoia a greve e por solicitação do seu sindicato não vai ao trabalho, uma vez que a greve por condições dignas de trabalho é direito do trabalhador. Eles mentem quando dizem que o Sindicato tenta impedir a saída dos ônibus das garagens, o fato é que eles não conseguem colocar o número mínimo de ônibus nas ruas do Recife, porque os trabalhadores rodoviários não aceitam mais serem explorados e desrespeitados. Mente quando diz que o sindicato vem promovendo atos de vandalismo, ao contrário, nosso diálogo com a categoria está sendo franco, aberto e democrático.

COMENTÁRIOS dos leitores