Mulher é forçada a deixar o Texas para aborto de urgência

Os médicos afirmam que não interromper a gestação causaria uma ruptura do útero de Cox, ameaçando sua fertilidade e sua vida

ter, 12/12/2023 - 08:17
HANDOUT Essa fotografia sem data mostra Kate Cox, de 31 anos e mãe de dois filhos em Dallas, que processou o estado do Texas em 5 de dezembro de 2023 para obter o aborto de uma gravidez que, segundo ela e seus médicos, ameaça sua vida e fertilidade futura HANDOUT

Uma moradora do Texas foi forçada a deixar seu estado para se submeter a um aborto de urgência depois de ser impedida de interromper uma gravidez que colocava sua vida em risco, informaram nesta segunda-feira (11) seus advogados em um documento judicial.

Kate Cox, de 31 anos e mãe de dois filhos de Dallas, está grávida de 21 semanas. O feto tem uma anomalia genética, a trissomia 18 completa, o que significa que provavelmente morreria no útero ou, no máximo, viveria poucos dias.

Os médicos afirmam que não interromper a gestação causaria uma ruptura do útero de Cox, ameaçando sua fertilidade e sua vida. Ela, seu marido e seu médico processaram o Texas na semana passada e inicialmente um juiz do condado de Travis concedeu o direito ao aborto.

Porém, o procurador-geral do estado, Ken Paxton, recorreu rapidamente à Suprema Corte do Texas, que bloqueou a ordem do tribunal inferior. Paxton também ameaçou processar qualquer médico que fizesse o procedimento.

"Esta última semana de limbo legal tem sido um inferno para Kate", disse Nancy Northup, presidente e diretora-executiva do Centro de Direitos Reprodutivos, que apresentou o caso em nome de Cox, seu marido e seu médico.

"Sua saúde está na corda bamba. Está entrando e saindo de emergências e não podia mais esperar. Por isso, os juízes e os políticos não deveriam tomar decisões sobre os cuidados das grávidas: não são médicos."

A Suprema Corte dos Estados Unidos reverteu o direito constitucional ao aborto em 2022. Imediatamente o estado do Texas proibiu a interrupção da gravidez mesmo em caso de estupro ou incesto.

Os médicos texanos culpados de praticar abortos podem enfrentar penas de até 99 anos de prisão, multas e a revogação de sua licença para exercer medicina.

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