Tiradentes: o herói inventado

Personagem mineiro foi alçado como herói nacional após a Proclamação da República

por Alex Ribeiro seg, 21/04/2014 - 08:28
Divulgação/Acervo do Museu de História Natural do Rio de Janeiro Ele participou da Inconfidência Mineira Divulgação/Acervo do Museu de História Natural do Rio de Janeiro

Com a implantação da república no Brasil, em 1889, o novo governo elevou alguns personagens da história do País para substituir as figuras monárquicas, como D.Pedro I e D.Pedro II. Assim, Zumbi dos Palmares e Tiradentes alcançaram patamares de heróis nacionais. O último citado é sempre lembrado no dia 21 de abril – dia que é feriado no Brasil. A história relata que Tiradentes foi um dos principais atores da Inconfidência Mineira – revolta contra a opressão do governo português em 1789. Contudo, vários pesquisadores tentam desconstruir o “endeusamento” do personagem mineiro.

"O início da construção do mito de Tiradentes remete ao século XIX, momento em que o Brasil estava construindo seu Estado Nacional e, portanto, precisava de um símbolo de identificação. Com a revelação de importantes documentos (como os autos da devassa de Ouro Preto), a disputa entre Monarquistas e Republicanos confrontou as imagens de D. Pedro I e Tiradentes como mártires. Foi então que a imagem do conspirador mineiro, embora ambivalente, foi associada a um Cristo que foi benevolente com seus executores”, relata o historiador Diogo Barreto.

Uma das imagens que eleva a figura de Tiradentes, o comparando até com Jesus Cristo é o quadro de Pedro Américo feita, em 1893 (quadro ao lado). “Ele representa exatamente essa imagem do homem humilde que foi adotado pela República na formação de uma comunidade imaginada, ou seja, de que necessitávamos de uma base resgatada de raízes populares para nos tornarmos nação”, afirmou o historiador.

Segundo Barreto, no decorrer da República os presidentes brasileiros continuaram a exaltar a figura de Tiradentes. “ Vargas e os Governos Militares (em especial Castelo Branco) fizeram de Tiradentes o "patrono cívico da nação" -o último por força de lei - nº4.897 de 09 de dezembro de 1965" , frisou.

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