Brasileiros não querem conversar com opositores políticos

Dados são da pesquisa da empresa Ipsos

seg, 15/04/2019 - 15:19

A divergência de opinião política ainda causa muita tensão entre as pessoas, é o que aponta a pesquisa global “A World Apart”, da empresa de pesquisa de mercado independente, presente em 89 países, Ipsos. Segundo o estudo, três em cada dez brasileiros (32%) acreditam que não vale a pena tentar conversar com pessoas que tenham visões políticas diferentes das suas. O índice do Brasil está acima da média do mundo, de 24%. Além disso, 40% dos brasileiros se sentem mais confortáveis com pessoas que possuem posições políticas similares às suas. Globalmente, o índice é de 42%.

O levantamento mostra que uma parte dos brasileiros acredita que as pessoas não pretendem rever o que pensam: 39% dizem que é improvável que quem possui uma visão política diferente mude de opinião, mesmo que uma evidência seja apresentada. No mundo, metade das pessoas (49%) acreditam que a opinião não deve mudar.

“A pesquisa mostra que estamos cada vez menos tolerantes às divergências de pensamento e opiniões, reforçando os resultados da edição anterior. Apesar de os brasileiros conviverem com grupos muito diversos em termos de renda, idade e escolaridade, ainda existe falta de confiança no diálogo e empatia até mesmo entre os amigos quando o assunto é opinião política”, afirma Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil.

Quando perguntados se, por causa das diferenças de opiniões políticas, a sociedade está mais em perigo do que estava há 20 anos, 44% dos brasileiros concordaram com a afirmação contra 14% que acreditam que o perigo esteja menor atualmente.

Em todo o mundo, duas em cada cinco pessoas (41%) acham que a sociedade de seu país passa por mais perigo atualmente quando comparado há 20 anos por causa da divisão entre pessoas com visões políticas divergentes.

E as redes sociais que deveriam promover a interação e a troca de ideias estão potencializando os discursos intolerantes. Para mais da metade dos brasileiros (54%), essas mídias estão tornando esses debates mais divididos do que eram antes.

“O estudo levanta algumas questões importantes: Estamos perdendo a nossa capacidade de dialogar? Ou cada pessoa passou a escolher a sua própria ‘verdade’ e não quer abrir mão dela? Os embates por visões políticas diferentes cresceram, até mesmo entre amigos, e algumas pessoas acreditam que quem têm opinião discordante está sendo enganado. Nem mesmo as redes sociais, que poderiam ser palco de debates construtivos, conseguiram auxiliar na retomada das discussões respeitosas e enriquecedoras”, ressalta Calliari.

A pesquisa online foi realizada com 19,7 mil entrevistados em 27 países, incluindo o Brasil.

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