Em ato, militantes defendem Dilma e pedem "fora Cunha"
Apesar de favoráveis a presidente, manifestantes também se colocaram contra o ajuste fiscal e dispararam críticas contra Joaquim Levy e a "Agenda Brasil" de Renan Calheiros
Entoando coros de “não vai ter golpe”, “fora Cunha” e “olê, olá, Dilma, Dilma”, militantes petistas e sindicalistas saíram às ruas do Recife, nesta quinta-feira (20), para defender o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e em contrapartida cobrar a revisão dos direitos dos trabalhadores. A passeata percorreu as Avenidas Conde da Boa Vista, Guararapes e Dantas Barreto, encerrando na Praça da Independência.
A manifestação na capital pernambucana aconteceu em paralelo a atos em favor da presidente e como resposta aos protestos que aconteceram no último domingo (16) em todo o país. O ato foi organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT-PE) e diversos movimentos sindicais como a Federação dos Trabalhadores da Terra em Pernambuco (Fetape), o Movimento dos Sem Terra (MST) e Central de Movimentos Populares (CMP).
Membros do Levante Popular da Juventude embalaram a mobilização durante todo o percurso entoando maracatus e coros contra o racismo, a ditadura militar e a favor do feminismo. Entre os militantes os pedidos de “volta Lula” em 2018 eram constantes. Além disso, algumas alas erguiam cartazes em favor da Petrobras e criticando nomes do cenário federal como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e o ministro da Fazendo, Joaquim Levy. Este pelas medidas do ajuste fiscal.
"Reconheço os avanços, mas admito é preciso fazer melhorias. O povo precisa de um ajuste fiscal mais justo", destacou a assistente de tecnologia, Ivanise Ferreira. A discordância também partiu dos movimentos socais. O vice-presidente da CUT-PE, Paulo Rocha, disse que na hora que eles clamam pelos direitos dos trabalhadores se colocam contra a terceirização e o ajuste de Joaquim Levy.
"Defendemos os nossos direitos independente do governo vigente. Estamos discordando do ponto político e econômico do governo. No plano nacional temos um ataque aos trabalhadores que é a terceirização", disse Rocha. “Defendemos uma a democracia e os direitos dos trabalhadores. Dilma foi eleita pelo voto direto e isso deve ser respeitado", explicou, acrescentando.
Para o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município do Jaboatão dos Guararapes (Sinproja), João Eudes, apesar das falhas, a presidente "não deve ser tratada de forma golpista". "Há falhas no governo Dilma, mas a forma como a direita está tratando está errada. Estamos apoiando Dilma porque ela foi eleita pelo poder do povo. O movimento sindical reivindica os direitos trabalhistas e não defende a presidente, defende a democracia", observou.
Com críticas mais duras aos tucanos, o presidente do presidente do MST-PE, Jayme Amorim, ao usar o microfone destacou que as respostas aos protestos de domingo era a participação do povo nesta quinta. “A burguesia foi com tanta vontade de golpe que provocou o anseio, o desejo de toda a classe trabalhadora. Se fosse para gente dar um recado hoje seria a imagem vista nesta avenida e nas avenidas do Brasil inteiro. Então não vai ter golpe”, disparou.
Além dos movimentos populares, diversos políticos participaram do ato. Presidente nacional do PCdoB, a deputada federal Luciana Santos pontuou que as manifestações do último domingo quiseram “rasgar a democracia” com pedidos de retorno da ditadura. “Esses movimentos aqui não são de ocasião, mas permanentes. Eles lutam por direitos. O povo vai reagir com muita força toda vez que quiserem rasgar a nossa democracia. As eleições passaram e nós ganhamos. Estamos aqui para dizer que não queremos nenhum retrocesso e que queremos mais desenvolvimento”, argumentou.
Também do PCdoB, mas vice-prefeito do Recife ao lado de Geraldo Julio (PSB), Luciano Siqueira vestiu-se de vermelho e participou da mobilização. "Vim exercer o meu direito e dever de cidadão. Temos a convicção que é preciso preservar as causas democraticas e o mandato da presidente Dilma Rousseff. Golpe não é próprio da democracia. Meu dever é estar aqui", amenizou o comunista.
Envolvendo diretamente pautas do PT, a presidente da legenda no estado, a deputada estadual Teresa Leitão, também participou do ato. "Um pedido de renúncia é ridículo", disparou a dirigente em resposta aos atos que pediam o impeachment e Dilma. "Não é por causa da situação financeira do Brasil que ficaremos contra a presidenta. A oposição está tão sem rumo que vai para a rua reivindicar a volta da ditadura", acrescentou. Além dela, os vereadores do Recife Osmar Ricardo e Jurandir Liberal, o presidente do PT no Recife, Oscar Barreto.
Durante o trajeto da Praça do Derby a da Independência moradores de prédios no bateram panelas nas sacadas dos prédios. Cerca de 10 pessoas estavam nas janelas fazendo um mini "panelaço". Em resposta aos atos contrários, os que participavam da manifestação pró-Dilma entoaram vaias e coros de "não vai ter golpe".